quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

MENSAGENS DO DIA - PENSAMENTOS

Com grande alegria voltamos a postar aqui, algumas das inúmeras postagens (mensagens) que nossos amigos virtuais, sejam do FACEBOOK, ORKUT, ou até mesmo, por este MEIO DE COMUNICAÇÃO, nos enviam para podermos compartilhar com todos vocês. Esperamos que assim, como antigamente, elas voltem a servir de ponto de refúgio para muitos que nos visitam diáriamente.




COLETÂNEA OXUM, NOS CAMINHOS DO YAWÔ - COMPORTAMENTO


Ìyàwó, Iyawô, yawô, Yao ou Iaô palavra de origem yoruba, é a denominação dos filhos-de-santo já iniciados na Feitura de santo, que ainda não completaram o período de 7 anos da iniciação. Só após a obrigação de 7 anos ele se tornará um Egbomi (irmão mais velho). Antes da iniciação são chamados de abíyàn ou abian

A pessoa passa a ser um Iaô após um período de vinte e um dias, recolhida no roncó (clausura), quarto específico e apropriado para se fazer iniciações e obrigações, e passar por todos os preceitos necessários para ser um iniciado. 

É durante os sete anos, que a pessoa vai aprender as rezas, as cantigas, os preceitos, os segredos só confiados aos iniciados do Candomblé. 

COMPORTAMENTO DO BOM YAWÔ 

1- Não retrucar a mãe de santo. Você por acaso retruca seus avós? 

2- Caso tenha algo para falar que não esteja concordando, discretamente peça um minuto da atenção da mãe de santo e exponha a situação civilizadamente, sem precisar que a torcida do Flamengo esteja assistindo. Dar um escândalo no meio do barracão não é postura de um filho de santo, e você ainda corre o risco de tomar um fora na frente de todo mundo. 

3- Quando tiver visita no barracão (egbomis, ekedes, ogãs, zeladores), seja em dia de festa ou em dia corriqueiro, é de bom-tom que os filhos se abaixem para dirigir a palavra à mãe de santo. Detalhe: Só atrapalhar a conversa caso seja EXTREMAMENTE necessário. Deve-se chegar junto à ela, mas não muito, e ficar abaixado esperando que ele pergunte o que deseja. Quando ele perguntar, comece sempre sua frase com “AGÔ”. “Agô, mais blá blá blá…”

4- Nunca, jamais, em tempo ou hipótese alguma, seja no seu barracão ou no barracão do alheio, deve-se sentar na mesma altura que sua mãe de santo. Ela já passou por vários sacrifícios para estar sentado confortavelmente ali. Você ainda está no meio do caminho. Portanto, pra que querer sentar aonde você não alcança? 

5- Yawo e abian não bebe nenhum líquido em copo de vidro dentro de seu barracão ou no barracão do alheio. Deve-se esperar o bom e velho copinho de plástico ou então a conhecida DILONGA, BAN ou CANEQUINHA DE ÁGHATA, como você preferir chamar. Copo de vidro só quem tem direito é egbomi, ekedi, ogan e zelador. 

6- Yawo e abian não come em prato de vidro ou louça. Apenas em pratinho de plástico ou ághata. Aliás, devemos lembrar que é de boa educação cada filho trazer seu devido pratinho de ághata e sua devida canequinha para seu uso pessoal no barracão. 

7- Terminou seu ajeum? Pegue seu pratinho e sua canequinha, vá para cozinha e lave. Não cai a mão e nem coça, sabia? Infelizmente ainda não possuímos uma empregada que possa cuidar da limpeza geral enquanto nós descansamos. 

8- Como dissemos no item anterior, não temos uma empregada para limpar tudo. Portanto, cada um deve se conscientizar e fazer a sua parte. Ficar protelando, esperando que algum irmão de santo se encha da bagunça e vá arrumar por você não tem cabimento. Cada um fazendo um pouco fica mais fácil e rápido. 

