segunda-feira, 4 de março de 2013

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - A CASA DE OXUMARÊ


Amados amigos esta postagem foi retirada do BLOG OFICIAL DA CASA DE OXUMARÊ, no endereço: http://www.casadeoxumare.com, datado em 19/05/2012. Onde vemos de fato que a importância de conhecermos a família a quem pertencemos e juntos contribuir com um verdadeiro CANDOMBLÉ, nos faz crescer em graça e união. 

Ontem, 18 de maio de 2012, Babá Pecê de Oxumarê, acompanhado de comitiva integrada por Mae Tânia de Oxossi, Babá Egbé Leandro de Oxumarê, André Luis Nascimento, Ogã de Xangô, Edelamare Melo e Frederico Lacerda, respectivamente Yaôs de Xangô e Oxaguiã, procederam à entrega oficial da atualização do laudo antropológico do ILÉ ÒSUMÀRÉ ÁRAKÀ ÀSÈ ÓGÓDÓ, a Casa de Oxumarê, a Dr. Carlos Amorim, Superintendente Regional do IPHAN na Bahia. O laudo é assinado pelo renomado antropólogo Ordep Serra, einstruído com Parecer Jurídico de Willis Santiago Guerra Filho, jusfilósofo e professor titular da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da PUC de São Paulo, além de arquivo digital do acervo da Casa. 

A desafiadora tarefa que envolveu esta produção bibliográfica foi possível graças a todos os filhos e filhas de Santo da Casa de Oxumarê e do apoio técnico-financeiro do IPHAN no contexto do Projeto "Memória e História da Casa de Oxumarê: Tradição Ancestral e Saber ", objeto do CONVÊNIO IPHAN N.º752168/2010, Processo nº. 01450.013541/2010-42. 

Produção bibliográfica única que, de forma inovadora e criativa própria da maestria de Ordep Serra, lança mão da utilização complementar de fontes escritas e orais, o que permite afirmar a presença de uma verdadeira e concreta interface entre história e etnografia que, cruzadas de forma crítica, permitiu a abertura de caminhos para compreensão da história do ILÉ ÒSUMÀRÉ ÁRAKÀ ÀSÈ ÓGÓDÓ e do seu legado material e imaterial para a preservação da história e cultura de África que não seriam possíveis a partir da utilização exclusiva da fonte documental. 

A Casa de Oxumarê se constitui em um importante templo religioso de matriz africana no qual se professa a religião do candomblé que, diferentemente do cristianismo, com a bíblia, e do islamismo com o Corão, não possui um livro revelado por Deus para ser utilizado como guia para os seus fieis. 

O candomblé é uma religião de transmissão oral do sagrado cujo conhecimento de seus segredos e preceitos, desde a sua origem,é reservado e transmitido a poucos que os merece receber, por suas qualidades ou designação dos Orixás, circunstância que, uma vez mais, sob o influxo inexorável da força do tempo, conduz à possibilidade de existência de dessemelhança entre o passado e o presente, o que contribui para a construção de um patrimônio cultural, material e imaterial único e marcado pela diversidade que afirma a sua identidade e a marca essencialmente plural na qual é construída a unidade do ILÉ ÒSUMÀRÉ desde a sua fundação. 

A atualização do laudo antropológico da Casa de Oxumarê teve como objetivos Mapear, sistematizar e preservar a memória, a história e os saberes detidos pela secular comunidade religiosa da Casa de Oxumarê e instruir o processo de tombamento n° 1498-T2, em curso no IPHAN há quase dez anos...o que nos remete à importância do fator tempo que, nas palavras de Caetano, é o "compositor de destinos e tambor de todos os ritmos", em especial do ritmo da existência e da vida das pessoas que formam parte da Associação Cultural e Religiosa São Salvador, personificação jurídica do secular Terreiro 

Tempo de existência do ILÉ ÒSUMÀRÉ com seu quase bicentenário histórico de luta e resistência em defesa do direito de professar com liberdade o candomblé, religião de matriz africana de culto aos orixás e voduns que tantas alegrias e dores trouxe a nossos ancestrais Talabi, Salakó, Antonio de Oxumarê, Cotinha de Ewá, Simplícia de Ogum, Nilzete de Yemanjá e, hoje traz a Babá Pecê de Oxumarê, e aos filhos e filhas de santo de ontem e de hoje.

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - A NAÇÃO KETU


*** Nação Ketú *** 

Candomblé Ketu (pronuncia-se queto) é a maior e a mais popular "nação" do Candomblé, uma das Religiões afro-brasileiras. 

No início do século XIX, as etnias africanas eram separadas por confrarias da Igreja Católica na região de Salvador, Bahia. Dentre os escravos pertencentes ao grupo dos Nagôs estavam os Yoruba (Iorubá). Suas crenças e rituais são parecidos com os de outras nações do Candomblé em termos gerais, mas diferentes em quase todos os detalhes. 

** Casa Branca do Engenho Velho ** 

Casa Branca do Engenho Velho, Sociedade São Jorge do Engenho Velho ou Ilê Axé Iyá Nassô Oká é considerada a primeira casa de candomblé aberta em Salvador, Bahia. Constituído de uma área aproximada de 6.800 m², com as edificações, árvores e principais objetos sagrados. É o primeiro Monumento Negro considerado Patrimônio Histórico do Brasil desde o dia 31 de maio de 1984. 

Segundo os historiadores a princesa fundadora do Ilê Asé Ìyá Nassô Oká foi Ìyá Nassô vinda do reino de Alaketú. Ìyá Nassô foi pega e vendida como escrava pelos seus inimigos de outro reino. Ìyá Nassô foi trazida para Salvador - Bahia - Brasil, onde ela conseguiu se libertar e fundou o Ilê Asé Ìyá Nassô Oká que funcionava em uma roça na Barroquina. 

Ìyá Nassô foi iniciada para o culto, ainda na África por um velha escrava de seu reino (Não se sabe o nome). 

O Terreiro é de Oxóssi e o Templo principal é de Xangô. O Barracão que tem o nome de Casa Branca, é uma edificação alongada com várias divisões internas que encerram residências das principais pessoas do Terreiro, como também espaços reservados aos quartos de Òríxà, quarto de Axé, Salão onde se realizam as festas públicas, bem como a cozinha onde se preparam as comidas sagradas. Uma bandeira branca hasteada no Terreiro indica o carater sagrado deste espaço. No telhado do Barracão, símbolos de Xangô identificam o Patrono do Templo. 

** Terreiro dos Gantois ** 

Essa é outra casa de candomblé Djeje-Nagô, que também nasceu da Casa Branca do Engenho Velho, foi fundado por Maria Júlia da Conceição em 1849. 

