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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - NEM TODOS TEM CAMINHOS PARA O SACERDÓCIO

Este assunto entre os demais postados hoje, digamos de passagem é o de maior ponto de POLÊMICA em nossos dias. 

Desde os tempos primórdios do CANDOMBLÉ ou até mesmo da UMBANDA SAGRADA, para se alcançar o posto de PAI DE SANTO/ MÃE DE SANTO (Umbanda) ou BABALORIXÁS/IALORIXÁS (Candomblé). Sempre existiu, e ainda hoje, naquelas casas que de fato buscam fazer as coisas como a tradição pede e manda, existe um tempo certo pra tudo, até se chegar ao posto e recebimento de tão grande CARGO OU FUNÇÃO

Mas existem outras realidades que devemos por em pauta. Será que todo o Yawô, que chega a completar os seus sete anos, recebendo a função de Egbomi, vem a ser um BABALORIXÁ OU IALORIXÁ? A resposta é única: NÃO! 

Tem se visto por ai, muitas casas dizerem: "TODOS AQUI PODEM SER BONS PAIS DE SANTO OU BOAS MÃES DE SANTO". Se fosse assim, pode ter a certeza que a cada esquina teria um terreiro, ou um Ilê Asé. 

Dos mais antigos, aos que buscam de fato fazer as coisas certas, bem sabem que a função PAI/MÃE DE SANTO ou BABALORIXÁ/IALORIXÁ, por si só tem um peso enorme de responsabilidade. Pois todos que exercem esta função, antes de mais nada tem de se conscientizar que nada mais são que ZELADORES DE SANTO. Onde vidas são postas ali nas mãos dessas pessoas para serem zeladas. 

Vamos pegar alguns exemplos que infelizmente não estão mais entre nós fisicamente: 

PROCÓPIO DE OGUM; 

MÃE MENININHA DO GANTUÁ; 

TATÁ PÉRCIO DE XANGÔ; 

Pessoas que de fato, foram antes de mais nada "CONFIRMADAS" pelos ORIXÁS a exercerem tal função. Confirmação esta dada em IFÁ, para muitos "JOGO DE BÚZIOS". 

A "coisa" não é só completar os seus sete anos e pronto. Já se vai abrindo uma casa de santo, raspando cabeças a torto e a direito, como que numa competição para dizer: "OLHA JÁ TENHO TANTOS FILHOS DE SANTO". Pode parar com isso, quem pensa assim, infelizmente dessa forma. 

Além de vermos hoje em dia, e isso é triste, pessoas totalmente despreparadas, assumindo cargos de PAI/MÃE DE SANTO ou BABALORIXÁS/IALORIXÁS. Uma situação que esta crescendo numa proporção enorme. Ainda vemos coisas piores: YAWÔS, se posicionando como tais. Mal acabam de completar seus TRÊS ANOS, ou nem isso, e já saem raspando pessoas por ai. 

Como assumir uma função destas sem poder oferecer aquilo que naõ se tem? DESCULPE mas é impossível!!! Para se ter essa noção antes de mais nada não se visa ter casas abertas, verdadeiros monumentos arquitetônicos ou ate´mesmo casas cheias para dizer que é o bom. Precisa ter conteúdo. Preceitos. Como exigir um dia comprometimento e obediência de alguém se estas pessoas não o foram nem comprometidas muito menos obedientes de esperar o tempo certo? 

Como se exigir algo de alguém que naõ se fez em sua própria realidade? Fica difícil né! 

Vejamos o que este texto que recebemos da própria CASA DE OXUMARÊ nos diz:

Nem todos têm caminho para o sacerdócio.


A formação do Sacerdote de culto de òrìsá e longa e penosa. As noites, as histórias contadas e guardadas, os ensinamentos passados e as duras lições das madrugadas frias ou abafadas. As indagações, a insegurança e o verdadeiro clamor pela fé.

