segunda-feira, 2 de abril de 2012

PAI KLEBER DE OGUM FALANDO SOBRE OGUM

Motumbá meus (minhas) amigos (as) do BLOG OLHOS DE OXALÁ

Com grande alegria, esforço, veneração e adoração, dedicação estamos nos aplicando a postar para todos vocês uma seqüência agradável sobre o ORIXÁ OGUM, o qual dedicamos este mês. Lembrando é claro que como prometemos ainda vamos abordar neste mês também algo sobre o ORIXÁ OXÓSSI. Irmão de Ogum, o qual muitas  vezes e quase sempre caminham juntos. 

Desta forma, iremos apresentar depoimentos de algumas pessoas filhas deste orixá, bem como postar fotos de muitos amigos nossos do PERFIL OLHOS DE OXALÁ (O BLOG) para não somente homenagear o nosso tão amado ORIXÁ OGUM, bem como homenagear estas pessoas queridas que em tão pouco tem se tornado nossas amigas. 

Um grande abraço a todos e meus sinceros respeitos. 

Desta forma, estamos postando esta explanação feita por PAI KLEBER DE OGUM, que com dedicação e esforço tem sempre procurado levar o nosso amado CANDOMBLÉ a todos aqueles que buscam de fato uma religiosidade pura, limpa e concreta. 

PERFIL DE MÃE SIMPLÍCIA DE OGUM


Esta postagem foi enviada através de meu email particular por meu amigo FERNANDO DE OXAGUIAN. Espero que possam gostar e contribuir ainda mais para o conhecimento de cada um de nós. 

Mãe Simplícia, uma guerreira!!! 


Na época, em que Mãe Simplícia esteva à frente... da Casa de Òsùmàrè, Getúlio Vargas já havia editado o Decreto-Lei 1.202, no qual ficava proibido o embargo sobre o exercício da religião do candomblé no Brasil. A partir da edição deste decreto-lei, cultuar os Òrìsà deixou de ser considerada atividade criminosa. Aos Africanos e afro descendentes ficou assegurado o direito à liberdade de professarem sua fé.


Mas, infelizmente, não foi bem assim. A repressão e intolerância ao candomblé, em verdade havia se organizado. Para realizar as cerimônias religiosas, os terreiros precisavam pedir autorização e requerer um alvará de funcionamento na Delegacia de Jogos e Costumes, pagando taxas impostas para expedição deste documento.

O alvará de nada adiantava, não oferecia nenhum tipo de proteção, os terreiros continuaram a ser invadidos pela polícia que se tornava cada vez mais violenta. Os praticantes do candomblé continuaram a receber ordem de prisão, sofriam as mais diversas formas de intimidação, a citar como exemplo: autuados eram obrigados a carregar os seus atabaques na cabeça e caminhar até a delegacia.

Embora a Casa de Òsùmàrè já não fosse mais vítima dessas tais batidas policiais, Mãe Simplícia continuava indignada com o sofrimento dos povos de religiões de matrizes africanas, e tomou para si esta luta. E assim, começou sua jornada em defesa da liberdade religiosa.

Neste sentido, seu primeiro passo aconteceu em 1952, no inicio de sua gestão na Casa de Òsùmàrè. O carisma que lhe distinguia proporcionava manter relações influentes. Assim, tomou conhecimento que o presidente Getúlio Vargas, juntamente com o governador Régis Pacheco, o senador Assis Chateubriand, o vice-presidente Café Filho iriam inaugurar o Grande Hotel Caldas do Cipó, no sertão da Bahia. 

Diante desta informação, articulou-se para realizar a recepção para o presidente e sua comitiva, com o intuito de denunciar a releitura da inquisição contra o Candomblé promovido pela polícia baiana da época.

Nesta recepção, realizada aos 24 junho de 1952, Mãe Simplícia conseguiu a esperada conversa com o presidente e denunciou os horrores que os povos de religiões de matrizes africanas ainda sofriam, reivindicando, assim, os direitos de liberação dos cultos, conforme o decreto por ele sancionado.
Uma ação que contribuiu para mudar o cenário vivido na época pelo povo de santo.


De: Casa de Oxumarê 

Mãe Simplícia de Ogum, Simpliciana da Encarnação, Ogum Dekisi, (1922 - 1967), era filha carnal de Maria das Neves da Conceição (Oyá Biyi), foi Ialorixá do Candomblé Ilê Axé Oxumarê no local antigamente chamado de Mata Escura, bairro da Federação, Salvador, Bahia.

Em 1936 aos 14 anos foi iniciada por Mãe Cotinha de Yewá que depois se tornou sua cunhada por seu casamento com Hilário Bispo dos Santos (Vovô Hilário), irmão de Mãe Cotinha.

Em 1954 aos 38 anos com o falecimento de Mãe Francelina de Ogum, tomou posse como Ialorixá da Casa de Oxumarê.

Teve cinco filhos: Jutaí Bispo dos Santos, Tânia Maria Bispo da Encarnação, Nilton Bispo dos Santos, Nilzete Austriquiliano da Encarnação e Erenilton Bispo dos Santos, todos iniciados na Casa de Oxumarê.