O nome Gantois veio de um flamengo, originário de Gand que era o dono do terreno, onde o templo religioso foi consturído. O que diferencia o Gantois de outros terreiros tradicionais da Bahia, como o Ilê Asé Opô Afonjá, Casa Branca do Engenho Velho, Terreiro do Bogum e outros, é que a sucessão se dá pela linhagem e não através de escolha do jogo de búzios. 

O Gantois é um Candomblé familiar de tradição herefitária consanguinea, em que os reagentes são sempre do sexo feminino. 

A Ìyáloríxá mais conhecida dos Gantois foi a Mãe Menininha dos Gantois. Foi a quarta Ìyáloríxá do Terreiro dos Gantois e com certeza a mais famosa de todas as Sacerdotizas do candomblé Brasil. Foi sucessora de sua mãe Maria da Glória Nazarethe e foi sucedida por sua filha Mãe Cleusa Millet. 

** Ilê Asé Opô Afonjá ** 

Ilê Axé Opó Afonjá, (Casa de Força Sustentada por Afonjá), fundada por Eugênia Ana dos Santos. 

A história do Terreiro do Axé Opô Afonjá (outros Nomes: Terreiro de Candomblé do Axé Opô Afonjá; Ilê Axé Opô Afonjá) assim como a do Terreiro do Gantois, está intimamente vinculada ao Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho. 

Este é o terreiro mais antigo de que se tem notícia e o que, segundo vários autores, serviu de modelo para todos os outros, de todas as nações. Um grupo dissidente do Terreiro da Casa Branca, comandado por Eugênia Anna dos Santos, fundou, em 1910, numa roça adquirida no bairro de São Gonçalo do Retiro, o Terreiro Kêtu do Axé Opô Afonjá. 

A organização espacial do Axé Opô Afonjá mantém as caracteríticas básicas do modelo espacial típico do terreiro jejê-nagô. Esses mesmos elementos, são também encontrados nos terreiros da Casa Branca e do Gantois, apenas com uma diferença: no Axé Opô Afonjá o barracão é uma construção independente, ao passo que nos dois outros terreiros ele está incorporado ao templo principal.

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - A HIERARQUIA NO KETU

Como dei início com minhas palavras na postagem anterior, vamos de forma mais clara conhecer a HIERARQUIA existente nas casas de NAÇÃO KETU, seus nomes recebidos e o que fazem cada uma delas, para melhor compreensão de cada uma.


Hierarquia no candomblé Ketu

Iyá / Babá: significado das palavras iyá do yoruba significa mãe, babá significa pai. 

Iyalorixá / Babalorixá: Mãe ou Pai de Santo. É o posto mais elevado na tradição afro-brasileira. 

Iyaegbé / Babaegbé: É a segunda pessoa do axé. Conselheira, responsável pela manutenção da Ordem, Tradição e Hierarquia. 

Iyalaxé (mulher): Mãe do axé, a que distribui o axé e cuida dos objetos ritual. 

Iyakekerê (mulher): Mãe Pequena, segunda sacerdotisa do axé ou da comunidade. Sempre pronta a ajudar e ensinar a todos iniciados. 

Babakekerê (homem): Pai pequeno, segundo sacerdote do axé ou da comunidade. Sempre pronto a ajudar e ensinar a todos iniciados. 

Ojubonã ou Agibonã: É a mãe criadeira, supervisiona e ajuda na iniciação. 

Iyamorô ou Babamorô: Responsável pelo Ipadê de Exu. 

Iyaefun ou Babaefun: Responsável pela pintura branca das Iaôs. 

Iyadagan e Ossidagã: Auxiliam a Iyamorô. 

Iyabassê: (mulher): Responsável no preparo dos alimentos sagrados as comidas-de-santo. 

Iyarubá: Carrega a esteira para o iniciando. 

Iyatebexê ou Babatebexê: Responsável pelas cantigas nas festas públicas de candomblé. 

Aiyaba Ewe: Responsável em determinados atos e obrigações de "cantar folhas. 

Aiybá: Bate o ejé nas obrigações. 

Ològun: Cargo masculino. Despacha os Ebós das obrigações, preferencialmente os filhos de Ogun, depois Odé e Obaluwaiyê. 

Oloya: Cargo feminino. Despacha os Ebós das obrigações, na falta de Ològun. São filhas de Oya. 

Iyalabaké: Responsável pela alimentação do iniciado, enquanto o mesmo se encontrar recolhido. 

Iyatojuomó: Responsável pelas crianças do Axé. 

Pejigan: O responsável pelos axés da casa, do terreiro. Primeiro Ogan na hierarquia. 

Axogun: Responsável pelos sacrifícios. Trabalha em conjunto com Iyalorixá / Babalorixá, iniciados e Ogans. Não pode errar. (não entram em transe). 

Alagbê: Responsável pelos toques rituais, alimentação, conservação e preservação dos instrumentos musicais sagrados. (não entram em transe). Nos ciclos de festas é obrigado a se levantar de madrugada para que faça a alvorada. Se uma autoridade de outro Axé chegar ao terreiro, o Alagbê tem de lhe prestar as devidas homenagens. No Candomblé Ketu, os atabaques são chamados de Ilú. Há também outros Ogans como Gaipé, Runsó, Gaitó, Arrow, Arrontodé, etc. 

Ogâ ou Ogan: Tocadores de atabaques (não entram em transe). 

Ebômi ou Egbomi são pessoas que já cumpriram o período de sete anos da iniciação (significado: meu irmão mais velho). 

Ajoiê ou ekedi: Camareira do Orixá (não entram em transe). Na Casa Branca do Engenho Velho, as ajoiés são chamadas de ekedis. No Terreiro do Gantois, de "Iyárobá" e na Angola, é chamada de "makota de angúzo", "ekedi" é nome de origem Jeje, que se popularizou e é conhecido em todas as casas de Candomblé do Brasil. (em edição) 

Iaô: filho-de-santo (que já foi iniciado e entra em transe com o Orixá dono de sua cabeça), nem todo Iaô será um pai ou mãe de santo quando terminar a obrigação de sete anos. Ifá ou o jogo de búzios é que vai dizer se a pessoa tem cargo de abrir casa ou não. Caso não tenha que abrir casa o mesmo jogo poderá dizer se terá cargo na casa do pai ou mãe de santo além de ser um egbomi. 

Abiã ou abian: Novato. É considerada abiã toda pessoa que entra para a religião após ter passado pelo ritual de lavagem de contas e o bori. Poderá ser iniciada ou não, vai depender do Orixá pedir a iniciação. 

