Dia de desordem e destruição em Brejo da Madre de Deus
BREJO DA MADRE E DEUS – O dia foi de caos ontem no distrito de São Domingos, em Brejo da Madre de Deus, no Agreste. Revoltados com a morte de Flanio da Silva Macedo, 9 anos, assassinado em ritual macabro, moradores da comunidade botaram fogo em pelo menos seis casas de pessoas acusadas de atuar como pai-de-santo. O tumulto tomou conta do distrito e a polícia não conseguiu conter os atos de vandalismo, que atingiu também pessoas que nada tinham a ver com o a morte da criança. A situação só começou a se normalizar no começo da tarde, com a chegada de reforço policial, inclusive o Batalhão de Choque e dois helicópteros.
Os atos de vandalismo começaram logo cedo, por volta das 7h. Os incêndios aconteceram em sequência e foram causados por centenas de pessoas de todas as idades. Alegando que queriam matar todos os “macumbeiros”, a turba descontrolada tomou as ruas da cidade e incendiou casas em vários bairros.
Uma das primeiras fica localizada na Travessa São João, no centro do distrito de São Domingos. A pequena residência, de um homem identificado apenas como Vavá, teve os móveis retirados e queimados na frente. O fogo também atingiu o imóvel, que ficou parcialmente destruída. “Muita gente invadiu a tocou fogo. Ele usava coisa de catimbó. O pessoal está tocando fogo em todas as casas dos catimbozeiros”, disse o autônomo Jânio Arruda. Segundo populares, o morador já tinha fugido e a casa estava aberta. Um homem foi detido durante o ato de vandalismo.
Enquanto a polícia tentava controlar a situação na Travessa São João, recebeu a informação de que a multidão já estava atacando outra residência, desta vez na Rua Francisco Borba Xavier, conhecida como Rua da Lama. Segundo vizinhos, a dona da casa, identificada apenas como Dona Carminha, de 78 anos, morava no local com o marido. A população não colocou fogo na residência, mas quebrou móveis e objetos, entre eles algumas imagens de santos de candomblé.
Fonte: Jornal do Comercio
Por desinformação, ignorância e distorção da mídia, religiosos de segmentos espiritualistas e de matriz africana vêm sendo perseguidos e tendo seus centros e terreiros invadidos - e em alguns casos destruídos - em Brejo da Madre de Deus, Pernambuco.
Um homem apontado como “pai de santo” é o principal suspeito de ter planejado e participado do crime juntamente com outras quatro pessoas. Diante da atrocidade do ato, a população enfurecida vem cometendo atos durante esta semana contra centros e terreiros.
O caso, devido à dimensão, tem ganhado bastante espaço na mídia pernambucana e frequentemente cenas típicas de inquisição e intolerância passam nos canais de comunicação e me deixam perplexa diante de tal atitude, de tamanha agressão começando pelo crime e chegando aos atos de destruição e perseguição religiosa na cidade e em localidades vizinhas.
A falta de informação ainda é a principal causa desse tipo de ato relacionado a nós, praticantes de religiões de matriz africana. Uma mídia que distorce fatos, uma população ignorante e somos lançados a fogueira para sermos dizimados.
Especialmente hoje, por perceber que todos esses atos assustadores têm causas maiores, fixas, e não pontuais, questiono até quando as nossas federações continuarão tão desarticuladas nacionalmente, ainda com pouco grito, ainda com pouca vontade de gritar e se manifestar imediatamente diante desses atos, até quando o povo de terreiro irá se calar e quando a Lei 10.639 será praticada com eficácia nas escolas para construirmos cidadãos menos intolerantes, menos manipuláveis e um pouco mais sensatos.
Como religiosa me pus no lugar de cada um que teve a sua casa de culto destruída, de cada um que foi agredido e imagino o sentimento de impotência e de falta de proteção que nos cerca. Já está passando da hora de unirmos, meus irmãos. Já está passando da hora da nossa religião se transformar na instituição que
naturalmente ela deve ser.
MATERIA
ENCAMINHADA AO MEU EMAIL PESSOAL MANUFESHOWBOY@YAHOO.COM.BR PELO SITE: O
CANDOMBLÉ.
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