Tem seu culto voltado aos Orixás e é fruto de religiões dos povos da Costa da Guiné e da Nigéria, com as nações Jeje, Ijexá, Oyó, Cabinda e Nagô (e as chamadas “mistas” como Jeje-Ijexá, Jeje-Nagô, Nagô-Ijexá, etc). Apesar de diversas nações o culto do Batuque é praticamente homogeneo em todas as casas predominando a cultura Ijexá que cultua doze orixás (Bará, Ogum Oyá, Xangô, Odé e Otin, Ossanha, Obá, Xapanã, Oxun, Yemanjá e Oxalá), além dos Ibejis.
A Nação Oyó se caracterizava principalmente pela ordem das rezas: primeiro tocava-se para todos os Orixás masculinos, depois para os femininos, e finalizava-se com Oyá, Xangô e Oxalá (Oyá e Xangô no final, representando o Rei e a Rainha de Oyó)e dizem também que ao final da cerimônia, os orixás carregavam a cabeça dos animais a eles sacrificados, já em estado de decomposição, na boca.
A Nação Cabinda embora de origem bantu não cultua nkisis (muitos desconhecem esta palavra), mas sim Orixás, os mesmos de Ijexá, com acréscimo de algumas qualidades de Bará (Bará Legba) e Oyá (Oyá Dirã, Oyá Timboá) e o culto aos Eguns é muito forte nesta nação, tendo toda a casa de Cabinda o assentamento de Igbalé (casa dos mortos). Nesta nação os filhos de Oxun, Yemanjá e Oxalá podem entrar e sair dos cemitérios quando bem quizerem, sem que sua obrigação ou feitura seja prejudicada, diferentemente das demais nações, onde os filhos destes orixás só podem entrar em cemitérios quando for algo extremamente importante.
A Nação Jeje, assim como a Cabinda, adotou o panteão Yoruba dos orixás, que são os mesmos de Ijexá, sendo muito comum as casas de Jeje-Ijexá. Muitos sacerdotes da Nação Jeje do Batuque desconhecem a palavra Vodun, embora se tenha relatos de culto a algumas destas divindades antigamente. Os descentendes de Pai Joãozinho do Bará (Esú By) são os que mantém firme as tradições desta nação, como o uso de agdavís em seus rituais (chamado “Jeje de pauzinhos”), o assentamento de Ogun semelhante ao do Vodun Gun no Daomé, e existência de pessoas iniciadas para Dan e Sogbo. As cerimônias se iniciam com a parte Jeje (com cânticos no dialeto fongbe) e a dança em pares (simbolizando o par da criação Mawu-Lisa) e o toque com as “varinhas” e depois a parte Yorubá com as rezas tradicionais do Batuque.
A Nação Nagô é muito parecida com o candomblé tanto nas cerimônias como nas características dos Orixás. Nesta nação usa-se sacrificar os animais deitados e não suspensos como nas demais. Está quase extinta.
Orixás do Batuque
Os Orixás cultuados no Batuque são doze: Bará, Ogun, Oyá, Xangô, Odé, Otin, Ossanha, Obá, Xapanã, Oxun, Yemanjá e Oxalá. O culto aos Ibejis varia de acordo com a nação, sendo que em algumas (como na Cabinda) são associados e considerados como qualidades de Xangô (Xangô Aganju di Ibeji) e Oxun (Oxun Ipandá di Ibeji). Alguns orixás se dividem em qualidades, chamadas de “classes de orixá” no Batuque e depois é revelado somente ao filho e ao sacerdote o “sobrenome do orixá” que seria como o orukó/digina do candomblé. No Batuque acredita-se que a pessoa não deve ficar sabendo que foi possuida (“ocupada” é o termo do Batuque) pelo seu orixá, sob pena de ficar louco. Mas alguns dizem que não pode é ficar comentando sobre o que o orixá fez ou deixou de fazer, não se comenta sobre a incorporação. Os orixás do Batuque
Bará
É o primeiro a ser saudado em todas as ocasiões, e também é chamado de Exu. É o orixá que representa a comunicação entre os homens e as divindades e é aquele que abre os caminhos. Trás a chave nas mãos, simbolizando o “guardião de todas as portas” e é responsável pelo bom andamento dos negócios e tudo que se relaciona a dinheiro. Suas oferendas são basicamente constituidas com milho torrado, azeite de dendê e opetés de batata inglesa. A cor é o vermelho. Se divide nas classes:
BARÁ LEGBA ou ELEGBA: é sincretizado ao demônio e usa o tom escuro de vermelho, assentado fora dos templos e é responsavel pela comunicação entre os mundos. Segundo a tradição é daomeano, mas é cultuado somente na Nação Cabinda (?).
BARÁ LODÊ: assentado fora do terreiro, é responsável pela segurança do mesmo. É o orixá que mantém a estrutura do templo; sua sustentação depende do Bará ou Exu Lodê.