Sarepebê ou sarapebê: é responsável pela comunicação do egbe (similar a relações públicas).

PALAVRAS DE PEDRO MANUEL T' OGUM - A HIERÁRQUIA

Motumbá meus irmãos e irmãs, bom dia e bom início de semana.


Sei que temos andado meio que afastados um pouco do BLOG, que implicou em algumas visitas constantes de nossos seguidores ou até pessoas que vêem aqui diariamente na expectativa de encontrar  sempre postagens novas e ter se deparado com dias em que não colocamos nada.

De fato nestes últimos dias estávamos meio que corridos atendendo um de nossos visitadores, que nos  solicitou a entrega de LEMBRANCINHAS para uma festa de 7 ANOS DE NANÃ, foi de fato corrido sim, mas ficamos felizes em atingir nosso objetivo que é de fato atender de acordo sempre com aquilo que nos solicitam e como é nossa meta: buscamos de fato e conseguimos fazer.

Mas neste período tenho sido levado a analisar uma realidade que tem acontecido aqui no BLOG é interessante como de uma hora pra outra a estatística de visitas diárias diminuiu; mas por sua vez o número de SEGUIDORES aqui do BLOG OLHOS DE OXALÁ aumentou.

Mas o que isto tem haver com o tema que buscamos nos adentrar no dia de hoje? Pois estaremos falando de HIERARQUIAS: CARGOS, FUNÇÕES e até posicionamentos que nos ligam diretamente a um ILÊ ASÉ em comum.

É interessante que esta diminuição tem acontecido tão logo após a exclusão de um dos CO-AUTORES de nosso BLOG, o qual particularmente, prefiro não citar nomes. Mas de fato eu me questiono, até quando temos de realmente OBEDECER a dita HIERARQUIA?

Bom a principio e pela lógica isto é de fato uma OBRIGATORIEDADE, mas toda lei e toda regra possui suas contradições. Pois a partir do momento em que você adentra uma família de asé, acredita-se em fatores que te levaram a procurar determinado ILÊ ASÉ para ali fazer morada de seu ORIXÁ, isto é fato. 

Mas acima de tudo, para permitir-se ser um "FILHO DE SANTO" de alguém, aquela pessoa ali seja no cargo de BABALORIXÁ ou YALORIXÁ; ou ainda "OGÃNS" que nasceram "pais" por escolha divina. Ou ainda "EKEDJIS", também já presenteadas pelos mesmos ORIXÁS, para exercer tal função, devem por OBRIGATORIEDADE darem testemunho de vida, fé e perseverança.

Tenho ouvido muito em se dizer, dita pessoa não para em casa alguma. Ou ainda, se você não se achar logo num ILÊ ASÉ isso acabará prejudicando seu CURRICULUM. Agora eu me questiono: entramos num ILÊ ASÉ para ter CURRICULUS ou para fazer unica e exclusivamente a vontade dos ORIXÁS?
Estamos dentro de uma CASA DE SANTO para apresentar um exemplar desfile de alegorias e fantasias, ou para aprender que ORIXÁ É PÉ NO CHÃO, na simplicidade, na obediência, na caridade e na devoção?

Eu mesmo, não fico numa dita CASA onde os seus dirigentes não seguem de fato o que se exige no mínimo que é dar exemplo de vida, devoção, amor e acima de tudo se querem submissão que se tornem submissos aos seus que usaram em seus ORIS o poder de suas NAVALHAS.

O BLOG OLHOS DE OXALÁ, como muitos já sabem busca de fato, antes de mais nada, ser instrutivo e levar até VOCÊ a realidade verdadeira do que vem a ser a nossa RELIGIOSIDADE. Mas nunca em defender ou admitir coisas erradas como temos visto hoje em dia, para denegrir a imagem seja do CANDOMBLÉ ou da UMBANDA SAGRADA.

Temos visto hoje em dia fotos e mais fotos de ORIXÁS com sapatinhos nos pés. Já vi, a foto de um ODÉ, coitado do ODÉ nessa hora, de chupeta na boca e ainda por cima todo paramentado. ORIXÁ, cortando bolo ou oferecendo cerveja, E DITO VIRADO NO SANTO. Já tenho visto principalmente no FACEBOOK, cenas onde POMBA GIRA vai no SHOPPING CENTER, fazer compras. Gente, até quando vou ver cenas deste tipo denegrindo a nossa RELIGIOSIDADE?

Bom ai entramos num outro assunto: de quem é a culpa? EU TE DIGO, dos BABALORIXÁS E YALORIXÁS

Primeiro pelo fato de quererem logo seus 7 anos completos, até alguns pulando etapas, para ter o status de ter esse cargo na cabeça. Muitas vezes, nem preparado ele(a) esta e se começa a fazer loucuras. Outros ainda buscam submissão dos que a ele(a) são confiados, mas submissos aos seus superiores nem são ou ainda nem sabem de que asé são. Uns dizendo que são ASÉ OXUMARÊ, outros dizendo que são ASÉ MURITIBA, mas já ouvi e isso não é raro, dizendo: sou ASÉ OXUMARÊ, mas com raízes do CANTUÁ. Gente que mistureba, é um perfeito furduncio o que estamos vendo hoje em dia.

Existem, pelo que eu saiba fundamentos que devem ser feitos com a pessoa presente: leitura de jogo de búzios, tirar um Ebó, dar um presente para seu ODÚ, ou ainda fazer um OBARA. Mas o progresso hoje em dia é tanto que se faz tudo a distância, via internet ou até via telefone. E isso é de fato obedecer TRADIÇÕES. Me desculpem os mais sábios, mas isto não esta de acordo com as TRADIÇÕES, quando mais em relaçaõ às HIERARQUIAS.

Mas enfim, estamos em tempos modernos. Mas sinceramente estou e sempre serei de acordo com as TRADIÇÕES antigas. Assim como o BLOG OLHOS DE OXALÁ, também. Por isso, que eu sempre falo, NÃO VISAMOS AQUI QUANTIDADES; MAS QUALIDADES.

domingo, 3 de março de 2013

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - A TROCA DE DIVINDADES


A Troca de Divindades, Muitos Querem Ser do Òrìsà da Moda. 

As questões Éticas do Candomblé, embora abrangentes, estão sendo deixadas de lado por grande parte da população Candomblecista. Por essa razão, nós do Terreiro de Òsùmàrè, resolvemos publicar essa série de postagens, com o objetivo de recordar isso que é tão importante para a sobrevivência da nossa cultura. É ainda, uma forma de interação com os nossos leitores, que há algum tempo, vêm nos pedindo artigos sobre os temas inerentes a Ética Moral e Religiosa do Candomblé. 

