Quando Olorun começou a respirar, uma parte do ar transformou-se em massa de água, originando Orixalá — o grande Orixá Funfun do branco. O ar e as águas moveram-se conjuntamente e uma parte deles transformou-se em bolha ou montículo uma matéria dotada de forma — um rochedo avermelhado e lamacento. Olorun soprou vida sobre ele e com seu hálito deu a vida a Exu, o primeiro nascido, o procriado, o primogênito do Universo.
Olorun abrange todo espaço e detém três poderes que regulam e mantém ativos a existência e o Universo: Iwá, que permite o Universo genérico o ar, a respiração; Axé, que permite a existência advir dinâmica; Abá, que outorga propósito e dá direção. Ou como diz o poeta Moraes Moreira em "Pensamento Iorubá”:
“Para tudo ser tem que ter IWA
Para vir a ser tem que ter AXÉ
Para o sempre ser tem que ter ABÁ”.
Ao combinar esses três poderes de forma específica, Olorun transmite-os aos Irunmalé, entidades divinas que remontamos primórdios de universo, encarregados de mantê-las nas diferentes esferas de seu domínio. Os Irunmalé seriam em número de seiscentos, quatrocentos da direita (os Orixás, detentores dos poderes masculinos) e duzentos da esquerda (os Eboras), detentores dos poderes femininos). Vimos que quando Olorun começou a respirar, gerou Orixalá e Exu, o procriado. Na qualidade de procriado, Exu não pode ser isolado nem classificado em qualquer categoria. Minha homenagem ao meu BARA! Nestes escritos sobre os
Orixás, Exu com seu perfil psicológico e o tipo determinante dos seus filhos, abrirão os caminhos sendo o primeiro a ser evocado.
Os Orixás — deuses Iorubás na África e no Novo Mundo — seriam ancestrais míticos encantados e metamorfoseados nas forças da natureza. Cada Indivíduo tem um principal que é o "dono da cabeça", e outros três que exigem cultuação e que também oferecem proteção. A tradição afirma que cada ser humano, no momento em que é criado, escolhe livremente sua cabeça (Ori) e seu destino (Odu).
Cada pessoa tem uma origem divina, que a liga a uma divindade específica. Esta parte divina à situada dentro da cabeça. A substância de origem divina (Ipori) torna manifesta a filiação a um deus especifico — o Eledá, por isso chamado o dono da cabeça.
Conhecer seu Eledá possibilita ao homem ser artífice de seu próprio destino, cumprindo as obrigações ou interdições que seu Eledá determina. Saber manipular tais influências eqüivale ao conhecimento do horóscopo natal com as melhoras de vida, que se pode obter sabendo ouvir os astros.
O "dono da cabeça" (Eledá) determina o tipo psicológico de seu filho e responde, também, por suas características físicas e seu destino. Tradicionalmente, sabe-se qual o da cabeça, pela leitura de búzios Orixá-forma divinatória na qual se lê o Odu. Para isso, usa-se búzio africano (Cauri) previamente preparado para esse fim. Voltaremos, após uma visão geral da estrutura do Candomblé aos Orixás e tipos psicológicos.
Os praticantes do Candomblé ainda costumam se definir como praticantes de uma seita e não religião. Os integrantes do Candomblé do grupo yorubá, definem a prática religiosa como um conjunto de crenças — Ìgbàgbó —, obrigações — Orò, e práticas — Ìlò, através das quais se reconhece o mundo divino — Òrun — cumprem-se seus preceitos — Rúbo —, e pedem seus favores — Àse.