quinta-feira, 7 de março de 2013

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - NAÇÃO DJEJE-MARIN


Candomblé Jeje, é o candomblé que cultua os Voduns do Reino de Dahomey levados para o Brasil pelos africanos escravizados em várias regiões da África Ocidental e África Central. 

Essas divindades são da rica, complexa e elevada Mitologia Fon. Os vários grupos étnicos - como fon, ewe, fanti, ashanti, mina - ao chegarem no Brasil, eram chamados djedje (do yorúbà ajeji, 'estrangeiro, estranho', designação que os yorúbà, no Daomé atribuíam aos povos vizinhos. 

Introduziram o seu culto em Salvador, Cachoeira e São Felix, na Bahia, em São Luís, no Maranhão, e, posteriormente, em vários outros estados do Brasil. 

Mitologia 

Na Mitologia Fon os voduns na África são agrupados em "famílias" chefiadas por um vodun principal, ora representando um elemento ou fenômeno da natureza, ora da cultura. 

Familias Ji-vodun 

Na mitologia fon são os voduns do alto, muito respeitados no panteão vodun por estarem ligados ao ciclo das chuvas que possibilitam as colheitas, e é uma grande família cujo chefe é simplesmente chamado de Sô. 

Sô é filho de Aguê e Mawu e teve como parceira sua irmã gêmea Agbê, da qual nasceram os Sovi (filhos do fogo), os machos Heviossô, Aklonbé, Adjakatá, Gbadé, etc. e as fêmeas Sinmenu-Sogbô, Naeté, Aden, Keli, Gbewessú, etc., e a caçula mimada Avlekete. 

Todos eles representam aspectos da tempestade, produto do turbulento acasalamento concreto entre o fogo e a água. 

Pela ligação com as chuvas, os Ji-voduns participam do ciclo das águas e agrupam também ao redor de si os inúmeros voduns ligados a este elemento, entre os quais o principal e já mencionado Agbê, que é o chefe dos Tó-vodun, os voduns das águas (não confundir com Tô-vodun, ou vodun regional). 

Lissá, o camaleão que puxa os astros no céu com a corda transparente que sai de sua cloaca é também considerado um Ji-vodun. Tô-vodun Existem duas definições para Tô-vodun. Tanto podem ser um vodun cultuado por todos os habitantes de uma localidade, como sendo emblemático daquela localidade, independente dos laços familiares e tribais entre os habitantes; como também podem ser voduns cultuados por praticamente todos os adeptos da religião Fon. 

Neste caso, Legba, Fa, Gu, e talvez Agué, são tô-voduns. Algumas vezes essa atribuição pode ser estendida a voduns populares como Sakpatá, Dan, Lissá e Heviossô. Não se deve confundir Tô-vodun com Tó-vodun, ou voduns das águas, como Agbê, Sinmenu-Sogbô, Naeté, Avlekete, os Tohossu, etc. 

Ayi-vodun 

Os Ayi-vodun são os voduns da terra, considerados de extrema importância na mitologia fon por controlarem a fertilidade da terra, as doenças e a duração da vida, enfim, a própria morte. 

O chefe dos Ayi-vodun é o vodun Sakpatá o Rei do Mundo, senhor da terra e da varíola. 

A família deste vodun é numerosa e seu culto bastante disseminado entre os Ewe-fon, da mesma forma que o culto de Ayizan, também pertencente ao segmento dos Ayi-vodun, como também Dan e Dangbê. 

Aparentemente, os Ayi-vodun são os que tem mais iniciados dentro do culto vodun. Henu-vodun Os Henu-vodun são, segundo o Candomblé Jeje, voduns ligados a linhagens familiares particulares, das quais são considerados ancestrais míticos ou verdadeiros, chefiados por um tóhwyó, ou "patriarca". 

Quase todo Henu-vodun é também um hunvé, e sua iniciação pode ser acompanhada de peregrinações aos locais onde a tradição aponta como sendo onde o vodun passou em vida, aos hunkpame e santuários que quase invariavelmente existem nestes locais. 

A quantidade de voduns desta categoria são muitos, mas cada um possui um número límitado de cultuadores e iniciados, que se limitam aos membros da linhagem. 

Os nènsuhwe, voduns da linhagem real de Abomei, são uma sub-categoria especial de Henu-vodun. Pelo seu caráter muito especial, são poucos os Henu-vodun que chegaram à Diáspora. 

Na Casa das Minas em São Luís do Maranhão, se preservou o culto de vários nènsuhwe, e provavelmente o de Bosíkpón (Bossucó?), um atinmé-vodun tóhwyó da tribo dos ananuvi e dos akosuvi.

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