Hoje vamos abordar um tema bastante recorrente na última década e, principalmente, nos últimos anos, que é a mudança de Òrìsà de uma pessoa iniciada. 

Há duas molas propulsoras para esse “fenômeno”. A primeira, mencionada em nossa postagem anterior, é o Sacerdote caçador de cabeças, que fala para o iniciado que ele deve mudar de santo, que tudo que fizeram está errado, etc.. A segunda e também em número crescente é o iniciado que almeja trocar de santo – para “passar a ser” do chamado “Òrìsà da Moda”. Em ambos os casos, a Ética é deixada de lado, seja pelo Sacerdote, seja pelo Omo Òrìsà. 

Infelizmente, observamos com pesar que algumas pessoas que foram iniciadas para uma Divindade, muitas vezes por modismo temporal, resolvem esquecer que são dessa Divindade para “passar a ser” do “Òrìsà da Moda” (resumidamente, Yewa, Iroko e Oba), isso se torna ofensivo à Ética Moral, sobretudo quando há Sacerdotes que atestam essa condição. 

Em miúdos, isso significa que, uma pessoa que é filha de Òsun hoje, pode achar que Yewa está mais na moda e procura alguém que lhe “coloque” esse Òrìsà em seu Orì, certificando-a na sala. Aqui, ao invés da busca do Sacerdote em querer valer a sua “autoridade” está a busca pela ascensão financeira. Ou seja, se a pessoa pagar bem, eu digo que ela é do Òrìsà que ela almejar. Novamente a Ética e Moral são deixadas de lado, bem como, a sentido da religião, que é a vontade do Òrìsà. 

Mas porque alguns Omo Òrìsà fazem isso? Em verdade, acreditam que sendo de uma Divindade “da Moda”, terão ascensão religiosa e prestígio. No entanto, se esquecem do Òrìsà que foi cultuado por anos, o que certamente lhe trará prejuízos futuramente. 

Mas onde foi parar a Divindade que ao longo de anos manifestou aquela pessoa que, a partir de agora, diz ser filho de um “Òrìsà da Moda”? Aqui está a parte mais complexa: Será que a Divindade deixou de manifestar aquela pessoa? Será que a “nova” Divindade que manifesta a pessoa, verdadeiramente é a Divindade que eles acreditam ser? Será tratar-se de um Òrìsà? 

O Candomblé é uma religião muito complexa, que muitos podem acreditar conhecer, mas que esconde segredos difíceis de serem compreendidos e assimilados. 

A cabeça do ser humano é algo muito sério, razão pela qual, tudo que é feito na cabeça de uma pessoa deve ser com muito cuidado, atenção e, sabedoria. 

Obviamente, todos, invariavelmente são suscetíveis a erros e falhas, mas as Casas de Candomblé mais antigas precisam se manifestar contrárias àqueles que acreditam estar acima do bem e do mal e, principalmente, àqueles que acreditam estar acima do próprio Òrìsà. 

Não se pode ficar mudando de Òrìsà como se muda de roupa. Òrìsà é o Deus que nos rege, que cuida, que zela por nós. Não se pode descartá-lo. 

É fundamental que a Ética, a Moral e os Valores sejam relembrados, é importante deixarmos de pregar a união, para de fato fazermos a união. O Candomblé não possui um colegiado formal de sacerdotes, mas não duvidem, ainda há um grupo sério de sacerdotes que atentamente está observando com atenção, tudo o que está ocorrendo acerca do Candomblé. 

Que nosso Pai Òsùmàrè Àráká cubra de bênçãos cada pessoa que, verdadeiramente, está voltada para a religião dos Òrìsàs. 

Ilé Òsùmàrè Arákà Asè Ògòdó

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - UM CONTO SOBRE A LÍNGUA



Conta-se que certa vez um homem, rico, ofereceu um banquete com comidas especiais. Chamou seu mordomo cigano e ordenou-lhe que fosse ao mercado comprar a melhor iguaria. O gipsye retornou com belo prato. O homem removeu o pano e assustado disse: Língua?! Este é o prato mais delicioso? O cigano, sem levantar a cabeça, respondeu: A língua é o prato mais delicioso, sim senhor. 

É com a língua que pedimos água, dizemos "mamãe", fazemos amigos, perdoamos. Com a língua reunimos pessoas, dizemos "meu Deus", oramos, cantamos, dizemos "eu te amo"

O homem, não muito convencido, quis testar a sabedoria do gipsye, e o mandou de volta ao mercado, desta vez para trazer o pior alimento. O cigano gipsye voltou com um lindo prato, coberto por fino tecido. O homem, ansioso, retirou o pano para conhecer o pior alimento. Língua, outra vez?!, disse, espantado. Sim, língua, respondeu o cigano. É com a língua que condenamos, separamos, provocamos intrigas e ciúmes, blasfemamos. É com ela que expulsamos, isolamos, enganamos nosso irmão, xingamos pai e mãe. 

Não há nada pior que a língua. Depende do modo que a usamos. 

Muitos males têm sido causados por uma só palavra ou frase proferida. Diz um ditado que "falar é prata, calar é ouro". Palavras ferem, matam, magoam, semeiam dúvidas, fazem pecar, geram ódio e muitas vezes quem diz o que quer, ouve o que não quer. Uma palavra, uma frase, pode doer mais que a dor física. A dor física pode cessar com um medicamento, mas a dor provocada por uma palavra ou frase, muitas vezes nem o tempo apaga, e, quando apagada, costuma deixar cicatrizes. 

Use a lingua somente para transmitir o kambulin, paz e felicidade. FAMÍLIA GIPSYE KAMBULIN

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - A ÁRVORE DA JUREMA



Desde o século XVI, documentos escritos pelo colonizador e narrativas deixadas por cronistas e viajantes relatam rituais mágico-religiosos encontrados entre populações indígenas do nordeste brasileiro, em que bebiam, fumavam, manipulavam ervas, invocavam seus antepassados. Um desses escritos descreve a santidade do Jaguaripe ocorrida no sertão baiano por volta de 1583, evidencia um processo de religiosidade sincrética nascida no encontro entre missionários e índios e revela relações de dominação-subordinação entre nativos e portugueses. 

O culto aos maracás da santidade reproduz a crença de que os maracás abrigavam os espíritos, sendo adorados e idolatrados através de cantos, danças e do uso do tabaco. Apresenta-se simbolicamente como uma forma de resistência da população indígena contra a colonização portuguesa. 