A sabedoria, o conhecimento e a sensibilidade, advêm de saber muito mais ouvir do que falar, o precioso silencio, o saber que na hora exata tudo se mostrará, faz de figuras ímpares os verdadeiros disseminadores do amor e da fé de nosso culto maravilhoso, explendoroso e mágico. 

Não basta a vontade, tem que ter 'tombo', ser o escolhido e ser verdadeiramente "verdadeiro" em seus propósitos. Ser sacerdote é calar, admirar e adorar quando se está diante de uma divindade. 

Diz um itan: 

Foram os Babalawo que fizeram a adivinhação. Quando Ómósile veio para à Terra, foi consultar com os Babalawo para saber qual deveria ser a sua profissão para ter uma vida prospera. 

Eles lhe disseram que deveria se dedicar ao mercado. E que somente rendesse culto às divindades, sem exercer o sacerdócio. 

Ao chegar ao Mundo, Òmósile esqueceu-se do mercado e iniciou-se no culto aos Orisa. Sem ter os devidos conhecimentos, abriu seu próprio templo sem fazer os ritos nem os ebo necesários. Começou em pouco tempo a trabalhar com a religião e a iniciar outros. 

Èsù, olhando que o templo feito por Ómósile não tinha a permissão das divindades, fez mexerico entre alguns seguidores de outro culto, dizendo que Òmósile fazia bruxaria para eles. 

Avisados por Èsù, foram pela noite até o templo de Ómósile e atearam fogo. 

Ao outro dia, quando Ómósile chegou e olhou tudo queimado, foi para a adivinhação. Os Babalawo disseram que deveria esquecer-se da religião, pois não era seu caminho, pois deveria ser comerciante e apenas render culto às divindades sem exercer o sacerdócio. Lhes aconselhou que fizesse ebó para achar o caminho da prosperidade. 

Ele fez o ebó. 

Ao tempo, sua vida mudou para melhor e começou a prosperar com as vendas. Casou e teve muitos filhos. Ele cantou e dançou em louvor aos Babalawos que fizeram a adivinhação. 

"Nem todos tem caminho para o sacerdócio.” 

Sabedoria celeste. 

Por: Bàbá Osvaldo ómó Obàtálá. 

Assim, com este texto, finalizamos este assunto e novamente dizemos não basta fazer filhos de santo. Mas tem de saber zelar, cuidar e fazer crescer.

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - A ÉTICA E O SACERDOTE

Quando vemos uma criança apontar um coleguinha como sendo o culpado por uma de suas travessuras, já podemos imaginar como vai ser o futuro dessa pessoa se não houver a interferência dos pais.


Nas diversas áreas podemos sentir as distorções de personalidade, e a falta de caráter, de um indivíduo, que muitas vezes começa lá na infância; quando isso é notado em um sacerdote, me faz lembrar uma conhecida frase Yorubana ( En ti ase loore ti ko Du pé buru ju olósa Ti ó kò ní léru ló) aquele a quem concedemos bondades que não expressa gratidão, é pior que o ladrão que rouba nossas coisas.

Quando confiamos em alguém, nossa fé, isso nos torna vulneráveis, abrimos nosso coração e expomos nossas feridas, assim como as mais profundas angústias de nossa alma e, muitas vezes, reconhecemos naquela pessoa um elo de ligação com o sonho e a esperança da realização, e isso nos conduz a conceder bondades a esse suposto confiável, amigo, e orientador.

Quando uma consulta a um sacerdote acontece, nos desnudamos e assumimos nossas falhas, e nossa real condição de impotência para lidar com o desconhecido ou com o inesperado.


Isso coloca, o então, senhor da resposta,como solução as nossas angústias e lhe concede o direito de colocar na solução, custos, mesmo que algumas coisas jamais possam ser pagas, quando de fato acontecem.

A condição de solucionador de problemas do corpo e do espírito, não é verdadeira, na realidade o sacerdote, é somente um elo de ligação, entre a solução e o problema, isso não justifica algumas vaidades exteriorizadas, quando do sucesso do tratamento, até porque a solução partiu do Orisa e não do sacerdote.

