sábado, 9 de março de 2013

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - PAI OGUN OU PAI ESTRELA


A Degradação do Sacerdócio dos Ogans 

Hoje observo, sobretudo no Sudeste, um acentuado processo de degradação no que concerne a história e importância dos Ogans, nas Sociedades Religiosas. Após ter criado esse espaço, muitas pessoas me pedem para falar um pouco sobre postura dos Ogans e o verdadeiro papel dos mesmos. Quando os indago a razão desse interesse, em sua maioria afirmam estarem descontentes com seus próprios Ogans, com a forma a qual se manifestam nas Sociedades Religiosas. 

Perguntei a essas pessoas quais as atitudes motivaram todo esse descontentamento e, para minha surpresa (ou não), a resposta mais incidente foi justamente a “falta de atitude” dos Ogans. 

Sacerdotes com os quais conversei, relataram que de alguns anos para cá, os Ogans simplesmente deixaram de serem Ogans. Comentaram que no passado, tinha no Ogan, a figura de uma pessoa que não somente cantava ou tocava para os Òrìsàs, mas sim, principalmente, Sacerdotes que zelavam pelos Deuses, pela casa e pelos seus respectivos sacerdotes. 

Diante desses comentários refleti sobre o tema e sobre minhas lembranças mais remotas tangentes a figura dos Ogans. Deixando de lado as memórias relacionadas a música, que obviamente sempre me despertou de forma latente, lembrei-me de alguns fatos, que me fizeram ter tanta admiração pela figura do “Ogan”

Engraçado que esses mesmos Ogans, eram virtuosos no barracão, cantavam, tocavam, etc. Todos eles, sem exceção, eram chamados por todos de “Pai”, “Meu Pai Ogan”. À época, pensei que a razão que conferia aos mesmos o “status” e respeito para serem chamados de “PAI”, seria o fato de serem Ogans. Afinal Ogan é Pai, não?. Com o passar do tempo, descobri que estava errado. 

Aqueles Pais, não eram respeitados dessa forma por serem Ogans, mas sim, por aquilo que eles faziam. Afinal, por exemplo, uma antiga egbon-mi estava chamando de pai, um novo Ogan não por ele ser Ogan, mas pelo fato dele ter arrumado a telha do quarto do santo dela, zelando pela divindade que lhe rege a cabeça, ou por ter pego as folhas que foram utilizadas para seu Òrìsà, para seu banho. 

Quantas vezes ouvi antigas egbon-mi dizerem: Meu Pai Ogan “fulano de tal” cortava para o meu santo! Meu Pai “fulano de tal” limpou o Obuko da minha feitura....Fez meu “prefuré”

Corrobora a ideia de o Ogan ser Pai não por ser Ogan, mas por aquilo que ele faz, diversas histórias que cercam os maiores Ogans da Bahia. 

Em uma entrevista, Mãe Cidália de Iroko comenta que: “Poxa, meu Pai Vadinho, como ele cuidava da roça, você já prestou atenção pra ver que o barracão do Gantois não tem muro pra cercar ele? Que é na rua? Pois é, Vadinho, Pai Preto, Amorzinho, eles cuidavam da roça, ninguém se metia a besta lá não, nem precisava ter muro”

Na pequena passagem comentada por mãe Cidália, ela não fala da virtuosidade de Vadinho em ser o maior dobrador de Hun da Bahia, ou do conhecimento da língua Yoruba de Amorzinho, mas sim, o fato deles salvaguardarem o terreiro do Gantois. 

Há relatos que discorrem que a construção do antigo barracão do Gantois, ocorreu com a ajuda, não financeira, mas braçal dos Ogans, que juntos com seu Álvaro (marido de Mãe Menininha), levantaram aquelas paredes. 

Vejamos, por exemplo, a importância Social dos Obas do Opo Afonjá, Ogans que mais que sacerdotes espirituais, tiveram e têm a missão de zelar pela Sociedade Civil daquele Candomblé, conferindo-lhes o status de Pai. 

Outro exemplo, louvável, refere-se ao venerável Antônio Agnelo Pereira, saudoso Pai Elemoso da Casa Branca do Engenho Velho (que merece um post sobre sua história). O Elemoso Agnelo foi de importância sem igual, para que o Ile Ase Iya Naso Oka tivesse novamente sobre sua posse, o terreno que hoje fica o barco de Ósun, mas que estava sendo explorado por um posto de gasolina. 

Mas por que então, há o processo de degradação? 

Em parte, isso se deve aos próprios Babalorisas e Iyalorisas que conferiram aos Ogans (nesse caso, aos que cantam e tocam) um status de “estrela” e não de Ogans. Quando aparece em uma casa, um Ogan que toca ou canta bem, ele passa a ser estrela naquela casa, estrela essa como já dito, conferida pelo seu sacerdote. 

Nesse caso, para que ele vai aprender como tirar as costelas do Obuko, ou que folha pegar para o seu santo? Estrela não faz isso! Os Ogans estrelas, geralmente não conhecem seu Òrìsà, pois jamais deram Osé nele, os Ogans estrelas não sabem onde se costuma levar os ebós da sua casa, pois ele nunca fez isso. O maior trabalho desse tipo de Ogan é trocar fitas de Candomblé, não importa de quem, o importante é ter centenas de fitas, de diversas casas, afinal, para ele pouco importa a tradição de cânticos ou toques de sua casa, o que importa é calar o barracão, enunciando uma cantiga que somente ele conhece, geralmente sem nada ter haver com o seu Asè. 

Nesse processo de enaltecimento do Ogan estrela, o Ogan de verdade, aquele que arruma o telhado, que limpa o bode, que pega a folha para onde vai? Ele vai para a igreja, buscar alguém que olhe e ore por ele, sendo que para esse, nos Candomblés não há espaço.... 

Como mudar? Como reverter esse processo de degradação quase que terminal que vivemos hoje? Fácil, os Babalorisas e Iyalorisas devem mudar de postura frente aos seus Ogans. 

Devem principalmente, se libertarem. Exemplifico, há casas em que há somente um Ogan que toca ou que canta! Pronto se o Babalorisa não se libertar deste, será seu refém a vida inteira! 

Ensine as crianças, elas serão os Pais da sua casa! Não centralize, mesmo que tenha um Ogan que cante ou que toque na sua casa, incentive os novos (DA SUA CASA) a fazer o mesmo! 

Ensine a importância de uma Màrìwò desfiado, de como arriar os Asès de frente ao Òrìsà, a importância de conhecer e de como se colher as folhas dos Òrìsàs. 

Converse com seus Ogans. Os Ogan precisam saber que Candomblé não é somente cantigas e atabaque e que o papel e função dos Ogans não se restringe a isso. Palestre aos seus filhos, retome as histórias de antigamente! 

Aqui, deixo meus respeitos àqueles grandes Pais Ogans, que vão à mata retirar a folha do Igi Ope para transformar em mariwo, aqueles que sabem entregar um carrego, aqueles que consertam as telhas das casas dos Orisas, aqueles que podam as árvores das roças, que tiram as folhas, aqueles que lutam para a manutenção e defesa da sua casa, enfim, meu respeito aos Pais Ogans. 

Sem mais, Dofono Wallace ti Yemonja.

sexta-feira, 8 de março de 2013

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - MÃE SENHORA


By Mãe Salvina do Cantuá 

Dona Senhora de Oxum teve a satisfação de ver reconhecida a sua liderança espiritual, ainda em vida, em muitas homenagens que recebeu: 

Em 1957, por ocasião do cinquentenário de sua iniciação, foi homenageada com uma grande festa no barracão do Axé lotado dos filhos-de-santo, obás e demais integrantes do egbé, delegações dos mais diversos candomblés da Bahia, personalidades da vida intelectual, muitas delas vindas do Rio de Janeiro e São Paulo, inclusive representações do presidente Juscelino Kubitschek e do seu ministro da Educação. 

Em 1959, por ocasião do IV Colóquio Luso-Brasileiro, realizado pela UFBA, Dona Senhora ofereceu no Axé um grande amalá de Xangô, numa festa pública dedicada aos congressistas. Durante a festa, o escritor Jorge Amado saudou os convidados, em nome do terreiro e de sua ialorixá, dizendo “…Estais em vossa casa porque este terreiro de Xangô, este candomblé de Senhora, tem sido – permanentemente e sempre – uma casa da cultura e da inteligência baiana… somos orgulhosos deste templo e de seu significado. Aqui passaram e estudaram Martiniano do Bonfim, babalaô da casa, nosso Édison Carneiro, o feiticeiro Pierre Verger e hoje nós, homens de cultura, somos os defensores do seu segredo e de sua grandeza, ao lado desta figura invulgar de mulher, feita de uma só peça, rainha, se a este título damos sua significação mais profunda…” 

Em 1965, Mãe Senhora recebeu o título de “Mãe Preta do Brasil” e foi aclamada pelas comunidades religiosas afro-brasileiras, que lotaram o Maracanã, no Rio de janeiro, com seus representantes, além de políticos e jornalistas.