9- Resolveu visitar a mãe de santo? Que maravilha! Ela adorará sua visita, ainda mais se você vier com uma modesta colaboração para o ajeum, pois como é do conhecimento de todos, a mãe de santo não é rica e nem tem obrigação de alimentar todo mundo. Madre Teresa de Calcutá já morreu, e definitivamente, ela não vira na cabeça da mãe de santo. 

10- Ao chegar ao barracão, o procedimento correto é: a) Tomar seu banho e ir trocar de roupa; b) Bater cabeça no axé, na porta do quarto de santo e pro pai de santo; c) Tomar a benção à TODOS os seus irmãos. Agora sim, caso não haja nada em que se possa ajudar (muito embora seja impossível, pois em uma casa de santo sempre tem algo a ser feito), você pode ir colocar seu tricô em dia 

11- Você trabalhou feito a escrava Isaura e se cansou? Acabou de fazer todo o serviço? Bem, agora você pode pegar o seu maravilhoso APOTÍ e confortavelmente sentar-se nele. Como dissemos no item 5, cadeiras, sendo com ou sem braço, só ebomis, ekedes, ogãs ou zeladores que podem sentar. Existe uma variável do APOTI, que é a famosa ESTEIRA. Nela você pode se sentar, se espichar e até relaxar seus ossos. Ela é sua! Aproveite! 

12- Em sua casa, quando você faz uma comemoração qualquer e é servida uma refeição, você sai atacando o ajeum na frente de seus convidados? Acreditamos que não, né? Portanto, na casa de santo é igual. Antes os mais velhos devem se servir, pra só depois os abians e yawos se servirem. Isso é mais que uma regra, é etiqueta. E você não vai querer ser um deselegante, não é? Lembre-se: Estão sempre observando você. 

13- Você gosta que fiquem pegando suas roupas emprestadas? Pois é, a mãe de santo também não gosta. Portanto, que tal ir comprar um belíssimo tecido de lençol e fazer uma baiana de ração básica pro dia-a-dia? Não sai caro e fica uma gracinha. E você finalmente pára de pegar a roupa do alheio emprestada. Não é maravilhoso? Todos na casa contentes e felizes com suas devidas roupas. 

14- Quem traz dinheiro para o sustento da casa? Você é que não é. Portanto, trate muitos bem os clientes que vão para jogar ou se consultar, pois é deles que vem boa parte do dinheiro dali. Sorrir sempre e servir um copinho de café ou de água gelada não matam ninguém. Que tal tentar? 

15- E vai rolar a festa! O povo do keto, do jeje, da angola e até da umbanda já mandou convidar. Mas, e o dinheiro para comprar o ajeum e o otí do povo? Com certeza o Carrefour não irá mandar as coisas de graça para o barracão, nem o homem dos frangos tão pouco irá dar os bichos e todo o material restante. Portanto, que tal se todos coçassem o bolso um pouco e ajudassem? 

16- Você acha que só por este local ser uma casa de santo, a COPEL, LIGHT, SANEPAR,CEDAE, CEG, TELEGAS, entre outras, irão fornecer água, luz e gás de graça? É claro que não. Portanto, contribua sempre com a sua módica mensalidade. Economizar um pouco na Skol e no cigarro no final de semana já irá ajudar muito no barracão. 

17- O mundo está em guerra, existe muita gente por aí passando fome. Portanto, por que desperdiçar comida? Fazer a quantidade exata só para quem trabalhou dignamente e contribuiu com este maravilhoso ajeum é o coerente, pois você não está no programa da Ana Maria Braga para comer de graça. Se você tem alguma sugestão, leve-a antes ao pai de santo. Espalhar a corrupção sobre a Terra era coisa da novela passada. 

18- Ficou cansado depois da festa? Nada de ir pegando sua bolsa e ir saindo de fininho. Lembre-se da limpeza do barracão. 