Um outro documento menciona o falecimento na prisão, em 1758, de um índio da aldeia de Mepibu, no Rio Grande do Norte, preso por ter feito adjunto de jurema, cerimônia coletiva com fins religiosos e terapêuticos, em que dançavam, fumavam cachimbo e bebiam jurema. 

Em 1816, o viajante inglês Henry Koster observa uma dessas cerimônias realizadas nos arredores de Olinda e descreve que havia um grande vaso de barro no centro da cabana em torno do qual dançavam homens e mulheres e o cachimbo era passado entre os participantes. 

A prática da jurema nordestina, também conhecida como catimbó, é parte de um longo processo de transformação e assimilações culturais que se difundem pela região, sendo encontrado nas comunidades indígenas e no interior de diferentes religiões afro-brasileiras, como o candomblé, o xangô e a umbanda. 


A jurema compõe um complexo de concepções e representações em torno da planta jurema e se fundamentam no culto de possessão aos mestres, cujo objetivo é curar os doentes e resolver os problemas práticos da vida cotidiana, como os infortúnios amorosos e profissionais. Como ressalta Roger Bastide, o que conta “são os desejos ou as necessidades individuais, é a vida cotidiana com suas doenças, seus romances de amor, seus ganhos, suas tristezas e seus sonhos de um futuro melhor”. Esse complexo inclui ainda a bebida preparada com a casca da jurema e o uso da fumaça dos cachimbos nos rituais. 

O culto tem por base um sistema mitológico no qual a jurema é considerada árvore sagrada e, em torno dela, dispõe-se o “reino dos encantados”, formado por cidades, que por sua vez são habitadas pelos “mestres”. Uma outra explicação mitológica apresenta uma visão cristã quanto às origens do culto ao afirmar que, antes do nascimento de Deus, a jurema era tida como uma árvore comum, mas, quando a virgem, fugindo de Herodes, no seu êxodo para o Egito, escondeu o menino Jesus num pé de jurema, que fez com que os soldados romanos não o vissem, imediatamente, a árvore encheu-se de poderes sagrados, justificando, assim, que a força da jurema não é material, mas espiritual, dos espíritos que passaram a habitá-la. 

O mestre é a entidade espiritual central da jurema nordestina. Os mestres são falecidos juremeiros que detinham os conhecimentos de sua prática. Segundo Mário de Andrade, no século XVII, em Portugal, os feiticeiros curadores eram chamados de mestres. Nas cerimônias da jurema, também se denomina mestre o dirigente de uma sessão. Os mestres vivos incorporam os mestres mortos que habitam as cidades sagradas da jurema, ligando esses dois mundos por meio do transe. Os mestres seriam espíritos curadores que, em vida, conheceram os segredos das plantas curativas e que são convocados para trabalharem em uma sessão, a fim de aliviar os sofrimentos humanos. 

Cada um tem uma linha, que é representada pelo cântico entoado pelo dirigente da sessão e que precede sua visita a terra. O canto é uníssono e acompanhado pelo maracá. A linha resume a ação sobrenatural, as excelências do poder e a sua especialidade técnica. Com fisionomia própria, gestos, voz, manias, predileções, cada mestre narra as suas aventuras, conta o seu nome e a sua vida. Ele possui a semente, o sinal de sua legitimidade e autenticidade, eficácia e poder sobrenatural. 

Além dos mestres, outra categoria de espírito é significativa, o caboclo, ao qual se atribui identificação indígena e conhecimento de ervas e raízes. São muitas as entidades espirituais cultuadas no universo da jurema, entre elas: Mestre Carlos, Mestre Seu Zé Pilintra, Manoel Cadete, Mestra Faustina, Mestre Germano, Mestra Luziara, Mestra Maria do Acais, Mestre Malunguinho, Mestre Pilão, Negro Gerson, Cabocla Jurema, Caboclinho da Jurema, Caboclo Pedra Preta, Índio Pena Branca, Japiassu, Rei Canindé, Rei de Urubá, Rei Salomão. 

A prática da jurema continua vivenciando processos de reelaborações, adquirindo outros elementos simbólicos, como na fase atual da umbandização do culto, o que significa, nessa dinâmica, a sua permanência enquanto expressão de grupos sociais subalternos. Mais que isso, no plano ritualístico significa resistência aos modelos de opressão socioeconômica, contribuindo em última instância para a manutenção de um referencial étnico e identitário, sejam nas comunidades indígenas ou nas religiões afro-brasileiras. 


(Fragmentos do texto publicado na Revista História Viva, vol. 6 – Cultos Afro. São Paulo: Ediouro, 2007).

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - O SIGNIFICADO DA PALAVRA ASÉ



A palavra Axé é de origem yorubá e é muito usada nas casas de Candomblé. 

Asè significa "força, poder", mas também é empregada para sacramentar certas frases ditas entre o povo de santo, como por exemplo: - "Eu estou muito bem." Outro responde: - "Asè!". Esse "Asè" ai dito equivaleria ao "Amém" do catolicismo (Que Deus permita). 

Mas, o Asè ainda pode significar a própria casa de Candomblé em toda a sua plenitude. Daí uma ìyálòrìsá também ser chamada de Yalaxê (Ìyálasè), ou seja, "Mãe do Asè", ou a pessoa responsável pelo zelo do Asè ou força da casa de Òrìsá. 

Asè também pode significar "Vida". E tudo que tem vida tem origem. Chamar a vida é chamar o Asè e as origens. Os òrìsás são Asè, os òrìsás são vida. Agora, o que seria contra-asè?? O contra-asè são todas as estruturas de opressão e morte que destroem a vida das comunidades. O contra-asè ainda pode ser todas as kizilas e ewós dentro de uma casa de òrísá e também certos tabus que cercam o omo-òrìsá. 

Na tradição dos Òrìsás, Asè também pode significar a "força das águas, do fogo, da terra, do ar, das árvores, das pedras", enfim de tudo que tem vida. Pois, o Candomblé é um culto de celebração à vida e a toda a força que dela advém ou seja, o próprio culto, é o próprio Asé.

sexta-feira, 1 de março de 2013

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - QUE FILHO DE SANTO EU SOU?


Irmãos esta postagem eu copiei do perfil de um dos meus amigos do ORKUT. Prefiro não comentar o nome pois é uma pessoa muito conhecida no CANDOMBLÉ da região de CARAPICUÍBA. Mas a medida que formos lendo, além é claro de rir muito, ELA POR SI SÓ NOS FAZ PENSAR MUITO sobre a nossa real posição dentro da RELIGIOSIDADE

Vamos ler com bastante atenção, mas não é proibido rir não, viu!!! 

