Este assunto entre os demais postados hoje, digamos de passagem é o de maior ponto de POLÊMICA em nossos dias.
Desde os tempos primórdios do CANDOMBLÉ ou até mesmo da UMBANDA SAGRADA, para se alcançar o posto de PAI DE SANTO/ MÃE DE SANTO (Umbanda) ou BABALORIXÁS/IALORIXÁS (Candomblé). Sempre existiu, e ainda hoje, naquelas casas que de fato buscam fazer as coisas como a tradição pede e manda, existe um tempo certo pra tudo, até se chegar ao posto e recebimento de tão grande CARGO OU FUNÇÃO.
Mas existem outras realidades que devemos por em pauta. Será que todo o Yawô, que chega a completar os seus sete anos, recebendo a função de Egbomi, vem a ser um BABALORIXÁ OU IALORIXÁ? A resposta é única: NÃO!
Tem se visto por ai, muitas casas dizerem: "TODOS AQUI PODEM SER BONS PAIS DE SANTO OU BOAS MÃES DE SANTO". Se fosse assim, pode ter a certeza que a cada esquina teria um terreiro, ou um Ilê Asé.
Dos mais antigos, aos que buscam de fato fazer as coisas certas, bem sabem que a função PAI/MÃE DE SANTO ou BABALORIXÁ/IALORIXÁ, por si só tem um peso enorme de responsabilidade. Pois todos que exercem esta função, antes de mais nada tem de se conscientizar que nada mais são que ZELADORES DE SANTO. Onde vidas são postas ali nas mãos dessas pessoas para serem zeladas.
Vamos pegar alguns exemplos que infelizmente não estão mais entre nós fisicamente:
PROCÓPIO DE OGUM;
MÃE MENININHA DO GANTUÁ;
TATÁ PÉRCIO DE XANGÔ;
Pessoas que de fato, foram antes de mais nada "CONFIRMADAS" pelos ORIXÁS a exercerem tal função. Confirmação esta dada em IFÁ, para muitos "JOGO DE BÚZIOS".
A "coisa" não é só completar os seus sete anos e pronto. Já se vai abrindo uma casa de santo, raspando cabeças a torto e a direito, como que numa competição para dizer: "OLHA JÁ TENHO TANTOS FILHOS DE SANTO". Pode parar com isso, quem pensa assim, infelizmente dessa forma.
Além de vermos hoje em dia, e isso é triste, pessoas totalmente despreparadas, assumindo cargos de PAI/MÃE DE SANTO ou BABALORIXÁS/IALORIXÁS. Uma situação que esta crescendo numa proporção enorme. Ainda vemos coisas piores: YAWÔS, se posicionando como tais. Mal acabam de completar seus TRÊS ANOS, ou nem isso, e já saem raspando pessoas por ai.
Como assumir uma função destas sem poder oferecer aquilo que naõ se tem? DESCULPE mas é impossível!!! Para se ter essa noção antes de mais nada não se visa ter casas abertas, verdadeiros monumentos arquitetônicos ou ate´mesmo casas cheias para dizer que é o bom. Precisa ter conteúdo. Preceitos. Como exigir um dia comprometimento e obediência de alguém se estas pessoas não o foram nem comprometidas muito menos obedientes de esperar o tempo certo?
Como se exigir algo de alguém que naõ se fez em sua própria realidade? Fica difícil né!
Vejamos o que este texto que recebemos da própria CASA DE OXUMARÊ nos diz:
Nem todos têm caminho para o sacerdócio.
A formação do Sacerdote de culto de òrìsá e longa e penosa. As noites, as histórias contadas e guardadas, os ensinamentos passados e as duras lições das madrugadas frias ou abafadas. As indagações, a insegurança e o verdadeiro clamor pela fé.
A sabedoria, o conhecimento e a sensibilidade, advêm de saber muito mais ouvir do que falar, o precioso silencio, o saber que na hora exata tudo se mostrará, faz de figuras ímpares os verdadeiros disseminadores do amor e da fé de nosso culto maravilhoso, explendoroso e mágico.
Não basta a vontade, tem que ter 'tombo', ser o escolhido e ser verdadeiramente "verdadeiro" em seus propósitos. Ser sacerdote é calar, admirar e adorar quando se está diante de uma divindade.
Diz um itan:
Foram os Babalawo que fizeram a adivinhação. Quando Ómósile veio para à Terra, foi consultar com os Babalawo para saber qual deveria ser a sua profissão para ter uma vida prospera.
Eles lhe disseram que deveria se dedicar ao mercado. E que somente rendesse culto às divindades, sem exercer o sacerdócio.
Ao chegar ao Mundo, Òmósile esqueceu-se do mercado e iniciou-se no culto aos Orisa. Sem ter os devidos conhecimentos, abriu seu próprio templo sem fazer os ritos nem os ebo necesários. Começou em pouco tempo a trabalhar com a religião e a iniciar outros.
Èsù, olhando que o templo feito por Ómósile não tinha a permissão das divindades, fez mexerico entre alguns seguidores de outro culto, dizendo que Òmósile fazia bruxaria para eles.
Avisados por Èsù, foram pela noite até o templo de Ómósile e atearam fogo.
Ao outro dia, quando Ómósile chegou e olhou tudo queimado, foi para a adivinhação. Os Babalawo disseram que deveria esquecer-se da religião, pois não era seu caminho, pois deveria ser comerciante e apenas render culto às divindades sem exercer o sacerdócio. Lhes aconselhou que fizesse ebó para achar o caminho da prosperidade.
Ele fez o ebó.
Ao tempo, sua vida mudou para melhor e começou a prosperar com as vendas. Casou e teve muitos filhos. Ele cantou e dançou em louvor aos Babalawos que fizeram a adivinhação.
"Nem todos tem caminho para o sacerdócio.”
Sabedoria celeste.
Por: Bàbá Osvaldo ómó Obàtálá.
Assim, com este texto, finalizamos este assunto e novamente dizemos não basta fazer filhos de santo. Mas tem de saber zelar, cuidar e fazer crescer.