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - DONÉ RUNHO


Maria Valentina dos Anjos Costa nasceu no ano de 1877, descendente direta de escravos oriundos do antigo Dahomey, foi a terceira sacerdotisa da comunidade de candomblé jeje do Terreiro do Bogun (Zoogodo Bogun Male Hundo). Iniciada para o Vodun Sogbo, assumiu o terreiro do Bogun em 1925 - após o falecimento de Gaiakú Romana de Kposú (Kposusi Romaninha) - onde se tornou uma das mais memoráveis sacerdotisas do Candomblé Jeje. Conhecida pelo nome de Mãe Runhó. 

Mãe Runhó comandou o Terreiro do Bogun mantendo os princípios e a tradição africana de culto aos Voduns. Faleceu em 27 de Dezembro de 1975 vítima de um enfarte. Seu enterro foi realizado conforme a tradição; o caixão saiu pela janela da casa e foi transportado pelos filhos de santo, que o carregavam nas costas; a cada encruzilhada três passos a traz e três passos a frente eram dados e seguia o cortejo com cânticos específicos. Ao chegar ao cemitério na Quinta dos Lázaros o caixão é largado ao chão e canta-se em louvor a Ayizan - que representa a memória ancestral, na seita - e logo após é enterrado diretamente na terra como manda a tradição. Antes de cobrir o caixão com terra, cada filho de santo deve jogar um punhado de terra em cima. 

Após a morte de Mãe Runhó o terreiro passou a ser comandado por Evangelista dos Anjos Costa - Mãe Nicinha ou Gamo Lokosi - filha carnal de Mãe Runhó. 

FONTE: Hùngbónò Charles | Maio 3, 2012 at 2:17 am | Categorias: Candomblé | URL: http://wp.me/pds6I-183

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - O MATRIARCADO NO CANDOMBLÉ


A mulher sempre teve uma posição de grande força dentro da nossa religiosidade. Uma religiosidade que se estende diretamente também à UMBANDA SAGRADA, como também dentro do CANDOMBLÉ

Como dirigentes de diversas casas de Santo, são muitas vezes encontradas na política, na organização de todas as funções de grande porte dentro de suas organizações dos seus respectivos Ilês. Um poder que vem de tradição desde suas chegadas aqui no tempo da escravidão, representadas pelas MULHERES NEGRAS, que trouxeram para todos nós essa sublimidade de nossa religiosidade. 

Na África, era comum as mulheres participarem do Conselho dos Ministros. Elas tinham organizações próprias e lideravam um intenso comércio que incluia rotas internacionais. Foi por isso, que na Bahia, a partir século XIX, elas conseguiram o que parecia impossível. Deram à luz a uma Organização religiosa, que conciliou tradições de diferentes povos da Diáspora Africana, resistindo à escravidão e a perseguição policial, com diplomacia, inteligência e fé. 

Esta produção é uma reportagem pensada e produzida por Urânia Munzanzu, Vilma Neres e Lívia Machado, estudantes de Comunicação Social (Jornalismo) pelo Centro Universitário Jorge Amado. Uma produção pensada para a disciplina de Telejornalismo II, sob orientação da Mestre Silvana Moura.


COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - NAÇÃO BATUQUE



O Batuque ou simplesmente Nação, é uma religião afro-brasileira, ou quem sabe afro-gaúcha, pois está presente principalmente neste estado e em lugares vizinhos a ele (como Santa Cataria, e outros países como Uruguai e Argentina). 

Tem seu culto voltado aos Orixás e é fruto de religiões dos povos da Costa da Guiné e da Nigéria, com as nações Jeje, Ijexá, Oyó, Cabinda e Nagô (e as chamadas “mistas” como Jeje-Ijexá, Jeje-Nagô, Nagô-Ijexá, etc). Apesar de diversas nações o culto do Batuque é praticamente homogeneo em todas as casas predominando a cultura Ijexá que cultua doze orixás (Bará, Ogum Oyá, Xangô, Odé e Otin, Ossanha, Obá, Xapanã, Oxun, Yemanjá e Oxalá), além dos Ibejis. 

A Nação Oyó se caracterizava principalmente pela ordem das rezas: primeiro tocava-se para todos os Orixás masculinos, depois para os femininos, e finalizava-se com Oyá, Xangô e Oxalá (Oyá e Xangô no final, representando o Rei e a Rainha de Oyó)e dizem também que ao final da cerimônia, os orixás carregavam a cabeça dos animais a eles sacrificados, já em estado de decomposição, na boca. 

A Nação Cabinda embora de origem bantu não cultua nkisis (muitos desconhecem esta palavra), mas sim Orixás, os mesmos de Ijexá, com acréscimo de algumas qualidades de Bará (Bará Legba) e Oyá (Oyá Dirã, Oyá Timboá) e o culto aos Eguns é muito forte nesta nação, tendo toda a casa de Cabinda o assentamento de Igbalé (casa dos mortos). Nesta nação os filhos de Oxun, Yemanjá e Oxalá podem entrar e sair dos cemitérios quando bem quizerem, sem que sua obrigação ou feitura seja prejudicada, diferentemente das demais nações, onde os filhos destes orixás só podem entrar em cemitérios quando for algo extremamente importante. 

A Nação Jeje, assim como a Cabinda, adotou o panteão Yoruba dos orixás, que são os mesmos de Ijexá, sendo muito comum as casas de Jeje-Ijexá. Muitos sacerdotes da Nação Jeje do Batuque desconhecem a palavra Vodun, embora se tenha relatos de culto a algumas destas divindades antigamente. Os descentendes de Pai Joãozinho do Bará (Esú By) são os que mantém firme as tradições desta nação, como o uso de agdavís em seus rituais (chamado “Jeje de pauzinhos”), o assentamento de Ogun semelhante ao do Vodun Gun no Daomé, e existência de pessoas iniciadas para Dan e Sogbo. As cerimônias se iniciam com a parte Jeje (com cânticos no dialeto fongbe) e a dança em pares (simbolizando o par da criação Mawu-Lisa) e o toque com as “varinhas” e depois a parte Yorubá com as rezas tradicionais do Batuque. 

A Nação Nagô é muito parecida com o candomblé tanto nas cerimônias como nas características dos Orixás. Nesta nação usa-se sacrificar os animais deitados e não suspensos como nas demais. Está quase extinta. 

Orixás do Batuque 

Os Orixás cultuados no Batuque são doze: Bará, Ogun, Oyá, Xangô, Odé, Otin, Ossanha, Obá, Xapanã, Oxun, Yemanjá e Oxalá. O culto aos Ibejis varia de acordo com a nação, sendo que em algumas (como na Cabinda) são associados e considerados como qualidades de Xangô (Xangô Aganju di Ibeji) e Oxun (Oxun Ipandá di Ibeji). Alguns orixás se dividem em qualidades, chamadas de “classes de orixá” no Batuque e depois é revelado somente ao filho e ao sacerdote o “sobrenome do orixá” que seria como o orukó/digina do candomblé. No Batuque acredita-se que a pessoa não deve ficar sabendo que foi possuida (“ocupada” é o termo do Batuque) pelo seu orixá, sob pena de ficar louco. Mas alguns dizem que não pode é ficar comentando sobre o que o orixá fez ou deixou de fazer, não se comenta sobre a incorporação. Os orixás do Batuque 

Bará 

É o primeiro a ser saudado em todas as ocasiões, e também é chamado de Exu. É o orixá que representa a comunicação entre os homens e as divindades e é aquele que abre os caminhos. Trás a chave nas mãos, simbolizando o “guardião de todas as portas” e é responsável pelo bom andamento dos negócios e tudo que se relaciona a dinheiro. Suas oferendas são basicamente constituidas com milho torrado, azeite de dendê e opetés de batata inglesa. A cor é o vermelho. Se divide nas classes: 

BARÁ LEGBA ou ELEGBA: é sincretizado ao demônio e usa o tom escuro de vermelho, assentado fora dos templos e é responsavel pela comunicação entre os mundos. Segundo a tradição é daomeano, mas é cultuado somente na Nação Cabinda (?). 

BARÁ LODÊ: assentado fora do terreiro, é responsável pela segurança do mesmo. É o orixá que mantém a estrutura do templo; sua sustentação depende do Bará ou Exu Lodê. 

BARÁ ADAGUE: assentado dentro do terreiro e recebe suas oferendas na encruzilhada. É o mais chamado, pois faz a frente dos orixás Ogun, Oyá, Xangô, Odé, Otin, Ossanha, Obá e Xapanã. 

BARÁ AGELU: é o Bará que faz frente para os orixás das aguas como Oxun, Yemanjá e Oxalá. Em suas oferendas usa-se, além do azeite de dendê, o mel. 

BARÁ LANÃ: tem as mesmas atribuições do Bará Adague. 