Quando analisamos do ponto de vista ético, um orientador, jamais deve afastar uma pessoa de sua religião, e sim fortalecer nela aquilo que naturalmente se desenvolveu: confiança, credibilidade e esperança; jamais tal comportamento deve unir o adepto ao emissário e sim a divindade.


Nada mais justo que por esse caminho não trafegue a ilusão, o dever de quem orienta é ajudar a sonhar e jamais iludir.

Quando buscamos em uma consulta aos Orisas, orientação, evidentemente que os interesses do sacerdote, devem ser omitidos, assim como a opinião pessoal do mesmo.

Tal fato transfere a responsabilidade ao Orisa que orientou, mas em nenhum momento isenta o sacerdote da interpretação.

Acredito de fato que quando alguma coisa deixa de acontecer é um erro de interpretação e nunca um equivoco divino.


Assumir tais erros, é um ato de coragem, e sem dúvida, é uma questão ética, considerando o fato que, além dos interesses envolvidos, houve uma expectativa gerada, nada mais justo que um resultado positivo seja sentido, e a resposta aos questionamentos venha como solução ao problema.

Assumir responsabilidades é um atributo de quem oferece soluções.

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - POR QUE OS ANTIGOS VIRAM SEUS COPOS?

Motumbá meus (minhas) irmãos (ãs), saudações e grandes saudades. 

Muitos devem ter se perguntado o motivo de ter demorado de postar algo aqui. Mas o fato é que andamos muito ocupados nestes dias. Com assuntos diversos aqui para serem resolvidos. Mas graças a Deus, Ogum e a Oxaguiãn, aqui estamos novamente para dar andamento ao nosso BLOG OLHOS DE OXALÁ

Hoje, estamos compartilhando algumas novidades interessantes que achamos convenientes postar aqui para crescimento de todos e claro familiarização com os tempos atuais de nossa RELIGIOSIDADE

Entre elas esta postagem vinda do FACEBOOK, mas que de fato é de grande aprendizado pra todos nós. Tirada do BLOG DA CASA DE OXUMARÊ.


Porque as Pessoas Antigas do Candomblé Emborcam o Copo após Beber? Mania de Gente Antiga, ou Conhecimento da Religião? 

É muito comum, sobretudo em Salvador, observamos os antigos membros do Candomblé emborcarem o copo após terem bebido qualquer coisa. Muitas pessoas acham que é mania de gente antiga, mas porque eles fazem isso? 

Uma antiga história Nago, diz que Ògún viajou por longos sete anos, desbravando novas terras. Ao retornar para a sua cidade, Ire, ninguém o reverenciou, pois estavam em voto de silêncio que durariam sete dias. Além do silêncio, ficariam em jejum, razão pela qual, esvaziaram todas as vasilhas que continham água, para evitar olhar para o líquido, o que lhes daria mais vontade de beber. 

Ogun ficou muito irritado, pois ninguém o reverenciou e, ao ver muitos copos, começou a procurar algo para beber e saciar sua sede. No entanto, todos estavam vazios, afinal toda a população ficaria em jejum por sete dias. Sem conseguir imaginar a razão daquilo, Ogun cometeu um grande ato violento contra aquelas pessoas, dizendo que ninguém o reverenciou e ninguém deixou nada para que ele pudesse beber. 

Seu Pai, ao chegar e ver o que Ogun estava fazendo, o advertiu, lembrando que todos estavam em voto de silêncio, razão pela qual as pessoas não o cumprimentaram e, todas as vasilhas estavam vazias, sendo que eles estavam de jejum. 

Em lembrança dessa história, as pessoas na casa de Candomblé, após beberem, viram o copo, para que Ògún saiba que eles estão vazios, não despertando a sua ira. 

Que Òsùmàrè Arákà esteja sempre olhando e abençoado todos!!!

Ilé Òsùmàrè Aràká Àse Ògòdó

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - POR QUE JOGAMOS ÁGUA NA RUA?


Porque Jogamos Água à Rua? 

