domingo, 10 de fevereiro de 2013

COLETÂNEA LOGUN E O PRECONCEITO - INTOLERÂNCIA RELIGIOSA, UMA TRISTE REALIDADE


Na história dos 512 anos do Brasil, 388 foram construídos com base no sistema escravocrata, que transformava negros em meras mercadorias. A religião foi um dos mecanismos que permitiu que esses homens e mulheres, que foram arrancados das suas terras e coisificados, mantivessem uma ligação com o seu continente de origem, a África. 

E foi justamente nos primeiros anos da colonização do país que começou a busca incessante dos senhores de engenho, os escravocratas em criminalizar e demonizar toda e qualquer manifestação de matriz africana. Foi assim com a capoeira, com o maculelé e não seria diferente com o candomblé. 

Para isso, foram disseminados vários conceitos equivocados a respeito da religiosidade e cultura dos negros. Esses equívocos permanecem até os dias de hoje. 

Quem já leu a Bíblia, o livro sagrado dos cristãos (católicos e protestantes) sabe muito bem que era natural o sacrifício de animais para saudar o Deus supremo. Desde a Grécia antiga se realizava esses rituais. 

Esta na hora de extinguir definitivamente com a falta de respeito contra as religiões de matriz africana, e principalmente erradicar os conceitos preconceituosos e estereótipos relacionados ao candomblé. Neste sentido segue nosso desabafo: 

No candomblé não sacrificamos seres humanos, pois não nos alimentamos desta carne. 

No candomblé não sacrificamos gato, pois não nos alimentamos desta carne. 

No candomblé não sacrificamos cachorro, pois não nos alimentamos desta carne. 

No candomblé não sacrificamos cavalo, pois não nos alimentamos desta carne. 

Resumindo... No candomblé e em tantas outras religiões espalhadas pelo mundo (sacrifício de animais também faz parte das culturas, como exemplo a judaica e islâmica). No candomblé entendemos que tudo é sagrado, a existência da vida deve ser respeitada desde a de um vegetal quanto a de um animal. O sacrifício é a retomada da ligação o Orixá, como no Judaísmo, o sacrifício é conhecido como Korban, palavra oriunda do hebreu karov, que significa "vir para perto de Deus"

Para as celebrações de nossos Orixás, que são regadas de banquetes compartilhados com a comunidade, somente são aceitas carnes que foram abatidas respeitando a vida e energia existente em cada animal e seu sofrimento sendo obrigatoriamente o mínimo o possível. 

Ofertamos aos nossos Deuses, os alimentos que ele nos proporciona em nosso cotidiano. Pode ser uma galinha, uma cabra, um bode. Animais que fazem parte da nossa ceia. E após ser sacrificado, tudo, exatamente tudo é aproveitado. A carne alimenta a comunidade, o couro fazemos os nossos instrumentos. 

O animal não morre em vão. A energia e essência de vida existente no animal é manipulada para beneficiar os adoradores de Orixá e esses rituais ainda são concluídos com cerimônias que visam justificar a necessidade humana de se alimentar da carne. 

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