Saudação: Alúpo ou Lalúpo 

Dia da Semana: Segunda-feira 

Número: 07 e seus múltiplos 

Cor: Vermelho 

Guia: Corrente de aço (para alguns), vermelho escuro (Legba), vermelha 

Oferenda: Pipoca, Milho torrado, 07 batatas inglesas assadas e azeite de dendê 

Ogun 

Orixá da guerra, do ferro, da metalurgia. Tem praticamente as mesmas caracteristicas que a ele se aplicam no candomblé. Sua cor é o verde e vermelho, mas pode-se usar o azul escuro. Ogun Avagã tem seu assentamento do lado de fora e tem a mesma função de defender e equilibrar a casa, assim como Bará Lodê, e usa cores no tom escuro. Dizem que ele é um Vodum, conhecido como Gún Awagàn. Temos também Ogun Onira (ou Onire) e Ogun Adiolá (que vive junto aos orixás da água, Oxun e Yemanjá). A saudação do Ogun é Ogunhê. 

Saudação: Ogunhê 

Dia da Semana: Segunda-feira para Ogum Avagã 

Quinta-feira para os demais 

Número: 07 e seus múltiplos 

Cor: Vermelho e Verde 

Guia: Vermelho e Verde escuros 

Oyá 

É a divindade dos ventos e das tempestades, uma das esposas de Xangô. Rainha dos raios, ventos e tempestades, Oyá é um Orixá feminino, enérgico, sensual e autoritário. Na mitologia dos Orixás, Oyá primeiramente foi casa com Ogum, traindo-o mais tarde com Xangô, não abandonando as relações com seu primeiro casamento. Em outra passagem mitológica, Oyá é presenteada por Xapanã, que a concede o poder sobre os eguns – espíritos, tornando-se conhecida também por a Rainha dos Eguns. 

Saudação: Epaiêio 

Dia da Semana: Terça-feira 

Número: 07 e seus múltiplos 

Cor: Vermelho e Branco 

Guia: 01 conta vermelha, 05 contas brancas, 01 conta vermelha 

Oyá Timboá (Cabinda) é tida como “a mais quieta” que sabe fazer as coisas. Oyá Dirã (igualmente Cabinda) é a dona dos Eguns. 

Xangô 

O Orixá do fogo e do trovão, Senhor da Justiça, considerado um Orixá vaidoso, que gosta de festas e comemorações. Sua sensualidade atrai as mulheres de modo geral, na Mitologia dos Orixás, Xangô é casado com três mulheres: Oyá, Obá e Oxun. Tem as classes Aganju e Agodô. 

Este Orixá é sempre lembrado, pelos fiéis do Batuque, em casos de difícil resolução e justiça, já que suas atitudes são sábias e rígidas. 

Saudação: Caô Cabecile 

Dia da Semana: Terça-feira 

Número: 06 e seus múltiplos 

Cor: Vermelho e Branco 

Guia: 01 conta vermelha, 01 conta branca, 01 conta vermelha 

Odé e Otin 

No Batuque, estes dois Orixás são cultuados juntos. São os protetores das matas e dos animais silvestres e selvagens. Os filhos de Otin são quase inexistentes, pois na Mitologia, Otin não teve filhos na terra, dando assim as cabeças dos filhos para Odé. Com o passar dos tempos já se nota a existência de filhos de Otin, caso raro e absurdo para muitos Pais-de-Santo. Não se sacrifica para um sem dar para o outro, os animais são os mesmos, mudando apenas o sexo. 

Saudação: Oquebambo 

Dia da Semana: Sexta-feira, pois é o dia da Iemanjá, que é mãe de Odé, para outros Segunda-feira 

Número: 07 e seus múltiplos 

Cor: Azul forte e branco para Odé e Azul forte e rosa para Otin 

Guia: 01 conta azul, 01 conta branca, 01 conta azul, para Odé e 01 conta rosa, 01 conta azul, 01 conta rosa, para Otin. 

Ossanha 

A este Orixá pertence todas as folhas medicinais e ervas utilizadas nos rituais de Nação, por este motivo, temos um Orixá muito respeitado e cultuado em todos as Casas de Religião, podemos dizer que Ossanha possui a solução para todos os problemas relacionados a cura de enfermos, tanto material quanto espiritual. Este Orixá não possui uma das pernas, caminha com auxílio de muletas, quando se manifesta em algum filho, este dança normalmente em apenas em uma de suas pernas. 

Saudação: Ewe o 

Dia da Semana: Segunda-feira 

Número: 07 e seus múltiplos 

Cor: Verde Claro e amarelo. 

Guia: 01 conta verde e 01 conta branca alguns usam verde e amarelo. 

Obá 

Todas as máquinas, carros e navios estão relacionados com Obá, pois a ela pertencem a roda e o leme. Tem as mesma lenda do candomblé. 

Saudação: Exó 

Dia da Semana: Segunda-feira ou Quarta-feira 

Número: 07 e seus múltiplos 

Cor: Rosa 

Guia: toda rosa 

Xapanã 

Sua Mãe, Nanã Burucun, abandonou-o na praia quando pequeno por suas feridas em grande quantidade. Xapanã foi recolhido as profundezas do oceano, cuidado e criado por Iemanjá, que fez para ele uma roupa de palha-da-costa, cobrindo-o da cabeça aos pés. Ficou forte e saudável, porém as cicatrizes nunca desapareceram. Normalmente os filhos deste Orixá são marcados pelo corpo, com pequenas feridas, espinhas, manchas e secreções que assim como aparecem, desaparecem, ficando neste processo pelo resto da vida. Tem as qualidades Jubeiteí, Belujá e Sapatá (este último vem do nome do vodun Sakpata) 

Saudação: Abáo! 

Dia da Semana: Quarta-feira 

Número: 07 e seus múltiplos 

Cor: Vermelho e Preto e para Sapatá roxo. 

Guia: 01 conta vermelha, 01 conta preta, 01 conta vermelha e para sapatá roxa. 

Oxun 

Senhora soberana das águas doces. Todos os rios, lagos, lagoas e cachoeiras pertencem a este Orixá. O casamento, o ventre e a fecundidade e as crianças são de Oxun, assim como, talvez por consequência, a felicidade. O ouro e o dinheiro em todas as suas espécies também são de Oxun. Pela hierarquia é o primeiro Orixá doce seguida de Iemanjá e Oxalá, formando assim o grupo de Orixás chamado de Cabeças Grande. Tem as qualidades Oxun Ipondá ou Pandá (jovem e muito bonita, esposa de Xangô), Oxun Ademun (misteriosa, representa o fundo dos rios), Oxun Adocô ou Docô (cuida das crianças e faz frente com Oxalá) e Oxun Olobá (muito antiga). 

Saudação: Iê iêu! 

Dia da Semana: Sábado 

Número: 08 e seus múltiplos 

Cor: Todos os tons de amarelo, a escolha do tom depende da característica da Mãe 

Guia: toda amarela de um mesmo tom, o tom varia com a característica da Mãe 

Yemanjá 

Com certeza não existiria outro elemento da natureza para representar e ser o habitat deste Orixá, como o mar. O mar é lindo, fascinante e belo, porém na maioria das vezes severo e perigoso quando não respeitado ou usufruído da maneira correta, características diretamente relacionadas com a Grande Mãe. Nanã Borocun que no candomblé é um orixá a parte, no Batuque é uma qualidade mais velha e antiga de Yemanjá. Tem também as qualidades de Boci e Bomi. 

Saudação: Omi odô! alguns usam Omi Odo Iyá! 

Dia da Semana: Sexta-feira 

Número: 08 e seus múltiplos 

Cor: azul claro, azul forte ou incolor, dependendo da característica da Mãe. Para Nanã Borocun usa-se o lilás. 

Guia: toda da mesma cor, o tom do azul ou se for incolor varia com a característica da Mãe e para Nanã o lilás. 

Oxalá 

Pai de todos os Orixá e mortais, Oxalá é o maior e mais respeitado Orixá nas Nações africanas, a paz e a harmonia espiritual são as características deste que é o Criador e Administrador do Universo. Quando moço, se manifesta em seu Cavalo-de-Santo dançando como os outros Orixás, quando se apresenta em suas passagens velhas, chega se arrastando caminhando com dificuldade, muitas vezes fica parado no lugar esperando o auxílio de algum Orixá moço. Pertence a Oxalá de Orumiláia (que no Batuque é qualidade de Oxalá e seria Orumilá no candomblé) a visão espiritual, como consequência o jogo de Búzios. Existem qualidades como Oxalá Olocun (ligado a Yemanjá e as águas), Oxalá Jobocun e Oxalá Dacun. 

Saudação: Epaô Baba! 

