segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

COLETÂNEA LOGUN E O PRECONCEITO - NOVELA LADO A LADO

João Ximenes Braga defende a tolerância religiosa em Lado a Lado



Autor da novela das seis usa personagem de Jurema para apelar pela liberdade às crenças no país

João Ximenes Braga, autor de Lado a Lado em parceria com Claudia Lage, está fazendo muita gente refletir com a trama de Jurema, personagem de Zezeh Barbosa. Ao assumir sua religião no início do século XX, ela vem enfrentando dificuldades que ainda podem ser vistas nos dias atuais.


A constituição da época já previa liberdade religiosa. Mas havia uma lei que proibia jogos de adivinhação e uso de ervas para ludibriar pessoas. Era uma forma de reprimir credos de origem africana. João explica: "A diferença da época de Lado a Lado para agora é que não há qualquer lei contra, pelo contrário. Mas o preconceito ainda é muito forte. Em novembro, a PUC-Rio divulgou uma pesquisa sobre os templos de religiões afro-brasileiras no estado do Rio. Eles mapearam 847 templos e, segundo a pesquisa, mais da metade já foi vítima de 'algum tipo de ação' que pode ser classificada como intolerância em razão da crença ou culto", diz o escritor.


João Ximenes Braga vê com otimismo a discussão de temáticas religiosas em folhetins, e diz que tem recebido muitas mensagens agradecendo a iniciativa.

Conselho de Promoção de Liberdade Religiosa e Direitos Humanos. O projeto, pioneiro no país, trabalha diretamente no enfrentamento dessas ocorrências e na proteção às vítimas de preconceito de ordem religiosa. Reveja a cena da prisão de Jurema.

Braço da Secretaria de Estado da Assistência Social e Direitos Humanos, o órgão vem promovendo em conjunto com outras secretarias do Estado ações para preparar os funcionários que recebem esse tipo de demanda. Inclusive, há um programa de treinamento especial para o contingente das Polícias Civil e Militar no sentido de prepará-los para proteger as vítimas de agressão.

Claudio Nascimento, Superintendente do Programa de Combate à Intolerância Religiosa, ressalta que todas as crenças merecem respeito e cuidado. “Não são só as religiões de matriz africana que passam por isso. Credos islâmicos, judaicos, kardecistas, entre outros, também são alvos de preconceito. Nossa ideia é mostrar que todas as religiões precisam ser respeitadas. Inclusive, aqueles que não possuem crença alguma” ressalta. Reveja a cena em que Jurema é solta e aclamada pelo povo.


Claudio vê com bons olhos iniciativas como a de Lado a Lado em abordar um tema tão atual e de profunda importância para o crescimento da sociedade. “Acompanho capítulos de Lado a Lado e acho fundamental essa abordagem em folhetins, principalmente das 18h. Esse geralmente é um momento em que as pessoas chegam em casa do trabalho, as crianças voltando das escolas, enfim, é muito importante que eles tenham acesso a esse tipo de discussão. A televisão tem papel transformador na cultura de uma sociedade, e pode traduzir para uma linguagem mais clara temas importantes como a intolerância religiosa.”

João enxerga na televisão um poder de alcance muito grande e espera que quem assistiu à cena da prisão de Jurema pela prática do Candomblé possa, no mínimo, discutir a questão em casa com a família e os amigos, ou até mesmo refletir profundamente sobre o assunto. "Mas não acredito que a novela acabe com o preconceito de uma hora para outra", ressalva.

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