QUE FILHO DE SANTO EU SOU?
 

FILHO DE SANTO AVESTRUZ: Na hora do vamos ver, sempre se esconde. 

FILHO DE SANTO JIBÓIA: Só vai nas festas para se empanturrar. 

FILHO DE SANTO PITBULL: Não deixa ninguém se aproximar do Pai de Santo. 

FILHO DE SANTO PEQUINÊS: Está sempre lambendo o Pai de Santo. 

FILHO DE SANTO GATO: Dá o tapa e esconde a mão. 

FILHO DE SANTO BICHO PREGUIÇA: Na hora da função, cadê ele? 

FILHO DE SANTO MACACO: Pula de Casa em Casa. 

FILHO DE SANTO HIENA: Está sempre rindo, mas não sabe do que. 

FILHO DE SANTO CAVALO: Só serve pra dar coice, cuidado! 

FILHO DE SANTO CONDOR: Está sempre gemendo nos cantos. 

FILHO DE SANTO GIRAFA: O corpo ta no chão mas a cabeça ta longe. 

FILHO DE SANTO ELEFANTE: Impossível não notar sua presença. 

FILHO DE SANTO URUBU: Só aparece quando a coisa fedeu. 

FILHO DE SANTO ARANHA: Trabalha muito em sua casa, e ainda tem gente que não da valor. 

FILHO DE SANTO VIRA-LATA: Leva Coió, mas sempre volta com o rabo entre as pernas. 

FILHO DE SANTO SAPO: Está sempre cheio de feitiço. 

FILHO DE SANTO PAVÃO: Gosta de aparecer mais que os outros. 

FILHO DE SANTO FRANGO: Novo no Santo, mas gosta de cantar de Galo. 

FILHO DE SANTO MICO: Só serve pra fazer os outros rirem. 

FILHO DE SANTO ZEBRA: Sempre corre do "Leão do Pai de Santo". 

FILHO DE SANTO PEIXE: Todos contribuem com a festa e ele NADA. 

FILHO DE SANTO RINOCERONTE: Debaixo de toda aquela casca dura tem um coração mole. 

FILHO DE SANTO PAPAGAIO: Repete o que o Pai de Santo diz, mas não sabe o que esta falando. 

FILHO DE SANTO CORUJA: Fica só de longe observando. 

FILHO DE SANTO POMBO: Se tiver comida ele vem todo dia. 

FILHO DE SANTO LEÂO: Se você olhar nos olhos dele ele te avança. 

FILHO DE SANTO CABRITO: Quando aparece na Casa, é no Sacrifício. 

FILHO DE SANTO BORBOLETA: Ta sempre voando pro ai, e quando aparece é só pra enfeitar o Salão. 

FILHO DE SANTO GRILO VERDE: Quando aparece é pra dar Sorte. 

FILHO DE SANTO BARATA: Ninguém gosta mas ta sempre na Casa de Santo. 

FILHO DE SANTO GALINHA D’ANGOLA: Cheio de fundamento 

FILHO DE SANTO BEIJA-FLOR: Vem na Casa, fica um pouquinho e vai embora. 

FILHO DE SANTO TAMANDUÁ: Tem a língua maior que a boca 

FILHO DE SANTO UNICÓRNIO: Perfeito, mas todos sabem que não existe. 

Que bicho você é ?????????????????????

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - O USO DA CARIDADE - PARTE IV

Hoje muito se tem falado sobre o uso da caridade. Talvez nossa maior dificuldade seja não somente como prática-la, mas também como fazer acontecer. 

A caridade como a própria Bíblia Cristã, utilizada por protestantes e católicos, é apresentada como o maior dom de todos. Pois a caridade nada mais é que colocar o AMOR em prática. 

É muito triste ver hoje em nossa realidade social, várias pessoas, precisando de ajuda, de colaboração; na busca de um dia ainda melhor. Vários sofrendo de males muitas vezes até ignorados pela sociedade em questão. Mas para as famílias que vivem o problema é que sabem de fato o grau de sofrimento que isso gera nas suas realidades em seu dia a dia. 

Muitos em estado de pobreza grotesco, outros acometidos pelo uso de entorpecentes químicos, seja pela droga em si, pelo álcool e tantos outros derivados. Pessoas doentes que muitas vezes por falta de condições melhores, acabam ou jogadas como carne dentro de um açougue nos corredores de um Hospital Público lotado, ou ficam em casa, sem ter de onde tirar seu sustento para manter os seus remédios. 

Uma das coisas que o ESPIRITISMO prega e com louvor é de fato o uso da CARIDADE entre os mais fracos. A UMBANDA SAGRADA, em seus atendimentos, também de alguma forma realiza também laços de caridade, devido ao que os próprios GUIAS buscam sempre mostrar: o uso da CARIDADE, seja nos passes, no atendimento e até por que não dizer em OBRAS SOCIAIS. No CANDOMBLÉ o mesmo acontece, mas não com tanta frequência, quanto deveria. 

Um exemplo que destaco e com louvor em nossa religiosidade CANDOMBLECISTA é de fato o ILÊ ASÉ OPO AFONJÁ, com a criação de sua ESCOLA que atende não somente crianças descendentes do próprio ILE ASÉ, mas também da região onde ele se encontra. São raras as pessoas que se preocupam em arrecadar cestas básicas para a população carente por eles próprios atendidos. Mais raro ainda quanto aos próprios membros em si, que muitas vezes, são cobrados valores absurdicamente autos para iniciar ou zelar por um ORIXÁ de determinado filho (a) de Santo. 

Hoje o que se vê em nossa religiosidade em sua maioria? Um eterno e grandioso desfile de modas, onde os ORIXÁS EM SUA ESSÊNCIA não se encontram mais. Encontra-se hoje ALEGORIAS CARNAVALESCAS. Lembrando que caridade vem da pratica da HUMILDADE. Umas das coisas que todas as suas casas pregam hoje constantemente. Mas que infelizmente com o passar do tempo vemos que isso não se vive. 

ORIXÁ é pé no chão. Primeira coisa que eles fazem ao estar em terra é justamente os pés no chão, descalços. Mostrando de fato o que eles querem para seus filhos. Seus gestos ao abraçar um determinado filho de santo, um ogãn, ou até um zelador(a). É o reconhecimento do amor que os homens e mulheres devem ter por estes que estão aqui para nos ajudar a ser melhores. 