Dia da Semana: Domingo 

Número: 08 e seus múltiplos 

Cor: Branco e Branco com preto para Oxalá de Orumiláia 

Guia: toda branca ou 01 branca, 01 preta, 01 branca para Oxalá de Orumilá. A ordem de saudação destes orixás é: Bará (legba, lode, adague, lanã, agelu), Ogun (avagã, onira, olobedé, adiolá), Oyá (oyá timboá, oyá dirã), Xangô (aganju, agodô), Odé e Otin, Obá, Ossanha, Xapanã (jubetei, belujá, sapatá), Oxun (pandá, ademun, doco, olobá), Yemanjá (boci, bomi, nanã-borocun) e Oxalá (olocun, obocun, dacun, jobocun e Oromiláia).

quinta-feira, 7 de março de 2013

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - INICIAÇÃO DE EKEDJIS E OGÃNS


Para os cargos ou postos de Ogan e Ekedi, normalmente são pessoas escolhidas pela Iyalorixá ou por algum Orixá da casa. Serão pessoas de sua inteira confiança, pois ficarão com a responsabilidade de zelar da casa e da festa enquanto a (o) Ialorixá/Babalorixá estiver em transe. 

Uma vez que não entram em transe, Ogans e Ekedis passam por todos os preceitos que passam os Iaôs inicialmente e até um determinado momento, mas durante o desenrolar da obrigação constatado que não entrará em transe, é confirmado através do jogo de búzios no merindilogun o Orixá que trará o Orunkó do Ogãn ou da Ekedi na festa. 

Se foi escolhido pelo Orixá da Iyalorixá ou Babalorixá ou pelo Orixá de uma das Egbomis da casa, o Orixá que o escolheu é que sairá no barracão acompanhando o iniciado. Nesse caso a festa não terá tantas saídas como as saídas de Iaô. Mas no final terá o mesmo banquete de confraternização entre todos presentes. 

Quanto ao resguardo e ewo também não será igual ao do Iaô, será de acordo com o jogo de búzios, mas geralmente é de 21 dias de Quelê e normalmente cumpridos na roça, no caso de impossibilidade por motivo de trabalho, sai de manhã para trabalhar e vem dormir na roça até terminar o período de Quelê. 

Normalmente o Ogan e a Ekedi não cumprem o mesmo resguardo do Iaô, por não ter realizado todos os preceitos necessários ao último. Quando iniciados, equivalem ao Ebômi em idade de santo, tendo portanto os 7 anos de idade perante os Iaôs.

OBS: Com esta postagem, daremos início aos assuntos referentes aos PAIS OGÃNS, a partir de amanha. Não percam.

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - TESTEMUNHO DE EKEDJI CÉLIA T'OSUN

Motumbá meus (minhas) irmãos (ãs) de nosso BLOG OLHOS DE OXALÁ

Aqui estamos postando um TESTEMUNHO DE FÉ proveniente do grande exemplo de vida e dedicação aos ORIXÁS: EKEDI CÉLIA T' OSUN.




COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - EKEDJI, MAKOTA

BY DOFONO WALLACE T' YEMONJÁ 



A Ekedj em seu papel de Mãe exerce a função de Dama de honra do Vodun regente da Casa. É dela a função de zelar, acompanhar, dançar, cuidar das roupas e apetrechos do Vodun da casa além dos demais Voduns dos filhos e até mesmo dos visitantes. Atua sempre ao lado do Vodun e que também cuida dos objetos pessoais do babalorixá ou Yalorixá. 

O cargo de Ekedj é muito importante, pois será ela a condutora do Vodun incorporado no Abassá (sala de festividades) e dela a responsabilidade de recolhê-los e "desvirá-los", observando as condições físicas daqueles que desviraram. O procedimento para se tornar uma Ekedj é o seguinte: primeiramente ela é apresentada - não suspensa como Ogã - e logo depois será confirmada com as obrigações de acordo com cada Nação. 

Lenda Djeje de como surgiu a primeira Ekedj: 

Olissá criou a d’angola , quando habitantes de uma aldeia estavam sendo assombrados por Ikú , que por ordem do grande rei pegaram uma galinha preta e pintaram com efun , e quando Ikú viu aquele animal estranho fugiu assustado e nunca mais voltou. 

Aziri pegou então a d’angola que passou a ser um animal sagrado e fez dela seu primeiro Yao. 

Até que um dia Aziri resolveu fazer em sua mucama e assim foi criado o primeiro vodunci que mais tarde se tornaria uma sacerdotiza. 

Vendo que a noticia se espalhara depressa e que os outros voduns fariam o mesmo Aziri resolveu fazer uma reunião e consultou Orunmilá que convidou todos os voduns. 

Chegando a reunião Orunmilá ordenou que cada vodun escolhesse ainda no ventre da mãe uma criança para que ela fosse o sacerdote do vodun e que não virasse com nada . Já que se na terra fariam vduncis e mais tarde seriam sacerdotes quem zelaria por eles , se todos virassem com vodun quem olharia pela casa de santo por tudo , quem zelaria por eles voduns quando viessem no ori dos vodunces. 

Assim surgiu a primeira ekedji do ventre de uma mucama de Aziri.... 

Kolofé!

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - SER UMA EKEDJI



Comumente, vemos pessoas do Santo, dizerem que Ekédi, não é um cargo alto dentro de uma casa de Candomblé. Estão enganados. Ser uma Ekédi é antes de tudo ser a eleita para cuidar dos Orixás da casa. 

Este cargo é de muito valor dentro das “roças” de Santo, e seu nome varia conforme a nação em que a pessoa foi feita. No Jêje ela é conhecida como Ekédi, já no Kêtu são chamadas de Ajoié na Casa Branca e de Iyárobá no Gantois. Na Nação Angola conhecem-nas como Makota. O termo Ekédi tem sua origem na nação Jêje como disse, mas se popularizou em todas as casas de Candomblé do Brasil. 

Dentro da hierarquia feminina do candomblé, este é o cargo mais conhecido, e muitas mulheres sentem ânsia em ter esse cargo, mas, somente as escolhidas podem ter acesso a este posto hierárquico. Elas não entram em transe, ou seja: não incorporam, mas nem por isso são menores que os rodantes, pois que, precisam estar acordadas para exercerem sua função. 

Dentro de uma casa de Santo onde se tem axé, Ekédi é chamada de mãe e tem o respeito dos demais como tal, afinal ela assiste todos os rituais que nós rodantes muitas vezes não assistimos pelo fato de estarmos manifestados por nosso Orixá. 

A importância de uma Ekédi é tanta, que a ela cabe o direito de dançar com o santo do zelador da casa, de enxugar seu rosto dentre muitas outras funções. É a Ekédi quem ajuda os Orixás a se vestirem, de cuidar das roupas de Santo e dos demais utensílios pertinentes a eles. Além de tudo isso, ela cuida dos pertences pessoais do Zelador da Casa. 

Este cargo é de suma importância dentro do Candomblé, afinal são as Ekédis que conduzirão os Orixás manifestados em seus filhos. E quando chega o momento desses Seres voltarem para sua morada, são as Ekédis quem e os recolhem e os desviram, cuidando ainda das condições físicas daqueles que cederam seus corpos para que nossos Encantados pudessem vir ao Oyê, Terra. 

Este cargo é, portanto, de uma grandiosidade incomparável dentro de uma casa de santo, mesmo porque, o babalorixá ou a yalorixá não dariam conta de atenderem a todos os requisitos dos Orixás, sem essas pessoas que são, seus verdadeiros Ministros. 

A complexidade de uma casa de Santo é muito maior do se pensa, e os rituais exigem muito das pessoas, principalmente no pertencente ao esforço físico, para que tudo esteja sempre ao contento e assim, os Orixás estejam plenamente satisfeitos. 

A Ekédi não é suspensa como o Ogã, ela é apresentada ao povo, e com sua cantiga própria,não podendo de forma alguma a mesma, ser usada para outra finalidade, e, quando seu Santo pede, ela então passa pelo processo de confirmação, dado que seu ritual de iniciação é diferente de todos os demais, mesmo dos Ogãs. 

Durante todo o período de festividade de uma “roça” vemos as mães Ekédis, ocupadas, de um lado para outro, garantindo que tudo esteja ao agrado tanto da Divindade como do zelador da casa, pois nada pode dar errado, caso contrário à vida da pessoa que está passando pela obrigação poderá ter sérias complicações. 

Mesmo seu vestuário se diferencia dos demais membros da casa. Em algumas casas como a Casa Branca, ela se veste com um vestido discreto e não de baiana, usa o fio de contas de seu Santo, e um pano da costa que geralmente é dobrado e posto no ombro. Nesta casa, ela também não tem o hábito de dançar no Xirê dos Orixás. 

Já em outras casas, e podemos considerar na grande maioria, ela se veste de baiana, mas com um certo toque de requinte, diferenciando-se das Yawôs e dança as cantigas que são entoadas em homenagem aos Orixás, toca o Adjá, e participa de forma ativa de todos os rituais litúrgicos. 

Porém, mesmo nas casas onde ela dança, se um Santo “virar”, ela imediatamente vai ao seu encontro, amparando e cuidando D’ele, para que se sinta amado e repeitado. Se não fossem as Ekédis, muita coisa nas casas de santo não poderiam ser feitas com a perfeição que são, porque até mesmo nas matanças, elas ali estão acudindo a todos, cuidando para que o Santo e o zelador estejam sempre amparados da melhor forma possível. 

