quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - A ÉTICA E O SACERDOTE

Quando vemos uma criança apontar um coleguinha como sendo o culpado por uma de suas travessuras, já podemos imaginar como vai ser o futuro dessa pessoa se não houver a interferência dos pais.


Nas diversas áreas podemos sentir as distorções de personalidade, e a falta de caráter, de um indivíduo, que muitas vezes começa lá na infância; quando isso é notado em um sacerdote, me faz lembrar uma conhecida frase Yorubana ( En ti ase loore ti ko Du pé buru ju olósa Ti ó kò ní léru ló) aquele a quem concedemos bondades que não expressa gratidão, é pior que o ladrão que rouba nossas coisas.

Quando confiamos em alguém, nossa fé, isso nos torna vulneráveis, abrimos nosso coração e expomos nossas feridas, assim como as mais profundas angústias de nossa alma e, muitas vezes, reconhecemos naquela pessoa um elo de ligação com o sonho e a esperança da realização, e isso nos conduz a conceder bondades a esse suposto confiável, amigo, e orientador.

Quando uma consulta a um sacerdote acontece, nos desnudamos e assumimos nossas falhas, e nossa real condição de impotência para lidar com o desconhecido ou com o inesperado.


Isso coloca, o então, senhor da resposta,como solução as nossas angústias e lhe concede o direito de colocar na solução, custos, mesmo que algumas coisas jamais possam ser pagas, quando de fato acontecem.

A condição de solucionador de problemas do corpo e do espírito, não é verdadeira, na realidade o sacerdote, é somente um elo de ligação, entre a solução e o problema, isso não justifica algumas vaidades exteriorizadas, quando do sucesso do tratamento, até porque a solução partiu do Orisa e não do sacerdote.

Quando analisamos do ponto de vista ético, um orientador, jamais deve afastar uma pessoa de sua religião, e sim fortalecer nela aquilo que naturalmente se desenvolveu: confiança, credibilidade e esperança; jamais tal comportamento deve unir o adepto ao emissário e sim a divindade.


Nada mais justo que por esse caminho não trafegue a ilusão, o dever de quem orienta é ajudar a sonhar e jamais iludir.

Quando buscamos em uma consulta aos Orisas, orientação, evidentemente que os interesses do sacerdote, devem ser omitidos, assim como a opinião pessoal do mesmo.

Tal fato transfere a responsabilidade ao Orisa que orientou, mas em nenhum momento isenta o sacerdote da interpretação.

Acredito de fato que quando alguma coisa deixa de acontecer é um erro de interpretação e nunca um equivoco divino.


Assumir tais erros, é um ato de coragem, e sem dúvida, é uma questão ética, considerando o fato que, além dos interesses envolvidos, houve uma expectativa gerada, nada mais justo que um resultado positivo seja sentido, e a resposta aos questionamentos venha como solução ao problema.

Assumir responsabilidades é um atributo de quem oferece soluções.

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