Quantos já tenho visto dizer que fazer SANTO é vir a ter um dia uma boa casa. Ganhar um carro ou ganhar mundos de dinheiro. Onde foi que se aprendeu isso? ORIXÁ é caminhos para você ter força e lutar para conquistar aquilo que for seu por direito. Mas nada cai do céu! Coitado de quem pensa que entrar na RELIGIOSIDADE vai ficar rico. 

O uso da CARIDADE é de fato amar o seu irmão muito mais que a ti mesmo. Mostrando à sociedade e a todos os que abrem as suas bocas indevidamente contra a nossa RELIGIOSIDADE. Pois é aquele negócio falar é muito fácil, fazer ai sim quero ver. E quem faz não precisa brigar por respeito. Pois a própria atitude já fala por si só e acaba até calando a boca de muitos. 

Muitas vezes não se faz nada por falta de coragem e peito. Pois com simples gestos assim, não veremos dizer que suas casas só tem quantidade de pessoas que se encontram de DOIS EM DOIS MESES ou de TRÊS EM TRÊS para se dar um XIRÊ. Quer ter casa cheia mas com QUALIDADE? Faça o que estas fotos podem vir a te ensinar. As vezes arregaçar mangas seja de fato o que esteja faltando no seu ILE ASÉ.

PEDRO MANUEL T'OGUM E ELAINE T' OXUMARE

ROBERTA T' OGUM E ELAINE T' OXUMARE

EQUIPE OLHOS DE OXALÁ EM REUNIÃO

 MATERIAL ARRECADO PARA BAZAR

  SAPATOS ARRECADADOS PARA BAZAR

ELAINE T' OXUMARE, FERNANDO T' OXAGUIAN E ROBERTA T' OGUM, SELECIONANDO OS SAPATOS PARA BAZAR

 UMA DAS SENHORAS QUE VISITAMOS NOS ASILOS

 ADRIANA T' YEMANJÁ NA VISITA AO ASILO

 MARIA T' OXUM, ARRUMANDO O BAZAR

 ROBERTA T'OGUM ATUANDO NO BAZAR

MARIA T'OXUM, DE COSTAS, SUPERVISIONANDO O BAZAR

  FERNANDO T' OXAGUIAN E MARIA T' OXUM, ARRUMANDO MATERIAIS DO BAZAR

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - O USO DA CARIDADE - PARTE III

Motumbá meus (minhas) irmãos (ãs) de nosso BLOG OLHOS DE OXALÁ. Aqui estamos em mais um novo mês, que vem como a vida, acompanhado de muitas surpresas. Novas lutas, novas esperanças, novas conquistas.

E como temos visto a COLETÂNEA O CANDOMBLÉ, tem vindo cheia de novidades, HIERÁRQUIAS,  MATRIARCADOS, ATITUDES DENTRO DE UMA CASA DE ASÉ. Enfim, vários e vários assuntos. Não deixando de ser, desta forma, aqui estamos dando a seqüência de mais um tema bem atual, interessante e pouco usado: O USO DA CARIDADE

Vamos ver o que temos por aqui: 

Novamente voltando a dar seqüência a esta coletânea sobre O USO DA CARIDADE NO CANDOMBLÉ, vamos partir do ponto lógico para darmos continuidade ao assunto em questão. 

E para isso vamos tentar compreender melhor o seu CONCEITO, o que vem a ser de fato a dita CARIDADE, que todos comentam, falam e ainda se dizem fazer.


CONCEITUANDO CARIDADE 

Este ponto é muito interessante, visto que, existe uma aceitação muito forte de que caridade significa ter piedade de alguém, quer dizer, dar alguma coisa para que alguém sane sua fome, ou mate sua sede, ou se agasalhe, como fazem as pessoas todos os dias, quando passam por alguém que pede nas ruas. 

O simples ato de pedir muitas vezes não é para matar a fome de alguém, pode-se dizer que seria até um mau costume que se adquiriu na infância que dificilmente se libertará, haja vista que, este vício tem proliferado muito, nas grandes e médias cidades. 

Observe que é lucrativo pedir, quando as doações são feitas em dinheiro, e é o que costumeiramente acontece, obviamente, no final do dia, ou do mês, a soma arrecadada de um pedinte sempre ultrapassa os ganhos forçados de quem ganha um salário mínimo, ou rendimentos advindos da roça. 

Muitas pessoas vêem caridade como uma passagem para se conseguir o reino celestial, como coisa que uma esmola que se dê a alguém possa transformar o interior do ser humano que continua a praticar todo tipo de iniqüidade, e transtornos para com todos que estão ao seu lado. 

Matar a fome de um ser que passa em sua residência, com um convite para um almoço, deixando-o saciado dessa dificuldade, é uma ajuda, entretanto, deve-se ficar claro que aquela refeição não é o bastante para toda uma vida.  

O mais desgastante, é que, a humilhação de pedir venha sempre com a resignação de quem está sofrendo por qualquer ato praticado no passado, e necessita suportar tais tipos de coisas para que se trabalhe alguma inferioridade que de livre e espontânea vontade, que não conseguiu se libertar. 

A ajuda mútua, ou doações às pessoas que pedem não constituem caridade, mas, um dever como ser humano que deve ter sempre dentro de si o princípio de cooperação, de irmandade, de amparo, àqueles que se encontram no caminho do sofrimento, e da dor material com fome e frio. 

Sabendo-se que todos têm a obrigação natural como ser social a ajudar a todos que o cercam, constitui uma obrigação que todos têm e não podem fugir, porque o princípio do amor, da felicidade, da benevolência deve estar sempre aflorando no coração de todos. 

A esmola que muitas pessoas dão, tem imediatamente a exigência de que tal fato seja convertido em caridade, cujos impulsos normalmente, são reclamações do passado que as pessoas não entendem, mentalizando que a prática de ajudar ao próximo seja fazer caridade. 

Muitas pessoas dizem: olha, quando eu passo por perto de um pedinte que não dou esmola, fico apavorada, volto e faço a minha doação àquele irmão que pediu tão humildemente, e a pessoa quando faz isto, realmente deve estar precisando muito. 

Veja que algumas outras pessoas, passam, jogam qualquer quantia no prato do mendigo, e continuam sempre arrogantes, imaginando que já fizeram a sua caridade, ao aliviar a dor de um irmão que não precisa somente de comer e sanar seu frio, que é uma constante; todavia, muitos outros problemas que não são esmolas, que vão resolver a contento as suas dificuldades, por toda a vida real, que é a que continua. 

Muitos seres humanos foram enquadrados para virem na forma de pessoas miseráveis, para tentar se libertar da prepotência, do egoísmo, ou de algo semelhante, mas não suportam. 