Devemos às Mães Ekédis, um respeito maior do que se imagina, pois que, da mesma forma que os Ogãs, elas têm um contato com nosso Orixá de uma forma que Jamais teremos, dado que estamos incorporados por eles. São elas que conseguem identificar até mesmo na forma de um Orixá pisar se ele está mesmo satisfeito, se está alegre ou aborrecido. 

E, quando identificam um aborrecimento na Sagrada face de um Orixá, imediatamente tomam as medidas necessárias para que aquela Divindade sinta-se à vontade, alegre e feliz dentro daquela casa. 

Alguns que não merecem os Orixás costumam levantar calúnias contra nossas mães e até mesmo as abordarem com assuntos mundanos. Enganam-se e muito, pois elas são mães de nossos santos e eles as amam tanto que farão sim, a justiça sempre que verem que elas estão sendo sub julgadas ou desrespeitadas. 

Nada fazemos sem elas estarem presentes, pois que, nos acompanham em todos os rituais, desde os ebós do iniciado, até sua catulagem e matança. Em todos os seus atos de nascimento, elas ali estão, nos auxiliando e garantindo que tudo saia a contento daquele Orixá. 

Então, para aqueles que insistem em desrespeitar uma Ekédi, saibam que por mais velhos que possamos ser, temos mesmo que trocar de benção com elas, afinal, não têm culpa do cargo que seu Orixá traz.

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - EKEDJI


Ekedi, Ajoiê e Makota nomes dados de acordo com a nação do candomblé, é um cargo feminino de grande valor, escolhida e confirmada pelo Orixá do Terreiro de candomblé (não entram em transe). 

Na Casa Branca do Engenho Velho, as ajoiés são chamadas de ekedis. No Terreiro do Gantois, de "Iyárobá" e nos terreiros de Angola do candomblé Bantu, é chamada de "makota de angúzo", "ekedi" é nome de origem Jeje, que se popularizou e é conhecido em todas as casas de Candomblé do Brasil. 

Dentre os cargos femininos na hierarquia do candomblé no Brasil, o mais conhecido é da Ekedi, como os ogans, elas não são possuídas por seu orixá de cabeça, ou seja não entram em transe, pois necessitam estar acordadas para atender as necessidades dos Orixás, Voduns ou Inkices para os quais foram devidamente preparadas para servir. 

A ekedi na maioria das casas também é chamada de mãe, exerce a função de dama de honra do Orixá regente da casa. É dela a função de zelar, acompanhar, dançar, cuidar das roupas e apetrechos do Orixá da casa, além dos demais Orixás, dos filhos e até mesmo dos visitantes. É uma espécie de “camareira” que atua sempre ao lado do Orixá e que também cuida dos objetos pessoais do babalorixá ou iyalorixá. 

O cargo de ekedi é muito importante, pois será ela a condutora dos Orixás incorporados no Egbê (barracão ou sala de festividades) e dela é a responsabilidade de recolhê-los e “desvirá-los”, observando as condições físicas daqueles que “desviraram”. Para se tornar uma ekedi, ela primeiramente é apresentada e não suspensa como o Ogan, e logo depois será confirmada, com as obrigações de Roncó. 

Vestuário 

Existe muita diferença de uma casa para outra e mesmo de uma nação para outra, na forma de se vestir. Na Casa Branca do Engenho Velho a ajoiê não usa roupa de baiana e nem dança na roda do xirê, o traje tradicional da ajoiê é um vestido discreto, um fio-de-contas e um pano da costa dobrado sobre um ombro ou na cintura. Sempre tem uma toalha ou tecido à mão para secar o rosto do filho-de-santo que está em transe, no dia a dia usa uma roupa de ração como todas as participantes do candomblé. 

Já em outras casas, vai depender do babalorixá ou iyalorixá deliberar o uso da roupa de baiana pelas ekedis. Em muitos candomblés de Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo é muito comum encontrar ekedis vestidas de baiana e dançando na roda do xirê.

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - ORIGEM DA PALAVRA DAOMÉ



A palavra DAHOMÉ, tem dois significados: Um está relacionado com um certo Rei Ramilé que se transformava em serpente e morreu na terra de Dan. 

Daí ficou "Dan Imé" ou "Dahomé", ou seja, aquele que morreu na Terra da Serpente. 

Segundo as pesquisas, o trono desse rei era sustentado por serpentes de cobre cujas cabeças formavam os pés que iam até a terra. 

Esse seria um dos significados encontrados: Dan = "serpente sagrada" e Homé = "a terra de Dan", ou seja, Dahomé = "a terra da serpente sagrada". Acredita-se ainda que o culto à Dan é oriundo do antigo Egito. 

Ali começou o verdadeiro culto à serpente, onde os Faraós usavam seus anéis e coroas com figuras de cobra. Encontramos também Cleópatra com a figura da cobra confeccionada em platina, prata, ouro e muitos outros adornos femininos. 

Então, posso dizer que este culto veio descendo do Egito até Dahomé. 

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - NAÇÃO DJEJE-MARIN


Candomblé Jeje, é o candomblé que cultua os Voduns do Reino de Dahomey levados para o Brasil pelos africanos escravizados em várias regiões da África Ocidental e África Central. 

Essas divindades são da rica, complexa e elevada Mitologia Fon. Os vários grupos étnicos - como fon, ewe, fanti, ashanti, mina - ao chegarem no Brasil, eram chamados djedje (do yorúbà ajeji, 'estrangeiro, estranho', designação que os yorúbà, no Daomé atribuíam aos povos vizinhos. 

Introduziram o seu culto em Salvador, Cachoeira e São Felix, na Bahia, em São Luís, no Maranhão, e, posteriormente, em vários outros estados do Brasil. 

Mitologia 

Na Mitologia Fon os voduns na África são agrupados em "famílias" chefiadas por um vodun principal, ora representando um elemento ou fenômeno da natureza, ora da cultura. 

Familias Ji-vodun 

Na mitologia fon são os voduns do alto, muito respeitados no panteão vodun por estarem ligados ao ciclo das chuvas que possibilitam as colheitas, e é uma grande família cujo chefe é simplesmente chamado de Sô. 

Sô é filho de Aguê e Mawu e teve como parceira sua irmã gêmea Agbê, da qual nasceram os Sovi (filhos do fogo), os machos Heviossô, Aklonbé, Adjakatá, Gbadé, etc. e as fêmeas Sinmenu-Sogbô, Naeté, Aden, Keli, Gbewessú, etc., e a caçula mimada Avlekete. 

Todos eles representam aspectos da tempestade, produto do turbulento acasalamento concreto entre o fogo e a água. 

Pela ligação com as chuvas, os Ji-voduns participam do ciclo das águas e agrupam também ao redor de si os inúmeros voduns ligados a este elemento, entre os quais o principal e já mencionado Agbê, que é o chefe dos Tó-vodun, os voduns das águas (não confundir com Tô-vodun, ou vodun regional). 

Lissá, o camaleão que puxa os astros no céu com a corda transparente que sai de sua cloaca é também considerado um Ji-vodun. Tô-vodun Existem duas definições para Tô-vodun. Tanto podem ser um vodun cultuado por todos os habitantes de uma localidade, como sendo emblemático daquela localidade, independente dos laços familiares e tribais entre os habitantes; como também podem ser voduns cultuados por praticamente todos os adeptos da religião Fon. 

Neste caso, Legba, Fa, Gu, e talvez Agué, são tô-voduns. Algumas vezes essa atribuição pode ser estendida a voduns populares como Sakpatá, Dan, Lissá e Heviossô. Não se deve confundir Tô-vodun com Tó-vodun, ou voduns das águas, como Agbê, Sinmenu-Sogbô, Naeté, Avlekete, os Tohossu, etc. 

Ayi-vodun 

Os Ayi-vodun são os voduns da terra, considerados de extrema importância na mitologia fon por controlarem a fertilidade da terra, as doenças e a duração da vida, enfim, a própria morte. 

O chefe dos Ayi-vodun é o vodun Sakpatá o Rei do Mundo, senhor da terra e da varíola. 

A família deste vodun é numerosa e seu culto bastante disseminado entre os Ewe-fon, da mesma forma que o culto de Ayizan, também pertencente ao segmento dos Ayi-vodun, como também Dan e Dangbê. 

Aparentemente, os Ayi-vodun são os que tem mais iniciados dentro do culto vodun. Henu-vodun Os Henu-vodun são, segundo o Candomblé Jeje, voduns ligados a linhagens familiares particulares, das quais são considerados ancestrais míticos ou verdadeiros, chefiados por um tóhwyó, ou "patriarca". 

Quase todo Henu-vodun é também um hunvé, e sua iniciação pode ser acompanhada de peregrinações aos locais onde a tradição aponta como sendo onde o vodun passou em vida, aos hunkpame e santuários que quase invariavelmente existem nestes locais. 

A quantidade de voduns desta categoria são muitos, mas cada um possui um número límitado de cultuadores e iniciados, que se limitam aos membros da linhagem. 

