Amados amigos esta postagem foi retirada do BLOG OFICIAL DA CASA DE OXUMARÊ, no endereço: http://www.casadeoxumare.com, datado em 19/05/2012. Onde vemos de fato que a importância de conhecermos a família a quem pertencemos e juntos contribuir com um verdadeiro CANDOMBLÉ, nos faz crescer em graça e união.
Ontem, 18 de maio de 2012, Babá Pecê de Oxumarê, acompanhado de comitiva integrada por Mae Tânia de Oxossi, Babá Egbé Leandro de Oxumarê, André Luis Nascimento, Ogã de Xangô, Edelamare Melo e Frederico Lacerda, respectivamente Yaôs de Xangô e Oxaguiã, procederam à entrega oficial da atualização do laudo antropológico do ILÉ ÒSUMÀRÉ ÁRAKÀ ÀSÈ ÓGÓDÓ, a Casa de Oxumarê, a Dr. Carlos Amorim, Superintendente Regional do IPHAN na Bahia. O laudo é assinado pelo renomado antropólogo Ordep Serra, einstruído com Parecer Jurídico de Willis Santiago Guerra Filho, jusfilósofo e professor titular da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da PUC de São Paulo, além de arquivo digital do acervo da Casa.
A desafiadora tarefa que envolveu esta produção bibliográfica foi possível graças a todos os filhos e filhas de Santo da Casa de Oxumarê e do apoio técnico-financeiro do IPHAN no contexto do Projeto "Memória e História da Casa de Oxumarê: Tradição Ancestral e Saber ", objeto do CONVÊNIO IPHAN N.º752168/2010, Processo nº. 01450.013541/2010-42.
Produção bibliográfica única que, de forma inovadora e criativa própria da maestria de Ordep Serra, lança mão da utilização complementar de fontes escritas e orais, o que permite afirmar a presença de uma verdadeira e concreta interface entre história e etnografia que, cruzadas de forma crítica, permitiu a abertura de caminhos para compreensão da história do ILÉ ÒSUMÀRÉ ÁRAKÀ ÀSÈ ÓGÓDÓ e do seu legado material e imaterial para a preservação da história e cultura de África que não seriam possíveis a partir da utilização exclusiva da fonte documental.
A Casa de Oxumarê se constitui em um importante templo religioso de matriz africana no qual se professa a religião do candomblé que, diferentemente do cristianismo, com a bíblia, e do islamismo com o Corão, não possui um livro revelado por Deus para ser utilizado como guia para os seus fieis.
O candomblé é uma religião de transmissão oral do sagrado cujo conhecimento de seus segredos e preceitos, desde a sua origem,é reservado e transmitido a poucos que os merece receber, por suas qualidades ou designação dos Orixás, circunstância que, uma vez mais, sob o influxo inexorável da força do tempo, conduz à possibilidade de existência de dessemelhança entre o passado e o presente, o que contribui para a construção de um patrimônio cultural, material e imaterial único e marcado pela diversidade que afirma a sua identidade e a marca essencialmente plural na qual é construída a unidade do ILÉ ÒSUMÀRÉ desde a sua fundação.
A atualização do laudo antropológico da Casa de Oxumarê teve como objetivos Mapear, sistematizar e preservar a memória, a história e os saberes detidos pela secular comunidade religiosa da Casa de Oxumarê e instruir o processo de tombamento n° 1498-T2, em curso no IPHAN há quase dez anos...o que nos remete à importância do fator tempo que, nas palavras de Caetano, é o "compositor de destinos e tambor de todos os ritmos", em especial do ritmo da existência e da vida das pessoas que formam parte da Associação Cultural e Religiosa São Salvador, personificação jurídica do secular Terreiro
Tempo de existência do ILÉ ÒSUMÀRÉ com seu quase bicentenário histórico de luta e resistência em defesa do direito de professar com liberdade o candomblé, religião de matriz africana de culto aos orixás e voduns que tantas alegrias e dores trouxe a nossos ancestrais Talabi, Salakó, Antonio de Oxumarê, Cotinha de Ewá, Simplícia de Ogum, Nilzete de Yemanjá e, hoje traz a Babá Pecê de Oxumarê, e aos filhos e filhas de santo de ontem e de hoje.