OXÓSSI, O ORIXÁ DE UMA FLECHA SÓ
Em tempos distantes, Odùdùwa, Obà de Ifé, diante do seu Palácio Real, chefiava o seu povo na festa da colheita dos inhames. Naquele ano a colheita havia sido farta, e todos em homenagem, deram uma grande festa comemorando o acontecido, comendo inhame e bebendo vinho de palma em grande fartura.
De repente, um grande pássaro, (èlèye), pousou sobre o Palácio, lançando os seus gritos malignos, e lançando fardas de fogo, com intenção de destruir tudo que por ali existia, pelo fato de não terem oferecido uma parte da colheita as Àjès (feiticeira, portadoras do pássaro), personificando seus poderes atravez de Ìyamì Òsóróngà.
Todos se encheram de pavor, prevendo desgraças e catástrofes. O Oba então mandou buscar Osotadotá, o caçador das 50 flechas, em Ilarê, que, arrogante e cheio de si, errou todas as suas investidas, desperdiçando suas 50 flechas.
Chamou desta vez, das terras de Moré, Osotogi, com suas 40 flechas. Embriagado, o guerreiro também desperdiçou todas suas investidas contra o grande pássaro.
Ainda foi, convidado para grande façanha de matar o pássaro, das distantes terras de Idô, Osotogum, o guardião das 20 flechas. Fanfarão, apesar da sua grande fama e destreza, atirou em vão 20 flechas, contra o pássaro encantado e nada aconteceu.
Por fim, já com todos sem esperança, resolveram convocar da cidade de Ireman, Òsotokànsosó, caçador de apenas uma flecha.
Sua mãe Yemonjá, sabia que as èlèye viviam em cólera, e nada poderia ser feito para apaziguar sua fúria a não ser uma oferenda, vez que três dos melhores caçadores falharam em suas tentativas. Indo se consultar com Ifá para Òsotokànsosó.
Foi consultar os Bàbálàwo. Eles disseram que fizesse algumas oferendas. Que preparase um pouco de ekùjébú (grão muito duro) naquele dia. Como também tenha um frango òpìpì (frango com as plumas crespas). Com èkó (massa de milho envolta em folhas de bananeira). Nesta oferenda tinha de ter seis kauris.
Yemonjá faz então assim, pediram ainda que, oferecesse colocando sobre o peito de um pássaro sacrificado em intenção. Isto deveria ser oferecido numa estrada, e que fosse recitado o seguinte: “Que o peito da ave receba esta oferenda”.
Neste exato momento, o seu filho disparava sua única flecha em direção ao pássaro, esse abria sua guarda recebendo a oferenda ofertada por Yemonjá, recebendo também a flecha serteira e mortal de Òsotokànsosó.
Todos após tal ato, começaram a dançar e gritar de alegria: “òsóòsì! òsóòsì!” (caçador do povo). A partir desse dia todos conheceram o maior guerreiro de todas as terras, foi referenciado com honras e carrega seu título até hoje.