A misteriosa Religião dos Òrìsàs é norteada de costumes e dogmas, um deles é aquilo que chamamos de “despachar a rua”, que condiz em jogar três punhados de água, antes de entrar ou sair de casa. Mas porque fazemos isso? Primeiramente é importante recordarmos da importância da água na nossa cultura. No Candomblé não se faz nada sem água, ela que umidifica, resfria e fertiliza. Nós mesmos, antes de nascermos, no útero de nossa mãe, ficamos o período gestacional na água do ventre materno, somente isso já seria o suficiente para sermos gratos à água diariamente, afinal, sem ela não existiríamos. 

Há muitos momentos em que despachamos a porta. As ocasiões mais comuns são ao acordamos, ao sairmos de casa e ao retornarmos para casa. Mas não são somente nesses momentos. Por exemplo, há determinadas cantigas que retratam um momento de muita turbulência na vida do Òrìsà, podendo despertar sua cólera se entoadas em momentos inoportunos. Nessas situações, o Babalòrìsà ou Ìyálòrìsà, sempre atento, solicita à uma antiga egbon, que jogue água à rua, apaziguando o Òrìsà que foi recordado de um momento adverso em sua vida no Aye. 

Em suma, em todos esses momentos, o objetivo é apaziguar. Há uma frase em yorùbá que diz “Somente a Água Fresca Apazigua o Calor da Terra”. Ao acordamos, despachamos a porta, recitando palavras que tem por objetivo, pedir que aquele dia seja de tranqüilidade e de harmonia. Quando estamos saindo de casa, jogamos água à rua, rogando à Èsù Oná (O Senhor dos Caminhos), que aquela água, apazigúe os caminhos que vamos percorrer e que, sobretudo, não nos deparemos com situações que nos exponha a riscos. 

Ao entrar na Casa de Candomblé, por exemplo, despachamos a rua, pedindo licença aos Donos da Porteira, reverenciando-os sempre. Em muitas casas de Candomblé a porteira está sempre aberta, isso não significa que não há dono, muito pelo contrário. Nesse aspecto, pedimos licença (Ago) aos Donos da Porteira, mostrando nosso respeito e, pedindo que a água resfrie a terra, até o momento em que, vamos nos purificar por meio do Omi Ero ou Omi Agbo, para poder então, partilhar do convívio no Terreiro de Asè. 

Por isso, jamais se esqueçam, apazigúe a terra antes de caminhar sobre ela. 

Que Òsùmàrè Arákà esteja sempre olhando e abençoado todos!!!

Ilé Òsùmàrè Aràká Àse Ògòdó

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - A ÁGUA, A FOLHA E A PEDRA

Certamente que encontrar a essência do orisa,não é ir à áfrica,existem várias essências no ritual de culto aos Orisas,nunca deveríamos confundir com ir até as origens.


Durante a iniciação de uma pessoa de Osun , retiramos a água do rio que será usada nos rituais,essa é uma forma de extrair a essência,assim como quando preparamos as folhas maceradas ou calcinadas também estamos extraindo parte do conjunto necessário ao culto do orisa em seu Igba (vasilha de assentamento),no momento que seguramos em nossas mãos um minério de ferro e invocamos Ogun em seu igba sentimos a presença do orisa,mesmo quando uma pessoa retira das águas do rio um okuta (pedra) cor amarelada, que não tem nenhuma rachadura obtemos uma das essências de Osun.

A brancura do okuta de formas delicadas representa certamente um dos princípios de Obatala,mas é com a inclusão de outras essências como o efun e o chumbo e as folhas certas, que formam um conjunto de elementos que caracteriza o início do assentamento, mas o ofo (encantamento sagrado) certo, e o ase (axé) de quem o pronuncia é que vai completar o ritual,a escolha do sacerdote continua sendo o elemento que dá o equilíbrio.

Então a escolha do individuo permanece como o ponto fundamental em todas a situações,o acerto, ou o erro vai caracterizar o sucesso ou o fracasso de uma iniciação.