Os nènsuhwe, voduns da linhagem real de Abomei, são uma sub-categoria especial de Henu-vodun. Pelo seu caráter muito especial, são poucos os Henu-vodun que chegaram à Diáspora. 

Na Casa das Minas em São Luís do Maranhão, se preservou o culto de vários nènsuhwe, e provavelmente o de Bosíkpón (Bossucó?), um atinmé-vodun tóhwyó da tribo dos ananuvi e dos akosuvi.

quarta-feira, 6 de março de 2013

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - OUTRAS NOÇÕES BÁSICAS


Candomblé é uma religião africana trazida pelo Negro que veio para o Brasil como escravo, com suas práticas ritualísticas, seus dialetos, sua visão de mundo, comidas, ritmos, músicas e danças que influenciaram na construção da sociedade brasileira. 

No Continente Africano, o Negro cultua seus Orixás e seus Antepassados (EGUNS) em diferentes áreas e regiões. Chegando ao Brasil, foram agrupados nas senzalas negros de várias nações, como estratégia de dominação plena pelos Senhores de Engenho, dificultando a integração entre os líderes e os sacerdotes que, mesmo assim, com o passar do tempo, conseguiram se reestruturar socialmente, retomando a prática do culto aos seus ORIXÁS

Em todo lugar da África a religiosidade e a espiritualidade, independentes da região, apresentam algumas características comuns: 

Expressão do culto através dos rituais e da dança. O negro dança para tudo: nascimento, casamento e morte, etc. 

É uma religião essencialmente voltada para cultuar a vida e a natureza, a integração da vida no universo e no mundo. Tudo é dinâmico. Tudo tem solução se bem integrado às forças da natureza que nos conduzem. 

É uma religião de transe mediúnico que se manifesta no corpo (incorporação). É uma religião iniciática (preparação do sacerdote). 

Acreditam que todos os homens fazem parte da mesma força universal, fluído cósmico universal e possuem uma energia inteligente protetora que filia e integra ao Cosmo – um ELEDÁ (Orixá) que ilumina no alto do seu Ori (cabeça) auxiliando na evolução espiritual durante essa sua existência no mundo físico. 

É uma religião Oracular e Oral. Oracular por usar vários processos adivinhatórios. Oral, pois a transmissão das tradições e do conhecimento se dá através da vivência, da experiência e da orientação da fala. É participando das obrigações e dos seus rituais que você aprende os fundamentos dos Orixás. 

O Candomblé é uma religião monoteísta, pois seus adeptos acreditam em um DEUS único criador – OLORUM, OLODUMARÉ, ZAMBÍ ou ZAMBIAPONGUE: e nos Orixás que representam as qualidades do Deus Superior. 

RITO ou RITUAIS – desde os XIRÊS (Festas Públicas) até os ritos mais internos, todos com a mesma proposta de integração da vida no sentido de renovação, mobilizando constantemente a comunicação entre os homens e os Orixás, entre o mundo terreno e o mundo espiritual. 

Trabalham com a noção de ÓRUM ou QUATENZALA – o mundo espiritual, espaço dos Orixás e dos Eguns; e a nação de AIYÊ, mundo físico, a vida na terra. Esses dois espaços estão em constante comunicação e intercâmbio e o culto aos Orixás tem a função de viver constantemente à relação entre os dois planos.

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - QUEBRA DE TABUS


Projeto Social Reúne Evangélicos e Católicos em um Terreiro de Umbanda 

Um grupo evangélico encontrou Jesus durante um trabalho de umbanda. Feito, inclusive, por eles com católicos e adeptos da religião espírita, com o intuito de interferir na vida de 130 famílias da Zona Oeste. Fiéis a um programa de estágio na Tenda Espírita Caboclo Flecheiro, em Santíssimo, os religiosos gospel contam que sentem a presença de Deus no projeto social. 

- Enxergo Deus e Jesus dentro desse terreiro. Eu precisava de um estágio e, quando fui convidada a participar, corri no banheiro da faculdade (evangélica) e orei: Senhor, entrego em tuas mãos. Vim confiante. O objetivo aqui é só a ajuda ao próximo - elogia Rosemere Mathias, de 48 anos, convertida na igreja Assembléia de Deus Nova Filadélfia. 

O encontro dos religiosos não tem qualquer vínculo litúrgico. Ao contrário, eles se reúnem apenas para celebrar o aprendizado do curso de Assistência Social, que já chegou ao seu 8 período em uma faculdade cristã. 

- Antes, eu tinha uma ideia horrorosa dos terreiros. Quando era mais nova, achava que tudo era obra do capeta. É que, na concepção de alguns evangélicos, Deus só está na igreja deles. Era falta de conhecimento minha - destaca a estagiária Andreia de Oliveira, de 35 anos, que atualmente procura uma igreja. 

Ação social 

O grupo se reúne no terreiro, a cada 15 dias, para distribuir pepinos às famílias assistidas. E também abacaxis, abóboras e bananas, além de frutas em geral. E, em uma sala, apuram a necessidade de cada uma - 80% delas evangélicas -, orientando-as em casos jurídicos, de saúde e até na retirada de documentos. Fora as palestras educativas sobre câncer de mama, verminoses e o uso de preservativos. E tudo gratuito. 

Uma alegria para a umbandista Meri Silva, de 45 anos, que convidou os amigos de turma para o estágio quando soube da necessidade de mão de obra social no terreiro. 

- No grupo de estágio, temos até um pastor e duas pastoras. Vejo o verdadeiro amor de Cristo neles. Fui cristã dos 9 aos 22 anos. Mas tive decepções e entrei em depressão. Fui acolhida aqui com amor - conta Meri, ex-evangélica. 

O dirigente do terreiro, Marco Xavier, também elogia o projeto “Fé com Atitude”, há um ano com os estagiários. 

- São excelentes religiosos por quebrarem tabus em relação a Umbanda - afirma Marco Xavier.

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - NAÇÃO NAGO EGBÁ



Em 1875, Inês Joaquina da Costa (Ifá Tuniké), mais conhecida como Tia Inês, desembarcava em Pernambuco vinda da cidade de Egbá, na Nigéria. Em sua mínima bagagem como por intuição do que estaria por vir, trouxe sementes e materiais usados no culto a Yemonjá, orixá cultuado na sua região, e mais algumas divindades cultuadas no panteão yorubá. 

Com o passar do tempo, ela se estabeleceu em Recife, no bairro de Água Fria, plantou as sementes das árvores sagradas, a exemplo da gameleira e do Baobá. E assim foi nascendo o Sítio de Tia Inês e uma forma de culto conhecida como Nagô Egbá, tendo sua casa matriz o próprio Sítio de Tia Inês, que mais tarde seria conhecido, registrado e tombado como Terreiro Obá Ogunté, estendendo-se então como culto mais conhecido em Recife e sua região metropolitana e como reflexo presente na cultura pernambucana. 

Após a morte da matriarca da nação Nagô Egbá, o Sítio de Tia Inês continuou aos cuidados de seus filhos adotivos e assim a regência passou a ser de pai para filho, causando assim mais uma característica da nação: o patriarcado, como sendo a maneira mais comum de herança. O mais conhecido entre os regentes foi Felipe Sabino da Costa (Ope Watanan), conhecido como Pai Adão, sua figura se mostrou tão popular dentro do culto que a casa passou a ser popularmente conhecida até hoje como Sítio do Pai Adão. 

Boa parte dos barracões, atualmente, é regida por zeladores, porém vale salientar que as casas mais tradicionais e mais respeitadas foram fundadas por mulheres. 

Os papéis do homem e da mulher são bem fixos no culto, os homens ganharam mais espaço e sempre por trás dos zeladores estão elas, as "senhorinhas" zeladoras os acompanhando. Observando conversas entre zeladores percebo certo machismo e muitas zeladoras repelem esses conceitos, arregaçam as mangas e constroem seus barracões, sendo eles regidos por elas e sendo elas auxiliadas pelos seus ogãs e ebamis, mostrando que o futuro poderá refletir novamente o passado. 

O Nagô Egbá se assemelha muito ao Ketu. É uma nação onde suas casas tradicionais mantêm as mesmas formas de culto e conceitos ensinados pelos seus antepassados, daí vem o por quê da quantidade de orixás cultuados, que citarei mais adiante, ser relativamente menor que a de outros cultos 

Como uma nação de origem yorubá, o Nagô Egbá comporta orixás, teorias e histórias mitológicas iguais ou muito próximas da nação Ketu. Além das pequenas diferenças em sua ritualística interna, a diferença mais clara está presente nas festas, nas formas como os orixás se manifestam e dançam durante os xirês. Os instrumentos principais mudam; no lugar do som mais agudo dos atabaques, está o som mais grave e compassado dos ilús. A sequência de orixás cantada durante a roda do xirê é a mesma em todas as casas e a das toadas geralmente também (provável herança da nossa casa matriz). 