A caridade ultrapassa a tudo isto que foi colocado, não é esmola, não é doação de comida, não são doações de restos de roupas e cobertores que vão caracterizar uma caridade, que a humanidade ainda não compreendeu o seu real significado. 

A caridade é benevolência, é amor, é simplicidade, é misericórdia, e são todas as coisas que servem para a evolução do espírito que precisa ser testado em sua trajetória de evolução; não um teste pejorativo de querer derrubar o mais próximo, mas de sentir que tem condições de caminhar sozinho. 

A caridade é sentir e respeitar as fragilidades dos outros, na medida do possível orientando e auxiliando, para que haja a felicidade entre todos que precisam de luz e amparo nas suas vivências materiais e espirituais. 

As pessoas surgiram no planeta para viverem, e viverem muito bem, quer estejam no mundo espiritual, quer estejam no mundo material, não devendo existir a preocupação de quando estiver no mundo espiritual, e nem tão pouco quando estiver no mundo material. 

A vida deve prosseguir em qualquer estágio, é claro, observando sempre os princípios de amor, de paz, de felicidade, sem se macular por ser espírito inferior, pois as inferioridades que são imanentes, devem ser esquecidas, dando lugar a tudo de bom que existe. Entretanto, sinta que vibrando no que é bom, tudo muda em seu modus vivendi; a paz conta para o equilíbrio interior, e os trabalhos cotidianos fluem com mais acertos, mais cooperação, e fraternidade entre todos que aceitaram em seu coração um viver correto e salutar para sempre. 

As substâncias materiais não criam transformações por si só, para evolução da vida, entretanto, o seu uso é de grande importância para que as pessoas possam compreender o porque das dores e dos sofrimentos, como algumas derrocadas que as pessoas passam e não sabem porque estão naquela situação. É aí onde entra a caridade, devido o uso de tudo que a matéria utiliza sem consistência, a não ser que se tenha como ajuda a todos aqueles que necessitam de tais esclarecimentos para a compreensão de seu processo de evolução em toda a sua trajetória. 

Compreendendo as relações existentes entre as pessoas e espíritos, é que se pode praticar a caridade em seu real sentido, e não da forma como se utiliza normalmente, como uma compra de um cantinho no céu, como coisa que a moral das pessoas se comprasse com qualquer ínfima doação monetária. 

Em mensagem da irmã FRANÇA (1862) , que consta no Evangelho Segundo o Espiritismo, há uma explicação bastante interessante quando revela que, deveis amar os infelizes, os criminosos como criaturas de Deus, às quais o perdão e a misericórdia serão concedidos, se se arrependerem, como a vós mesmos, pelas faltas que cometeis contra sua lei. Pensai que sois mais repreensíveis, mais culpados que aqueles aos quais recusais o perdão e a comiseração, porque freqüentemente, eles não conhecem Deus como vós o conheceis, e lhes será pedido menos que a vós. 

Esta explanação mostra a todos, o mais completo conceito de caridade, quando conclama a todos para que se desperte para este conhecimento que se inicia com aqueles que perseguem e maltratam, mas que devem ser compreendidos pelos sábios. 

Aquilo que se sente de piedoso, de vontade de ajudar e de um sofrer, por ver alguém com dificuldade, não constitui bondade interior, nem tão pouco é caridade que se tem para com os demais ao suprir deficiências que alguém por ventura venha a ter em sua caminhada. Esses sentimentos podem ser uma resposta do passado quando se praticou nos outros quaisquer tipos de sofrimento, cujas insistentes remorsos que aparecem, naqueles que estão com tais sintomas, é uma lembrança forte do que fez no passado ou praticou com algum em seu pretérito. 

A caridade se apresenta de maneira simples, onde qualquer benevolência que se exercite, não tenha o sentido de recompensa, nem tão pouco do sentimento porque alguém está sofrendo a dor da fome e frio, porém, a necessidade de mãos amigas para o progresso secular. 

Um outro exemplo de caridade vem de LAMENNAIS (1862), citado também no Evangelho Segundo o Espiritismo, quando ele pergunta se um homem muito ruim, vai morrer, pode escapar, e voltar para praticar muito outros crimes; você o salvaria dessa morte? 

Veja que para as pessoas que não têm consistência na sua evolução espiritual é uma situação difícil de ter uma resposta, mas esse irmão diz que a morte, talvez, chegue muito cedo para ele; a reencarnação poderá ser terrível; lançai-vos, pois, homens! vós a quem a ciência espírita esclareceu; lançai-vos, arrancai-o à sua condenação, e então, talvez esse homem que morreria vos insultando, se atirará em vossos braços. Todavia, não é preciso perguntar-vos se o fareis ou não, mas ide em seu socorro, porque salvando-o, obedeceis a essa voz do coração que vos diz: 'Tu podes salvá-lo, salva-o!'  

Em verdade, a morte não elimina a idiossincrasia de um ser humano, em seus momentos de prática do mal; ela apenas adia a oportunidade de aprendizado em um corpo físico para acumular alguns conhecimentos em seu progresso. 

Aí está a caridade que sobrepõe a uma simples pena de uma fome, de um frio, ou de qualquer sofrimento que estar servindo para uma melhora de uma consciência, sem masoquismo, nem auto-flagelo que muitas pessoas praticam sem entender o seu porque verdadeiro. 

A caridade é está em frente a um desafeto, e aceitá-lo tal qual ele é, sem nenhum tipo de rancor, nem mágoa, pois, muitas pessoas dizem perdoar o seu irmão, mas não desejam nunca o ver, que ele fique para lá, e eu para cá, e aí não há caridade, nem tão pouco o perdão. 

Neste contexto, não houve caridade, porque caridade é amor, é benevolência e é, sobretudo, esquecimento do passado, como também a certeza de somente fazer o bem em todos os instantes, na busca de que todos sintam amor e felicidade numa linha de progresso. 

As pessoas caridosas não têm dentro de si, nenhum tipo de discriminação, tal como existe no mundo inteiro do branco contra o negro, ou vice versa, das mulheres bem casadas contra as prostitutas, dos homens contra os homossexuais, do pobre contra o rico, enfim, dos seres humanos que devem ser vistos dentro de uma situação qualquer. 

Enquanto isto perdurar, não haverá como se exercer a caridade, nem tão pouco o amor uns para com os outros, e a guerra vai continuar alimentando as ignorâncias individualizadas por muitos e muitos séculos. Finalmente, a caridade começa e termina na máxima que atribuem a JESUS, quando foi claro ao pronunciar: amemo-nos uns aos outros e façamos a outrem o que quereríamos que nos fosse feito.