19- Roda de candomblé, seja em sua casa ou na casa do alheio, não é lugar de ficar de cochicho e risinhos irônicos. Se você quer fuxicar, vá para um botequim. 

20- Anágua encardida, só se for depois da festa do candomblé. Antes, NUNCA, JAMAIS, NEM PENSAR! Devem ser brancas como a neve, salve anágua de ráfia ou entretela. 

21- Você, irmãozinho, que vê o mundo cor de rosa-choque com bolinhas amarelas, deve deixar esta sua visão progressiva e moderna do lado de fora do barracão. Ali dentro você tem que ver tudo branco. O mesmo vale para as coleguinhas que vêem tudo azulzinho. Casa de orixá é para louvar e cuidar do Orixá, e não para arrumar casório. 

22- Vai rolar um churrasquinho de gato na casa do seu coleguinha no meio da semana, no mesmo dia de função do barracão? Então, peça para ele guardar uma marmita de carne para você e venha cumprir suas obrigações junto a seus irmãos. 

23- Se sua irmã de santo tem uma baiana mais humilde do que a sua nada de ficar xoxando. Lembre-se, o mundo dá voltas e o feitiço pode virar contra o feiticeiro. Amanhã pode ser você com uma baiana de chita e ela com uma belíssima saia de rechilieu. 

24- Caso assista fora do seu barracão a algo diferente do que ocorre em sua casa, nada de ficar xoxando e chamando de marmoteiro. Você não é o dono da verdade e nem ninguém o é. O que pode parecer maluquice pra você, pode não ser pro próximo. Além do mais, comentários sempre são feitos depois. Vai que tem alguém conhecido escutando? 

25- Ninguém tem mais ou menos santo que ninguém. Isso é regra. Sempre. 

26- Respeito é bom e conserva os dentes. Portanto, deve-se pensar duas vezes antes de envolver a mãe de santo e irmãos mais velhos em determinadas brincadeiras de mau-gosto. Apelidos e avacalhações são da porta do barracão pra fora. Além do mais, a próxima vítima pode ser você. 

27- Roupa de barracão é saia comprida, camisú e pano da costa. Shortinhos e top’s devem ser usados somente pra ir ao baile funk. Roupa preta jamais nem na sua casa e nem na casa dos outros. 

28- Sempre que for servir algum mais velho de santo, deve-se levar o pedido numa bandeja ou prato e abaixar-se para servir. Nunca olhar no rosto da pessoa. Responder somente “sim” ou “não". 

29- Benção foi feita para ser trocada. Sempre que você pede a benção, você está na realidade pedindo a bênção ao Orixá da pessoa, e não à ela própria. Portanto, todos devem trocar a benção, mais velhos com mais novos e vice-versa. 

30- Nunca deve fumar na frente da sua mãe de Santo… Principalmente no barracão. 

APOTÍ: A casa constantemente precisa de apotís. Nos grandes supermercados vendem higiênicos banquinhos de plástico. Coopere com a casa e leve o seu. 

31- No barracão o yao não deve dormir em cama. 

32- Se esta frio não deixe de levar seu cobertor, em qualquer situação leve sua toalha de banho ou deixe uma no barracão, depois de usá-la estenda. Ninguém tem obrigação de ficar recolhendo roupa de filho de santo que fica jogada pelos cantos (pior que ficam mofando).  

33- Se você levou, uma roupa emprestada, que usou para lavar. Não esqueça de devolver. 

34- Não deixem roupas que emprestaram do barracão jogadas pelo chão, é muito feio. Veja de onde foi tirada e recoloque no lugar assim que se trocar. 

35- Vai ter festa que bom… 15 dias antes, separe sua roupa, engome o que for preciso…Deixe tudo ajeitado. No barracão pode não dar tempo de arrumar, nem de engomar então mãos a obra. 

36- Se você esta no barracão, dormiu lá. Antes de dar bom dia para alguém, vai direto ao banheiro lavar sua boca, para só então dar bom dia para as pessoas.

