Comumente, vemos pessoas do Santo, dizerem que Ekédi, não é um cargo alto dentro de uma casa de Candomblé. Estão enganados. Ser uma Ekédi é antes de tudo ser a eleita para cuidar dos Orixás da casa.
Este cargo é de muito valor dentro das “roças” de Santo, e seu nome varia conforme a nação em que a pessoa foi feita. No Jêje ela é conhecida como Ekédi, já no Kêtu são chamadas de Ajoié na Casa Branca e de Iyárobá no Gantois. Na Nação Angola conhecem-nas como Makota. O termo Ekédi tem sua origem na nação Jêje como disse, mas se popularizou em todas as casas de Candomblé do Brasil.
Dentro da hierarquia feminina do candomblé, este é o cargo mais conhecido, e muitas mulheres sentem ânsia em ter esse cargo, mas, somente as escolhidas podem ter acesso a este posto hierárquico. Elas não entram em transe, ou seja: não incorporam, mas nem por isso são menores que os rodantes, pois que, precisam estar acordadas para exercerem sua função.
Dentro de uma casa de Santo onde se tem axé, Ekédi é chamada de mãe e tem o respeito dos demais como tal, afinal ela assiste todos os rituais que nós rodantes muitas vezes não assistimos pelo fato de estarmos manifestados por nosso Orixá.
A importância de uma Ekédi é tanta, que a ela cabe o direito de dançar com o santo do zelador da casa, de enxugar seu rosto dentre muitas outras funções. É a Ekédi quem ajuda os Orixás a se vestirem, de cuidar das roupas de Santo e dos demais utensílios pertinentes a eles. Além de tudo isso, ela cuida dos pertences pessoais do Zelador da Casa.
Este cargo é de suma importância dentro do Candomblé, afinal são as Ekédis que conduzirão os Orixás manifestados em seus filhos. E quando chega o momento desses Seres voltarem para sua morada, são as Ekédis quem e os recolhem e os desviram, cuidando ainda das condições físicas daqueles que cederam seus corpos para que nossos Encantados pudessem vir ao Oyê, Terra.
Este cargo é, portanto, de uma grandiosidade incomparável dentro de uma casa de santo, mesmo porque, o babalorixá ou a yalorixá não dariam conta de atenderem a todos os requisitos dos Orixás, sem essas pessoas que são, seus verdadeiros Ministros.
A complexidade de uma casa de Santo é muito maior do se pensa, e os rituais exigem muito das pessoas, principalmente no pertencente ao esforço físico, para que tudo esteja sempre ao contento e assim, os Orixás estejam plenamente satisfeitos.
A Ekédi não é suspensa como o Ogã, ela é apresentada ao povo, e com sua cantiga própria,não podendo de forma alguma a mesma, ser usada para outra finalidade, e, quando seu Santo pede, ela então passa pelo processo de confirmação, dado que seu ritual de iniciação é diferente de todos os demais, mesmo dos Ogãs.
Durante todo o período de festividade de uma “roça” vemos as mães Ekédis, ocupadas, de um lado para outro, garantindo que tudo esteja ao agrado tanto da Divindade como do zelador da casa, pois nada pode dar errado, caso contrário à vida da pessoa que está passando pela obrigação poderá ter sérias complicações.
Mesmo seu vestuário se diferencia dos demais membros da casa. Em algumas casas como a Casa Branca, ela se veste com um vestido discreto e não de baiana, usa o fio de contas de seu Santo, e um pano da costa que geralmente é dobrado e posto no ombro. Nesta casa, ela também não tem o hábito de dançar no Xirê dos Orixás.
Já em outras casas, e podemos considerar na grande maioria, ela se veste de baiana, mas com um certo toque de requinte, diferenciando-se das Yawôs e dança as cantigas que são entoadas em homenagem aos Orixás, toca o Adjá, e participa de forma ativa de todos os rituais litúrgicos.
Porém, mesmo nas casas onde ela dança, se um Santo “virar”, ela imediatamente vai ao seu encontro, amparando e cuidando D’ele, para que se sinta amado e repeitado. Se não fossem as Ekédis, muita coisa nas casas de santo não poderiam ser feitas com a perfeição que são, porque até mesmo nas matanças, elas ali estão acudindo a todos, cuidando para que o Santo e o zelador estejam sempre amparados da melhor forma possível.
Devemos às Mães Ekédis, um respeito maior do que se imagina, pois que, da mesma forma que os Ogãs, elas têm um contato com nosso Orixá de uma forma que Jamais teremos, dado que estamos incorporados por eles. São elas que conseguem identificar até mesmo na forma de um Orixá pisar se ele está mesmo satisfeito, se está alegre ou aborrecido.
E, quando identificam um aborrecimento na Sagrada face de um Orixá, imediatamente tomam as medidas necessárias para que aquela Divindade sinta-se à vontade, alegre e feliz dentro daquela casa.
Alguns que não merecem os Orixás costumam levantar calúnias contra nossas mães e até mesmo as abordarem com assuntos mundanos. Enganam-se e muito, pois elas são mães de nossos santos e eles as amam tanto que farão sim, a justiça sempre que verem que elas estão sendo sub julgadas ou desrespeitadas.
Nada fazemos sem elas estarem presentes, pois que, nos acompanham em todos os rituais, desde os ebós do iniciado, até sua catulagem e matança. Em todos os seus atos de nascimento, elas ali estão, nos auxiliando e garantindo que tudo saia a contento daquele Orixá.
Então, para aqueles que insistem em desrespeitar uma Ekédi, saibam que por mais velhos que possamos ser, temos mesmo que trocar de benção com elas, afinal, não têm culpa do cargo que seu Orixá traz.