BARÁ ADAGUE: assentado dentro do terreiro e recebe suas oferendas na encruzilhada. É o mais chamado, pois faz a frente dos orixás Ogun, Oyá, Xangô, Odé, Otin, Ossanha, Obá e Xapanã.
BARÁ AGELU: é o Bará que faz frente para os orixás das aguas como Oxun, Yemanjá e Oxalá. Em suas oferendas usa-se, além do azeite de dendê, o mel.
BARÁ LANÃ: tem as mesmas atribuições do Bará Adague.
Saudação: Alúpo ou Lalúpo
Dia da Semana: Segunda-feira
Número: 07 e seus múltiplos
Cor: Vermelho
Guia: Corrente de aço (para alguns), vermelho escuro (Legba), vermelha
Oferenda: Pipoca, Milho torrado, 07 batatas inglesas assadas e azeite de dendê
Ogun
Orixá da guerra, do ferro, da metalurgia. Tem praticamente as mesmas caracteristicas que a ele se aplicam no candomblé. Sua cor é o verde e vermelho, mas pode-se usar o azul escuro. Ogun Avagã tem seu assentamento do lado de fora e tem a mesma função de defender e equilibrar a casa, assim como Bará Lodê, e usa cores no tom escuro. Dizem que ele é um Vodum, conhecido como Gún Awagàn. Temos também Ogun Onira (ou Onire) e Ogun Adiolá (que vive junto aos orixás da água, Oxun e Yemanjá). A saudação do Ogun é Ogunhê.
Saudação: Ogunhê
Dia da Semana: Segunda-feira para Ogum Avagã
Quinta-feira para os demais
Número: 07 e seus múltiplos
Cor: Vermelho e Verde
Guia: Vermelho e Verde escuros
Oyá
É a divindade dos ventos e das tempestades, uma das esposas de Xangô. Rainha dos raios, ventos e tempestades, Oyá é um Orixá feminino, enérgico, sensual e autoritário. Na mitologia dos Orixás, Oyá primeiramente foi casa com Ogum, traindo-o mais tarde com Xangô, não abandonando as relações com seu primeiro casamento. Em outra passagem mitológica, Oyá é presenteada por Xapanã, que a concede o poder sobre os eguns – espíritos, tornando-se conhecida também por a Rainha dos Eguns.
Saudação: Epaiêio
Dia da Semana: Terça-feira
Número: 07 e seus múltiplos
Cor: Vermelho e Branco
Guia: 01 conta vermelha, 05 contas brancas, 01 conta vermelha
Oyá Timboá (Cabinda) é tida como “a mais quieta” que sabe fazer as coisas. Oyá Dirã (igualmente Cabinda) é a dona dos Eguns.
Xangô
O Orixá do fogo e do trovão, Senhor da Justiça, considerado um Orixá vaidoso, que gosta de festas e comemorações. Sua sensualidade atrai as mulheres de modo geral, na Mitologia dos Orixás, Xangô é casado com três mulheres: Oyá, Obá e Oxun. Tem as classes Aganju e Agodô.
Este Orixá é sempre lembrado, pelos fiéis do Batuque, em casos de difícil resolução e justiça, já que suas atitudes são sábias e rígidas.
Saudação: Caô Cabecile
Dia da Semana: Terça-feira
Número: 06 e seus múltiplos
Cor: Vermelho e Branco
Guia: 01 conta vermelha, 01 conta branca, 01 conta vermelha
Odé e Otin
No Batuque, estes dois Orixás são cultuados juntos. São os protetores das matas e dos animais silvestres e selvagens. Os filhos de Otin são quase inexistentes, pois na Mitologia, Otin não teve filhos na terra, dando assim as cabeças dos filhos para Odé. Com o passar dos tempos já se nota a existência de filhos de Otin, caso raro e absurdo para muitos Pais-de-Santo. Não se sacrifica para um sem dar para o outro, os animais são os mesmos, mudando apenas o sexo.
Saudação: Oquebambo
Dia da Semana: Sexta-feira, pois é o dia da Iemanjá, que é mãe de Odé, para outros Segunda-feira
Número: 07 e seus múltiplos
Cor: Azul forte e branco para Odé e Azul forte e rosa para Otin
Guia: 01 conta azul, 01 conta branca, 01 conta azul, para Odé e 01 conta rosa, 01 conta azul, 01 conta rosa, para Otin.
Ossanha
A este Orixá pertence todas as folhas medicinais e ervas utilizadas nos rituais de Nação, por este motivo, temos um Orixá muito respeitado e cultuado em todos as Casas de Religião, podemos dizer que Ossanha possui a solução para todos os problemas relacionados a cura de enfermos, tanto material quanto espiritual. Este Orixá não possui uma das pernas, caminha com auxílio de muletas, quando se manifesta em algum filho, este dança normalmente em apenas em uma de suas pernas.
Saudação: Ewe o
Dia da Semana: Segunda-feira
Número: 07 e seus múltiplos
Cor: Verde Claro e amarelo.
