Ogum na Umbanda é São Jorge, ou como os umbandistas chamam São Jorge Guerreiro. As lendas de S. Jorge remontam da época das Cruzadas; sua armadura foi levada da Capadócia para a Inglaterra, de onde é padroeiro.
Segundo as lendas, ele teria sido um destemido guerreiro, um vencedor de batalhas, de dragões e protetor de fracos e oprimidos. Por sua personalidade forte de guerreiro, sendo conhecido pelos seus fiéis como "santo forte", "vencedor de demandas", "general da Umbanda", etc.
São Jorge é extremamente popular e, através de sua sincretização com Ogum, tornou-se o padroeiro da guerra e da tecnologia, simbolizando todo aquele que trabalha nas linhas de frente, abrindo novos caminhos e alargando fronteiras.
É fácil entender o porque da grandeza de Ogum, já que ele foi o escolhido, pelo Criador, para ser o comandante de todos os Imalés. Ogum é o rei do ferro e protetor de todos os que venham a trabalhar com instrumentos metálicos. Conhecido e festejado na África como padroeiro da Agricultura.
Na Umbanda, Ogum continua comandante (Tata) e guerreiro invencível. Se na África seus sete nomes coincidem com os das sete cidades que formavam o reino de Irê, na Umbanda eles se tornaram as falanges que seguem :
a) Ogum Beira-Mar - age nas orlas marítimas;
b) Ogum Yara - age nos rios;
c) Ogum Rompe-Mato - age nas matas;
d) Ogum Malê - age contra todo o mal;
e) Ogum Megê - age sobre as almas;
f) Ogum De Lei - age junto com a justiça;
g) Ogum de Ronda - age nas ruas, do lado de fora das porteiras;
E pra cada falange, atuando em uma região ou em conjunto com alguma força. A incorporação de Ogum é fácil de se perceber:
Seus filhos tomam uma forma militar com os ombros retos, peito estufado, andar ereto e com a mão ou dedo esticado acima da cabeça.
Cor: Vermelho e branco
Planta: Espada de São Jorge e palmas brancas e vermelhas
Guia: contas de cristal vermelha e branca, dependendo da falange podem ter maior predominância de uma cor do que de outra.
Local: Estradas, limites, beira de trilhos do trem.
Saudação: Ogum Inhê! Patacori Ogum!
Boiadeiros
Os espíritos que se manifestam formando a linha dos Caboclos boiadeiros são aguerridos, valorosos, sisudos, de poucas palavras, mas de muitas ações.
Apresentam-se como espíritos que, quando viveram no plano material, eram tocadores de boiada, pastoreadores, etc.
O laço e o chicote são seus instrumentos mágicos de trabalhos espirituais e só eventualmente usam colares de semente ou pedras.
Os seus pontos cantados sempre aludem a bois e boiadas, a campos e viagens.
São combativos e muitos, senão todos, entram na “quimbanda” para combaterem e cortarem magias negativas.
Então temos a figura do mítico peão sertanejo, do tocador de gado, como arquétipo para espíritos manifestarem-se e, usando dos seus conhecimentos ocultos, auxiliarem as pessoas nos momentos mais difíceis de suas “travessias” pela evolução na matéria.
O arquétipo é forte, impositivo, vigoroso, valente e destemido, impressionando os desconhecedores dessas nuanças entre as linhas de Umbanda.
A linha de boiadeiros é sustentada em um dos seus mistérios por Ogum, e a alusão aos cavalos, ao tocar da boiada, ao laçar e trazer de volta o boi desgarrado do rebanho, atolado na lama, o arrastado pelos temporais, o que se embrenhou nas matas, o que foi atravessar os rios e foi arrastado pela correnteza, etc., tudo tem a ver com o trabalho realizado por esses destemidos espíritos boiadeiros de Umbanda.
Cavalos: filhos de Fé
Boi: espírito acomodado
Boiada: grande grupo de espíritos desgarrados reunidos por eles e reconduzidos lentamente às suas sendas evolucionistas
Laçar: recolher à força os espíritos rebelados
Atolado: espíritos que afundaram nos lamaçais e regiões astrais pantanosas
Açoitados pelos temporais: eguns caídos nos domínios de Iansã e do tempo. Por isso os “temporais inclementes”
Açoite ou chicote: instrumento mágico de Iansã feito com fios de crina ou de rabo de cavalo
Laço: instrumento do tempo e tem a ver com as ondas espiraladas de Iansã
Bois afogados em rios: espíritos caídos nas águas profundas das paixões humanas
Bois arrastados pelas correntezas: espíritos arrastados pelas correntezas turbulentas da vida
Bois que se embrenharam nas matas e se perderam: espíritos que entraram de forma errada nos domínios de Oxóssi
Bois atolados em lamaçais: espíritos caídos nos domínios de Nanã Buruquê
Bois perdidos nos pantanais: espíritos que abandonaram a segurança da razão e se entregam às incertezas das emoções
Boiadeiros são espíritos que conduzem de volta às pastagens tranqüilas e seguras os “bois” que se “desgarraram” e se desviaram da grande corrente evolucionista humana.
É para buscá-lo de volta e reincorporá-los, mesmo que à força (o laço e o chicote), que os boiadeiros (Caboclos de Ogum ligados ao Tempo) existem. Eles não são só espíritos de ex-vaqueiros ou ex-peões. Eles são grandes resgatadores de espíritos rebelados contra a Lei Maior porque não aceitam os “cabrestos” ou as “peias” criadas por ela para educar os "cavalos e bois” chucros e arredios, difíceis de serem domados e domesticados.
O simbolismo por alusão é tão associado à lida com o gado e com suas dificuldades que, ou interpretamos corretamente ou muitos desavisados ficarão com a impressão de que eles são só espíritos de ex-peões tocadores de gado no plano material.
• Ogum é o senhor das demandas
• Iansã é a senhora dos eguns (espíritos)
• Logunan é a senhora do Tempo cronológico
No tempo, em que tudo acontece (a evolução), esses Caboclos de Ogum demandam com suas forças das trevas pela libertação e reerguimento consciencial dos espíritos amparados pela nossa divina Mãe Iansã.
A linha de boiadeiros é uma linha transitória criado por Ogum e outros Orixás para que todos os Exus de Umbanda, assim que evoluam, possam galgar um novo grau de trabalhos espirituais.
Guias: Boiadeiro
Mistério sustentador: Mãe Iansã, Pai Ogum e Logunan
Cor: Azul escuro, amarelo e preto
Erva: Bambu, arruda e peregum
Frutas: Abacaxi, carambola, limão (frutas acidas)
Saudação: Maromba jetuá!
Bebida: Pinga e cerveja
Elemento: Pólvora, pedras (hematita, granada, turmalina preta, ônix preto)
Fumo: Cigarro de filtro vermelho, de palha e charuto
Velas: Azul escuro, amarelo e preto
Flores: Cravo vermelho
Semente: Anis estrelado e olho de boi
Alimento: Farofa, mandioca, carnes e pimenta
Atua: Colhendo espíritos perdidos no tempo (fora da Lei)