COLETÂNEA OXUM, NOS CAMINHOS DO YAWÔ - GUERRA DE SANTO

ESTOU COM GUERRA DE SANTO, TEM DOIS ORISÁS, DISPUTANDO MINHA CABEÇA”.


Muito se tem falado, sobre a questão antes de se iniciar, da dita: "briga de santo por um determinado ori". É bem válido lembrar que para muitos (ou para todos), devemos prestar atenção no que diz o jogo de ifá nesse sentido. 

Mas ouvindo nossos mais velhos vamos prestar atenção: Orisá tem mais o que fazer do que ficar brigando por nossa cabeça, mesmo porque isso já vem determinado do Orun, antes mesmo de nós nascermos. 

Por mais estranho que possa parecer isso tem se tornado muito corriqueiro.  A dúvida que tenho é: essa situação é gerada por ignorância ou maldade? 


Sabemos que, quando OLODUMARE, determina o nascimento de uma pessoa, automáticamente, já determinou sua origem. 

Cada corpo possui um espírito ou força, que nada mais é do que uma pequena massa de energia despreendida de um ORIXÁ. Sendo assim, não é possível uma guerra de ORIXÁ, ou ainda, descendência dupla, cabeça de dois ORIXÁS ao mesmo tempo, os famosos "ORI MEJI", ou ainda, dois ORIXÁS machos ou duas ORIXÁS fêmeas. 

Válido lembrar, que este caso é de fato uma raridade, mas pode acontecer entre 1 em 1.000 devido à ancestralidade que a pessoa possa carregar também. Podendo sim ter um ORIXÁ DE ORI e um ORIXÁ PARA DAR CAMINHOS. Transmitindo assim um conjunto duplo.

Também existem casos de ORIXÁ FÊMEA em cabeça de homem, ou vice versa. Todos têm tanto um como o outro em nossa existência, e na maioria, das vezes, até mais um de ORIXÁ tutor, de acordo com o nosso ODU de nascimento. 

E se pode ser iniciado para todos, mas dentro de seus cultos específicos, e isso, a meu ver, somente na África.

Existem ainda, alguns casos particulares, que por uma questão de travessia do Atlântico (NA ÉPOCA DA ESCRAVIDÃO), forma agrupados em uma mesma categoria, por afinidade ou semelhança, e são denominados ORIXÁ DE FUNDAMENTO. Como é o caso de AIRÁ, que não é um XANGÔ, mas é chamado como tal, OPARA, que não é OXUM, OGUNTÉ, que não é YEMANJÁ, AGANJU, que não é XANGÔ, XOROKE que não é OGUM, é EXÚ ao mesmo tempo, e por ai vai. 

Como disse, quando os negros vieram na humilhante condição de escravos, não podiam cultuar suas Divindades, por isso, precisaram esconder seu culto no sincretismo, e com o passar do tempo, foram feitas algumas adaptações, isto é, AGRUPARAM ALGUMAS DIVINDADES DE CULTO SEMELHANTES

Considero importante que algumas pessoas que se intitulam Babalorisa ou Iyalorisa, antes de saírem por aí confundindo a cabeça de pessoas ingênuas e cheias de fé, procurem conhecimento, para não denegrir ainda mais a imagem do culto. 

O sacerdote que recebeu em sua iniciação, o conhecimento da interpretação do oráculo de Ifá, saberá como identificar a origem espiritual de cada pessoa. 

DESCARTANDO AS INTUIÇÕES OU VIDÊNCIA

KOLOFE.

COLETÂNEA OXUM, NOS CAMINHOS DO YAWÔ - A LISTA DE COMPRAS

É engraçado que hoje fomos solicitados a meditar sobre a real atualidade de uma iniciação, obrigação de um filho de santo, quanto ao seu valor financeiro. 


Temos visto que além de pagar um preço digamos que exorbitante em muitas casas por um simples jogo de búzios, vem o preço absurdicamente caro de uma iniciação. Ou para quem já é do santo, o valor de uma Obrigação de um, de três, de sete e por ai vai a quantidade de anos. 