Descendentes de Mãe Simplícia
Iniciou quarenta e quatro Yawôs: Filhinha de Ogum (Dofona Deusuíta), Leonor de Oxumarê, Elza de Oxóssi, Ana de Ogum, Walquiria de Oxum, Nilza de Ogum, Dó de Ossayin, Cotinha de Oxalá, Deusuíta de Omulu, Pai Pérsio de Xangô, Ana Laura de Ogum, Duzinha de Nanã, Bentinha de Ogun, Rosinha de Obaluaiyê, Zezé de Obaluaiyê, Doroti de Yansan, Ekeji Angelina de Oxóssi.

CONHECENDO MAIS O ORIXÁ OGUM - PARTE II


Ogum (do iorubá Ògún) como personagem histórico, teria sido o filho mais velho de Odùduà, o fundador de Ifé. Era um temível guerreiro que lutou sem cessar contra os reinos vizinhos. Dessas expedições, trouxe sempre um rico espólio e numerosos escravos. Guerreou contra a cidade de Ará e a destruiu. Saqueou e devastou muitos outros estados e apossou-se da cidade de Irê, matou o rei, aí instalou seu próprio filho no trono e regressou glorioso, usando ele mesmo o título de Oníìré, (Rei de Irê). 


Entretanto, Ogum nunca chegou a usar a coroa (adé), feita com pequenas contas de vidro e ornada por franjas de miçangas que dissimulava o rosto e é o emblema de realeza para os iorubás. Usava um simples diadema, chamado àkòró, e isso lhe valeu ser saudado, até hoje, sob os nome de Ògún Oníìré e Ògún Aláàkòró inclusive no Brasil e em Cuba. Ogum teria sido o mais enérgico dos filhos de Odùduà e foi regente do reino de Ifé quando Odùduà ficou temporariamente cego. 

Ogum no Brasil é sobretudo o orixá dos guerreiros e dos ferreiros. Perdeu a posição de protetor dos agricultores, pois os escravos, nos séculos anteriores, não possuíam interesse pessoal na abundância e na qualidade das colheitas e não procuravam sua proteção neste domínio. Isso explica, igualmente, pouco a pouco que os iorubas, escravos no Brasil, deram ao Òrişà Oko, cujo culto continuou popular na África. Como deus dos caçadores, Ogum foi substituído por Oxóssi, trazido à Bahia pólos africanos de Keto, fundadores dos primeiros candomblés desta cidade.


As pessoas consagradas a Ogum usam colares de contas de vidro azul-escuro e, algumas vezes, verde. Terça feira é o dia da semana que lhe é consagrado. Como na África, ele é representado por sete instrumentos de ferro, pendurados em uma haste do mesmo metal, e por franjas de folhas de dendezeiro desfiadas, chamadas màrìwò que, penduradas acima das portas e janelas de uma casa ou à entrada dos caminhos, representam proteção e barreiras contra as más influências. Seu nome é sempre mencionado por ocasião de sacrifícios dedicados aos diversos orixás no momento em que a cabeça do animal é decepada com uma faca – da qual ele é o senhor. 


É também o primeiro a ser saudado depois que Exú é despachado. Quando Ogum se manifesta no corpo em transe de seus iniciados, dança com ar marcial, agitando sua espada e procurando um adversário para golpear. É, então, saudado com gritos de “Ogum ieee!” (“Olá, Ogum!”). É sempre Ogum quem desfila na frente, “abrindo caminho” para os outros orixás, quando eles entram no barracão nos dias de festa, manifestados e vestidos com suas roupas simbólicas. 


O adarrum é o ritmo característico de Ogum. É um ritmo “quente”, rápido e contínuo e que lembra o galope frenético de um cavalo. É um ritmo executável pelos atabaques apenas, sem canto. 

Ogum dança vestido com suas roupas de azul profundo, de capacete e empunhando um facão, numa dança cheia de movimentos rápidos, “abrindo os caminhos” e “guerreando” com vigor. 

As comidas cerimoniais a ele oferecidas costumam ser simples, preferencialmente secas, sem molhos elaborados, feitas com o mínimo de ingredientes para estar prontas rapidamente, sem necessidade de empregados e panelas – comiida de soldado ou viajante. Seu prato por excelência é o inhame assado, acompanhado de feijão-fradinho rapidamente torrado diretamente no fogo.

Na Bahia, Ogum foi sincretizado com Santo Antônio de Pádua, por uma tradição peculiar à cidade de Salvador. Em 1595 uma imagem sua foi maltratada por protestantes. Estes foram capturados e viram dar à praia a imagem, que tinham jogado ao mar. Pela vitória contra os inimigos luteranos, o santo foi alistado no Forte da Barra, com direito a soldo. Em 1705, foi promovido a capitão e, na II Guerra Mundial, a major. No Rio de Janeiro e demais estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste do Brasil é sincretizado com São Jorge e, em Cuba, com São João Batista e São Pedro.