Os orixás homenageados em ritual aberto ao público, o toque, são em menor número do que na nação Ketu, como já foi mencionado. São basicamente treze orixás cantados na seguinte sequência: Exu, Ogum, Odé, Obaluayê, Oxumaré, Nanã, Ewá, Obá, Oxum, Yemonjá, Xangô, Oyá e Oxalá. Ossaim tem seu culto e é sempre lembrado e homenageado durante os rituais internos e orôs; Iroko segue lembrado e cultuado nos terreiros na forma da imensa gameleira. 

Sobre o orixá Logum Edé, não há registro no culto Nagô Egbá, nós não negamos sua existência, apenas não há registro histórico sobre o orixá dentro do culto. Porém, há uma peculiaridade em relação a alguns outros cultos: o culto à Orunmilá é muito conhecido e difundido na nação com suas inúmeras cantigas cantadas durante as saídas dos balaios para Oxum e as panelas de Yemonjá, além de ser também lembrado na cerimônia de Bori. 

Houve um tempo, mais precisamente entre 1938 e 1948, em que os terreiros de Candomblé foram perseguidos, fechados e alguns até destruídos. Esse episódio ocorreu em diversas partes do país e não aconteceu diferente em Pernambuco. Muitos zeladores fecharam suas portas, abandonaram a religião, enquanto os que persistiram na sua fé faziam tudo á maneira mais escondida e disfarçada possível. 

"Era 31 de dezembro de 1948 e a comunidade de Água Fria, na Zona Norte de Recife, se aprontava para um ritual que há muito não se via, nem ouvia, a não ser em lugares secretos. Naquela noite poderiam outra vez cultuar seus deuses com o consentimento das autoridades. 

É claro que começou somente com o povo do terreiro do Sítio de Pai Adão. Os filhos e filhas de santo tocavam e dançavam ainda desconfiados; o batuque era discreto. Olhavam pelas janelas para ver se a polícia não apareceria para impedi-los, mais uma vez. As baianas usavam a saia branca do candomblé por cima de vestidos. Ficaria mais fácil de tirá-las caso os perseguidores chegassem de surpresa. Os que não acreditavam no que ouviam, aos poucos, iam se aproximando do salão do terreiro, onde acontecia um toque para Oxalá. 

De repente, um grito ecoa no salão. Era o orixá Ogum, manifestado em França, filha de santo antiga da casa. Os ogãs perderam a timidez; soltaram os braços e o toque se animou; os fiéis passaram a cantar mais alto, os cânticos a Oxalá. E os orixás da casa passaram a "descer". Mãe Joana Batista recebeu sua Iemanjá, e os demais médiuns passaram a entrar em transe e receber seus orixás. Com o passar dos dias, outros terreiros do Recife voltaram a praticar seus rituais de candomblé, livres da perseguição que durou dez anos. O fim do período marcado pelas constantes prisões de babalorixás e filhos de santo, e quebra-quebra da polícia quando encontrava imagens e símbolos africanos nas casas denunciadas, completa hoje sessenta anos." 

Esse episódio significou algumas perdas ao culto, perdas principalmente nos fundamentos de orixás recentemente inseridos ao culto durante aquela época, como Obaluayê, Nanã, Oxumaré, Ewá e Obá e que aos poucos iam sendo conhecidos pelos adeptos. E apenas os orixás mais conhecidos voltaram a ser cultuados, a exemplos: yemonjá, Oxum, Exu, Ogum, Xangô, Oyá e Odé. Com a inserção do ketu e do jeje-nagô em Pernambuco, a troca de informações fez e está fazendo, aos poucos, estes orixás que tiveram seus fundamentos perdidos voltarem a ser não apenas homenageados no xirê, mas também cultuados dentro da nação. 

(Este texto é de minha autoria, foi publicado primeiramente neste blog há anos atrás e agora está voltando à sua casa já que com a dimensão da internet muitos textos são copiados e não têm nem seus autores, nem sua fonte devidamente citadas). 

MENSAGEM RECEBIDA PELO MEU EMAIL PESSOAL MANUFESHOWBOY@YAHOO.COM.BR PELO BLOG O CANDOMBLÉ. 

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - NAÇÃO ANGOLA



*** Nação Angola*** 

A palavra Bantu compreende Angola e Congo, é uma das maiores nações do Candomblé, uma religião Afro-Brasileira. Desenvolveu-se entre escravos que falavam Quimbundo e Quicongo. 

** Terreiro de Tumba Junsara ** 

O Tumba Junsara foi fundado em 1919 em Acupe, na Rua Campo Grande, Santo Amaro da Purificação, Bahia, por dois irmãos de esteira cujos nomes eram: Manoel Rodrigues do Nascimento (dijina: Kambambe) e Manoel Ciriaco de Jesus (dijina: Ludyamungongo), ambos iniciados em 13 de junho de 1910 por Maria Genoveva do Bonfim, mais conhecida como Maria Nenem (Mam'etu Tuenda UnZambi, sua dijina), que era Mam'etu Riá N'Kisi do Terreiro Tumbensi, casa de Angola mais antiga da Bahia. Kambambe e Ludyamungongo tiveram Sinhá Badá como mãe-pequena e Tio Joaquim como pai-pequeno. 

O Tumba Junsara foi transferido para Pitanga, no mesmo município, e depois para o Beiru. Após algum tempo, foi novamente transferido, para a Ladeira do Pepino nº 70, e finalmente para Ladeira da Vila América, nº 2, Travessa nº 30, Avenida Vasco da Gama (que hoje se chama Vila Colombina) nº 30 - Vasco da Gama, Salvador, Bahia. 

Na época da fundação, os dois irmãos de esteira receberam de Sinhá Maria Nenem os cargos de Tata Kimbanda Kambambe e Tata Ludyamungongo. Manoel Ciriaco de Jesus fez muitas lideranças de várias casas, como Emiliana do Terreiro do Bogum, Mãe Menininha do Gantois, Ilê Babá Agboulá (Amoreiras), onde obteve cargos. Tata Nlundi ia Mungongo teve como seu primeiro filho de santo (rianga) Ricardino, cuja dijina era Angorense. 

No primeiro barco (recolhimento) de Tata Nlundi ia Mungongo, foram iniciados 06 azenza (plural de muzenza). Em sendo o seu primeiro barco, ele chamou o pessoal do Bogum para ajudar. Os 03 primeiros azenza do barco foram iniciados segundo os fundamentos do Bogun: Angorense (Mukisi Hongolo), Nanansi (Mukisi Nzumba) e Jijau (Mukisi Kaviungu), os 03 outros azenza foram iniciados segundo os fundamentos do Tumba Junsara. 

No Rio de Janeiro, fundou, com o Sr. Deoclecio (dijina: Luemim), uma casa de culto em Vilar dos Teles (não se sabe a data da fundação nem a relação de pessoas iniciadas). Dentre as pessoas iniciadas, ainda existe, na Rua do Carmo, 34, Vilar dos Teles, uma delas, Tata Talagy, filho de Sr. Deoclecio . 

Com a morte de Manoel Rodrigues do Nascimento (Kambambe), que assumira sozinho a direção do Tumba Junsara, Manoel Ciriaco de Jesus (Ludyamungongo) assumiu a direção até sua morte, a qual ocorreu em 4 de dezembro de 1965. 

Com a morte de Manoel Ciriaco de Jesus (Ludyamungongo), assumiu a direção do Tumba Junsara a Sra. Maria José de Jesus (Deré Lubidí), que foi responsável pelo ritual denominado Ntambi de Ciriaco, juntamente com o sr. Narciso Oliveira (Tata Senzala) e o sr. Nilton Marofá. 

Deré Lubidí era Mam'etu Riá N'Kisi do Ntumbensara, hoje situado à Rua Alto do Genipapeiro - Plataforma, Salvador, Bahia, e de responsabilidade do sr. Antonio Messias (Kajaungongo). 

Em 13 de dezembro de 1965, após o ritual de Ntambi, Maria José de Jesus (Deré Lubidí) passa a direção do Ntumbensara para Benedito Duarte (Tata Nzambangô) e Gregório da Cruz (Tata Lemboracimbe), e em ato secreto é empossada Mam'etu Riá N'Kisi do Tumba Junsara. 

Maria José de Jesus (Deré Lubidí), em 1924 recebeu o cargo de Kota Kamukenge do Tumba Junçara, e em 1932, o cargo de Mam'etu Riá N'Kisi. Em 1953 fundou o Ntumbensara, na Rua José Pititinga nº 10 - Cosme de Farias, Salvador, Bahia, que em 18 de outubro de 1964 foi transferido para o Alto do Genipapeiro. 

Com o falecimento de Deré Lubidí, assumiu a direção do Tumba Junsara a Sra. Iraildes Maria da Cunha (Mesoeji), nascida aos 26 de junho de 1953 e iniciada em 15 de novembro de 1953, permanecendo no cargo até o presente momento. 