Muitas vezes, vemos pessoas tirando de onde não se tem, para poder então se iniciar ou dar seguimento às suas respectivas Obrigações. O mais engraçado. O preço não para ai não. Tem a mão do Baba/Ialorixá, tem as comidas secas, tem os boris, tem os bichos, tem ainda até o preço do chão onde se vai ficar como em algumas casas que se cobram valores de um hotel de luxo de cinco estrelas. 

Eu me perguntava, se tudo isso seria necessário em tempos antigos, no tempo de Mãe Menininha, no tempo de Procópio de Ogum? Por que talvez o uso da caridade hoje não se usa tanto assim nas Casas de Candomblé? Fico me perguntando como se faz na questão de uma pessoa pobre, que não teria nem para dar comida aos filhos e precisaria de fato iniciar-se no Orixá? Ou ainda se a pessoa fosse doente, ela morreria por tirar o valor de seus remédios para dar seguimento a sua iniciação? 

Onde será que ficou o tempo onde o ORIXÁ ao vir em terra punha seus pés no chão e no barro? Onde estão de fato às casas simples que existiam para serem trocadas pelos grandes palácios reais que se vêem hoje em dia? Será que o Candomblé resolveu adotar o método de um certo bispo "Mais Cedo" que em lugar de Igrejas resolveu criar Palácios Reais? Ai eu pergunto, mas Jesus, não teria nascido num Estábulo com bois e cavalos e ter sido colocado numa manjedoura cheia de feno? 

Por achar que estaria eu errado em meu modo de pensar, fui levado a pesquisar e engraçado achei vários sites, com pontos de vistas de pessoas da RELIGIÃO que pensam como eu. Por que será que hoje MÃE MENININHA É DE FATO LEMBRADA ATÉ OS DIAS DE HOJE, APÓS ANOS DE SEU FALECIMENTO, COMO GRANDE EXEMPLO DO CANDOMBLÉ? Por uma simples razão, seu amor ao Orixá, e não por fazer uso da fé das pessoas para lucros próprios. 

E entre minhas pesquisas este artigo que vou postar foi o melhor que exprime toda uma realidade que existe hoje em dia. Seria um ponto para se meditar. 

LISTAS, COMPRAS, INGREDIENTES NO CANDOMBLÉ SÃO TODOS NECESSÁRIOS? 


Tenho sempre orientado os amigos que praticam o candomblé que tenham em mente de que precisamos apenas o NECESSÁRIO para o culto, ou melhor dizendo o ESSENCIAL

Mas o que de fato é essencial na nossa religião? 

Sabemos que a crescente "comercialização" da Fé, faz com que zeladores criem LISTAS sem fim de ingredientes para uma feitura. Muito acima da realidade financeira de clientes e futuros filhos. 

É verdade, somos uma religião onde o culto é baseado na culinária sagrada, onde existem animais para sacrifício, onde costumamos assentar nossos Orixás e divindades em panelas, potes, sopeiras, mas quem disse que um determinado ELEMENTO é fundametal? Não pode ser adaptado? Substituido e mesmo deixado de lado? 

Sem entrar no mérito, nos segredos, nos orôs, propriamente ditos, sabemos que o fundamental é o Otá, onde vive, fixa-se o Orixá, o resto, como dizia meu amigo "é perfumaria", quer dizer, é OPCIONAL, dentro das posses (ou desvarios) de cada um. 

Coisas como búzios banhados a ouro, Igbás folheados a ouro, pedras preciosas, jóias, ou mais simples como chaves, nota de Euro, Dólar, miniaturas de peixinhos dourados, espadas, adagas, abanos, chapeuzinhos, etc, são coisas absolutamente desnecessárias, pois não fazem qualquer diferença "nos fundamentos"

Do mesmo modo, indumentárias e paramentos carnavalescos, não fazem daquele Orixá melhor que o outro, que vem enrrolado em panos, em folhagens, em palhas da costa ou folhas de mariô (coqueiros). 