Guia: 01 conta verde e 01 conta branca alguns usam verde e amarelo.
Obá
Todas as máquinas, carros e navios estão relacionados com Obá, pois a ela pertencem a roda e o leme. Tem as mesma lenda do candomblé.
Saudação: Exó
Dia da Semana: Segunda-feira ou Quarta-feira
Número: 07 e seus múltiplos
Cor: Rosa
Guia: toda rosa
Xapanã
Sua Mãe, Nanã Burucun, abandonou-o na praia quando pequeno por suas feridas em grande quantidade. Xapanã foi recolhido as profundezas do oceano, cuidado e criado por Iemanjá, que fez para ele uma roupa de palha-da-costa, cobrindo-o da cabeça aos pés. Ficou forte e saudável, porém as cicatrizes nunca desapareceram. Normalmente os filhos deste Orixá são marcados pelo corpo, com pequenas feridas, espinhas, manchas e secreções que assim como aparecem, desaparecem, ficando neste processo pelo resto da vida. Tem as qualidades Jubeiteí, Belujá e Sapatá (este último vem do nome do vodun Sakpata)
Saudação: Abáo!
Dia da Semana: Quarta-feira
Número: 07 e seus múltiplos
Cor: Vermelho e Preto e para Sapatá roxo.
Guia: 01 conta vermelha, 01 conta preta, 01 conta vermelha e para sapatá roxa.
Oxun
Senhora soberana das águas doces. Todos os rios, lagos, lagoas e cachoeiras pertencem a este Orixá. O casamento, o ventre e a fecundidade e as crianças são de Oxun, assim como, talvez por consequência, a felicidade. O ouro e o dinheiro em todas as suas espécies também são de Oxun. Pela hierarquia é o primeiro Orixá doce seguida de Iemanjá e Oxalá, formando assim o grupo de Orixás chamado de Cabeças Grande. Tem as qualidades Oxun Ipondá ou Pandá (jovem e muito bonita, esposa de Xangô), Oxun Ademun (misteriosa, representa o fundo dos rios), Oxun Adocô ou Docô (cuida das crianças e faz frente com Oxalá) e Oxun Olobá (muito antiga).
Saudação: Iê iêu!
Dia da Semana: Sábado
Número: 08 e seus múltiplos
Cor: Todos os tons de amarelo, a escolha do tom depende da característica da Mãe
Guia: toda amarela de um mesmo tom, o tom varia com a característica da Mãe
Yemanjá
Com certeza não existiria outro elemento da natureza para representar e ser o habitat deste Orixá, como o mar. O mar é lindo, fascinante e belo, porém na maioria das vezes severo e perigoso quando não respeitado ou usufruído da maneira correta, características diretamente relacionadas com a Grande Mãe. Nanã Borocun que no candomblé é um orixá a parte, no Batuque é uma qualidade mais velha e antiga de Yemanjá. Tem também as qualidades de Boci e Bomi.
Saudação: Omi odô! alguns usam Omi Odo Iyá!
Dia da Semana: Sexta-feira
Número: 08 e seus múltiplos
Cor: azul claro, azul forte ou incolor, dependendo da característica da Mãe. Para Nanã Borocun usa-se o lilás.
Guia: toda da mesma cor, o tom do azul ou se for incolor varia com a característica da Mãe e para Nanã o lilás.
Oxalá
Pai de todos os Orixá e mortais, Oxalá é o maior e mais respeitado Orixá nas Nações africanas, a paz e a harmonia espiritual são as características deste que é o Criador e Administrador do Universo. Quando moço, se manifesta em seu Cavalo-de-Santo dançando como os outros Orixás, quando se apresenta em suas passagens velhas, chega se arrastando caminhando com dificuldade, muitas vezes fica parado no lugar esperando o auxílio de algum Orixá moço. Pertence a Oxalá de Orumiláia (que no Batuque é qualidade de Oxalá e seria Orumilá no candomblé) a visão espiritual, como consequência o jogo de Búzios. Existem qualidades como Oxalá Olocun (ligado a Yemanjá e as águas), Oxalá Jobocun e Oxalá Dacun.
Saudação: Epaô Baba!
Dia da Semana: Domingo
Número: 08 e seus múltiplos
Cor: Branco e Branco com preto para Oxalá de Orumiláia
Guia: toda branca ou 01 branca, 01 preta, 01 branca para Oxalá de Orumilá. A ordem de saudação destes orixás é: Bará (legba, lode, adague, lanã, agelu), Ogun (avagã, onira, olobedé, adiolá), Oyá (oyá timboá, oyá dirã), Xangô (aganju, agodô), Odé e Otin, Obá, Ossanha, Xapanã (jubetei, belujá, sapatá), Oxun (pandá, ademun, doco, olobá), Yemanjá (boci, bomi, nanã-borocun) e Oxalá (olocun, obocun, dacun, jobocun e Oromiláia).