Esta é uma síntese do histórico do Tumba Junsara, com agradecimento especial a Esmeraldo Emeterio de Santana Filho, "Tata Zingue Lunbondo", pelo referente histórico, e também a "Tata Quandiamdembu", Esmeraldo Emetério de Santana, o Sr. Benzinho, pois sem sua colaboração não poderíamos ter chegado a tais fatos. 

** Terreiro do Bate Folha ** 

Terreiro Bate Folha, Mansu Banduquenqué, Sociedade Beneficente Santa Bárbara do Bate Folha, localizado na Travessa de São Jorge, 65 - Mata Escura do Retiro, Salvador, Bahia, foi fundado em 1916 pelo Tata Manoel Bernardino da Paixão e, atualmente, é presidido por Tata Mulandure, Edualino Cipriano de Souza. O terreiro possui a maior área urbana remanescente da Mata Atlântica, aproximadamente 15,5 hectares. Foi tombado pelo IPHAN em 10 de outubro de 2003. 

No ano de 1881, Salvador, Bahia, nasceu Manoel Bernardino da Paixão. Quando já contava 38 anos de idade, Bernardino foi iniciado na Nação do Congo pelo Muxikongo (designação dos naturais do Kongo), por Manoel Nkosi, sacerdote iniciado na África, recebendo então, a dijína de Ampumandezu. 

Depois da morte de Manoel Nkosi, Bernardino transferiu-se para a casa de sua amiga inseparável Maria Genoveva do Bonfim - Mam´etu Tuhenda Nzambi, mais conhecida como Maria Nenem, mãe do Angola na Bahia, onde tirou a Maku-a-Mvumbi (Mão do Morto). 

Maria Nenem era filha de santo de Roberto Barros Reis, escravo angolano, de propriedade da família Barros Reis, que lhe emprestou o nome pelo qual era conhecido. A cerimônia de Maku-a-Mvumbi, à qual Bernardino se submeteu em 13 de junho de 1910, coincidiu com a iniciação de Manoel Ciriáco de Jesus, nascido em 8 de agosto de 1892, também na Bahia, o que ocasionou a ligação estabelecida entre Bernardino e Ciriáco que, anos mais tarde, com o falecimento de seu irmão de santo mais velho, Manoel Kambambi, que na época tinha casa aberta na Bahia, Ciriáco sucedeu kambambi, no terreiro que hoje é conhecido por Tumba Junsara. 

Com o passar do tempo, Bernardino já muito famoso, fundou o Candomblé Bate-Folha, situado na Mata Escura, em Salvador, Bahia. O terreno onde está estabelecido o Candomblé, é cercado de árvores centenárias e considerado o maior terreiro do Brasil que, na época, foi presenteado à Bamburusema, seu segundo mukixi, já que o primeiro era Lemba. 

Desta forma fica claro que, pelas origens de Manoel Nkosi, o Bate-Folha é Congo e, mantém o Angola, por parte de Maria Nenem. 

Foi no dia 4 de dezembro de 1929 que Bernardino tirou seu primeiro barco, cujo Rianga (1º Filho da casa) foi João Correia de Mello, que também era de Lemba. 

Por volta de 1930, João Correia de Mello, já então conhecido como João Lessengue (Lesenge), mudou-se para o Rio de Janeiro. 

Ao chegar, Lesenge foi morar na Rua Navarro, no Catumbi, havendo trazido em sua companhia alguns irmãos de santo, dentre os quais, se destaca por sua atuação Mãe Ngukui, componente do terceiro barco de Bernardino. 

Ngukui seria então o braço direito de Joao Lessengue na sua nova empreitada no Rio de Janeiro. Aqui, João Lessengue conheceu outras pessoas de santo em sua maioria oriunda da Bahia, passando então a participar dos rituais das diversas casas de candomblé já existentes na cidade. 

Diversas personalidades importantes do candomblé faziam parte de seu círculo de amizades, como Ebomi Dila, Mãe Agripina do Opo Afonjá, Mãe Teté, Mãe Bida de Iemanjá, Joana Cruz, Joana Obasi, Mãe Andreza, Guiomar de Ogun, Mãe Damiana, Tata Fomotinho, Vicente Bankolê, Ciriáco, América, Adalgisa, Marieta, Tia Marota, Obaladê, Nair de Oxalá, Marina de Ossãe, Nino de Ogun, Mundinho de Formigas, Otávio da Ilha Amarela, Ogan Caboclo, Álvaro do Pé-Grande, Mãe Teodora de Yemanjá, etc. No início dos anos 40, Lesenge comprou um terreno com aproximadamente 5.000 metros quadrados, no bairro Anchieta, fundando ali, o Bate-Folha do Rio de Janeiro. 

Ao longo dos anos João Lessengue tirou doze barcos, sendo o primeiro em 26 de novembro de 1944, e o último em 8 de novembro de 1969.No dia 29 de setembro de 1970, às 23:40hs., morre João Lesenge, o senhor do Bonfim de Anchieta. Após o falecimento de Tata Lesenge em 1970, a roça atravessou um prolongado luto. 

Foi somente em 1972, em ocasião de Luvalu (cerimônia de sucessão), que o Bate-Folha do Rio de janeiro reabriu, sendo ali investida no cargo como Mamétu riá Nkisi (sacerdote chefe), sua sobrinha e filha de santo, Mabeji - Floripes Correia da Silva Gomes), tornando-se, herdeira de seu tio Lesenge em todo o sentido da palavra. 

Mam´etu Mabeji, baiana do bairro da Liberdade, chegou ao Rio de Janeiro para residir com o Sr. João Lesenge em 19 de outubro de 1946 e, iniciou-se no candomblé em 20 de abril de 1947. A partir desta data, Mabeji começa a fazer parte da história do Bate-Folha. 

Por volta dos anos 50, em companhia de um índio Irapuru, chega ao Bate-Folha o Sr. José Milagres. Com o passar do tempo, Milagres casa-se com Mabeji e posteriormente, se confirma na casa como Pokó (sacrificador de animais) passando então a ser conhecido como Tata Nguzu-a-Nzambi, sua dijina. Dai em diante, Tata Nguzu tem sido um guerreiro incansável na preservação da roça em Anchieta. Em virtude da grande obra que está sendo feita, o Bate-Folha não vem proporcionando ao público suas maravilhosas festas, realizando apenas, às obrigações internas. Ressaltando, para que fique explícito às muitas pessoas que, por não terem mais notícias das famosas festas em Anchieta, comentam que o Bate-Folha acabou. 

Ressaltando ainda, que em abril do ano de (1997), o bate-Folha reabriu suas portas para a grande festa do século, ocasião em que foi comemorado os 50 anos de santo de Mam´etu Mabeji, mãe do Kongo/Angola no Rio de Janeiro. 

** Jinkices - Os Deuses Angoleiros ** 

Aluvaiá, Pambu Njila - Intermediário entre os seres humanos e os outros Jinkices. 

Nkoci, Roxi Mukumbe - Jinkice da guerra, senhor das entradas de terra. 

Ngunzu - Engloba as energias dos caçadores de animais, pastores, criadores de gado e daqueles que vivem embrenhados nas profundezas das matas, dominando as partes onde o sol não penetra. 

Kabila - O caçador pastor. É aquele que cuida dos rebanhos da floresta. 

Mutalambô, Lambaranguange - Caçador, vive em florestas e montanhas, Jinkice da comida abundante. 

Gongobila - Jovem caçador e pescador. 

Mutakalambô - Tem o domínio das partes mais profundas e densas das florestas, onde o Sol não alcança o solo por não penetrar pela copa das árvores. 

Katendê - Senhor das Jinsabas (Folhas). Conhece os segredos das ervas medicinais. 

Loango - É o próprio raio, entrega justiça aos seres humanos. 

Kaviungo, Kafungê, Kingongo, Kafundeji - Jinkice da varíola, das doenças e suas curas. 

Nsumbu - Senhor da terra, também chamado de Ntoto pelo povo Yorubá. 

Hongolo (Masculino) e Hongoloméia (Feminino) - Representado pelo arco-irís e pela cobra que morde o próprio rabo. 

Kindembu - Rei de Angola. Senhor do tempo e das estações. É representado nas casas de Angola por um mastro com uma bandeira branca, chamada de bandeira de Tempo. 

Kaiangô - Senhora do fogo. 

Matamba, Nunvurucemavula - Caminhos de Kaiango. Guerreira, comanda os Nvumbe (Mortos). 

Bambulucema - Senhora das ilhas. 

Kisimbi, Samba Jinkice - A grande mãe, Jinkice dos lagos e rios. 

Ndanda Lunda - Senhora da fertilidade e da lua. 

Kaiutumba, Kokueto - Jinkice dos oceanos e do mar. 

Nzumba - A mais velha das Jinkices, está conectada com a morte. 

Nvunji - O mais jovem dos Jinkices, senhor da justiça. Representa a felicidade da juventude e toma conta dos filhos recolhidos. 

Lemba Dilê, Lembarenganga, Jakatamba, Nkassuté, Lembá e Gangaiobanda - Conectado á criação do mundo.