Quem convive no candomblé sabe o que estou dizendo. Eu sempre discordei disso! Desde "pequenininho" na religião. Lembro-me de que na minha feitura tinha um rabo de cascavel. Na época era muito caro! 

Não me lembro o preço, mas imaginei que para chegar na loja (Mercadão de Madureira) Rio de Janeiro, aquele rabo de cascavel "viajou" muito, e que aquela soma exorbitante que eu pagava, jamais chegaria a quem retirou o chocalho da cobra e ficaria na mão dos "atravessadores". Isso sem falar da pobre cobra que perdeu seu rabo! 

Aí vem as penas de pavão (caríssimasssssssssssssssss) e o faisão para Oxum (mais caro ainda) e um monte de "coisas" que no final das contas não fariam a mínima diferença no AXÉ mas só fariam diferença na minha fatura do cartão de crédito. 

Isso sem falar em Ogum usando capacete de soldado romano, Xangô com corôas de três andares cravejadas, as Yabás com paramentos que mais pareciam um bolo de festa de casamento - daqueles de 3 andares - e se bobear, pisca-pisca de árvore de Natal em cima. 

Um Oxósse ou Logun que vinha numa carroagem de verdade, puxado, ao invés de cavalos, por dezenas de Yabás (viraram éguas?) e centenas de periquitos presos à roupa, etc. etc. etc. 

Parecia mais uma fantasia de CLÓVIS BORNAY NOS BAILES DO MUNICIPAL

Sempre me revoltei com isso tudo! 

Fora aquelas besteiras de colocar chaves dentro do assento de meu Pai Airá, como se ele tivesse algum "enredo" com São Pedro e suas chaves do céu! Enfim... digo isso tudo apenas para exemplificar. 

Os "Mais Velhos" sabem muito bem, gente séria no santo, o que PODE TER NUM ASSENTO E O QUE NÃO É ESSENCIAL

Quem sabe, sabe, e para não ferir preceitos, não vou dizer aqui. Mas, também sabemos as listas milionárias que saem dos Ilês Axés para as lojas de santo, com o aval do zelador, ou conluio dele com o comerciante. Para "meter a faca" no filho ou no cliente. 

Isso quando o zelador não diz: "Vou te mandar aí a Dona Fulana, dondoca, mete a faca nela que ela é desentendida do culto"

Já passei por "causos" de atender pessoas que eu, ao pedir um frango, me perguntou a marca! Juro por Deus! (Sadia, Perdigão, Rica, etc). O nível de desentendimento dos clientes as vezes assusta, mas nem por isso podemos abusar deles e tê-los como tolos! 

Este tópico é para propor uma reflexão geral. 

Para propor que voltemos ao tempo de que "com uma vela e um copo dágua se levantava uma vida" ou comparativamente, com um galo, um frango, uma comida seca, um padê pra Exú, um pombo, se abria caminhos de muita gente! Quem tem santo de verdade e já viu MILAGRES sabe do que estou falando. Não somente na Nação, mas também na Umbanda. 

Não estou desqualificando nem generalizando as Casas sérias. As listas justas. Os ingredientes realmente necessários, como uma d`Angola, um pombo, um Igbi. (Quem sabe sabe!) Nem um Obi ou Orobô! (Quanto poder tem!!!!), mas apenas refletindo sobre esta comercialização absurda, conta o "gasta-gasta" do candomblé, e repensando que para Deus, "copo dágua é remédio"

Repito. Não sou contra as casas e seus métodos, mas a favor de uma reflexão e tomada de consciência para que o CANDOMBLÉ SEJA ALGO VIÁVEL E POSSÍVEL

Eis a pergunta: EM SUA CASA DE SANTO, COMO ISSO ACONTECE, COMO SE DÃO AS LISTAS DE COMPRAS PARA CLIENTES E FUTUROS YAÔS POR EXEMPLO? 

Meus respeitos. 

Pai Obàtundè. 

PALAVRAS DE PEDRO MANUEL T' OGUM

Motumbá para quem é de motumbá; Saravá para quem é de Saravá; Kolofé para quem é de Kolofé. Boa Tarde.

De fato lidar com a questão de ABIÃNS, YAWÔS e EGBÔMIS é de fato complexo. Não se trata de assuntos digamos difíceis, mas que requerem um certo cuidado e uma grande atenção. Pois tratam-se de etapas na vida de qualquer pessoa que venha a se iniciar na realidade do CANDOMBLÉ

É bem válido lembrar que na realidade da UMBANDA SAGRADA, estes processos não acontecem. O que existe sim é determinados atos em que o FILHO DE SANTO se recolhe, digamos assim, para dar seus prosseguimentos dos passos até atingir a sua coroação.

Mas hoje em dia, infelizmente, estamos vivenciando duas realidades em que de fato podem, para os olhos de muitos, ser entristecedora. Para outros, ser até perigosa, e para outros ainda, ser sem fundamentos.

Estamos num tempo como se estivéssemos numa cozinha fazendo um refogado. E para tanto, precisamos ir misturando os ingredientes. Ou até mesmo posso comparar perfeitamente o que vou abordar, nesta minha colocação, como uma imensa vitamina de frutas, até que tudo se torne uniforme e homogêneo.

Bem sabemos que tanto o CANDOMBLÉ em si, de raíz, possuí seus fundamentos, bem como a UMBANDA SAGRADA, possui os seus processos de evolução mediúnica. Mas hoje em dia tenho visto por vários lugares; seja na vida real, seja pela internet, determinadas casas misturando situações e atos sem o devido procedimento adequado, ou com o devido conhecimento.

Bem sabemos que no CANDOMBLÉ, todo e qualquer FILHO DE SANTO, que se entende desde o processo de ABIÃN para atingir o grau de YAWÔ, deve passar pela INICIAÇÃO. Um processo onde rezas, cantigas, atos e fundamentos são exercidos para que a vida deste novo ser espiritual flua de acordo com sua determinada religiosidade. Mas para mim, é uma verdadeira surpresa ver em muitas casas ditas UMBANDA SAGRADA, estarem buscando fazer o mesmo. Atos que seriam unicamente do CANDOMBLÉ, sendo aplicados ou simulados de forma errônea, a fim de consagrar um dito FILHO DE SANTO

Casos como: pessoas raspadas para Caboclos, pessoas sendo raspadas para Pretos-velhos e até pessoas sendo iniciadas para Exú Catiço. Atos literalmente sem procedência e sem fundamentos algum  que os legalize como procedimentos de uma RELIGIOSIDADE CONCRETA E VERDADEIRA.

De fato devemos tomar muito cuidado com isso, afinal meu ponto de vista é sempre dizer: "Cada um no seu devido quadrado". Mas não posso negar outra realidade triste que tem acontecido por ai, hoje em dia, e numa situação digamos sem controle.

Os famosos PAIS E MÃES DE SANTO, sem os seus devidos anos completos, arriados e concluídos, principalmente dentro do CANDOMBLÉ. Hoje a ganância pelo poder e a busca desenfreada pelo saber do oculto faz com que as devidas etapas que devem ser muito bem concluídas, sejam puladas em favor do dito: "quem paga mais, leva"

Motivo este, que me levou a aproveitar a realidade de que OXUM é a SENHORA DO RONKÓ (QUARTO DE SANTO), pois em seu útero todo e qualquer YAWÔ é gerado. E assim compartilhar com vocês os temas que desde anteontem estamos abordando finalizando na data de hoje, e justamente, hoje também, darmos início aos tópicos referentes aos YAWÔS.

Espero que não deixem de acompanhar esta COLETÂNEA OXUM, SENHORA DOS YAWÔS, que estamos dando início hoje.