Esse é um assunto polémico para muitos umbandistas. Praticar ou não Umbanda no período da quaresma?
Para aqueles que entendem que podem e devem realizar, aparece um outro dilema. Realizar ou não uma gira de esquerda?
Entendemos que a quaresma é um período de enorme importância para algumas religiões, em especial a católica, em que se recorda um período entre a morte e a ressurreição de Jesus e que é seguido por determinados preceitos. Não que haja algo de mal ou errado nisso, apenas entendemos que este não é um principio da religião de Umbanda.
Entendemos que a Umbanda é uma religião nova e devido a isso grande partes dos seus adeptos são imigrantes de outras religiões, e que a força do hábito e do sincretismo religioso são muitas vezes, por demais fortes, e que acabam se misturando em conceitos e fundamentos.
Mas devemos aprender a separar o que é base fundamental de uma religião de outra.
Assim não compreendemos como algo errado ou pecaminoso (ainda mais que a Umbanda não se utiliza do termo pecado) praticar Umbanda no período da quaresma. Até porque se formos adentrar mais profundamente no assunto, a Umbanda pratica justamente aquilo que o divino mestre tanto pregou: a fé, o amor e o auxilio ao próximo. Tendo isso em vista não vemos como algo contrário e nem motivos para se suspender um trabalho que espalha luz, amor, alegria a vários corações.
Também como não vemos razão de suspender trabalhadores da Luz seja em que período ou época for, por isso não colocamos a nossa esquerda em “stand by”.
Esse conflito em praticar ou não a esquerda na Umbanda durante a quaresma, é mais uma confusão devido a falta de conhecimento do próprio umbandista. Pois a esquerda da umbanda foi no seu início associada com um outro culto, a Quimbanda (nome o qual também ficou conhecido a Esquerda na Umbanda), que é um culto afro-brasileiro com fortes influências da magia negra européia.
Porém, mais uma vez temos que separa uma coisa da outra.
No culto de Quimbanda, onde também se associa Exu, que por sua vez foi associado aos demônios (do grego dáimon que significa “divindade”, “espírito” e que com o tempo ganhou uma conotação negativa) da cabala hebraica. O que acabou por gerar muita confusão ao culto de Exu e suas entidades.
Porém a Umbanda não interpreta e não ver em Exu algo de negativo ou ruim. Pelo contrário, ela enxerga em todos os Orixás da sua esquerda como qualidades divinas que tem como função estimular, potencializar e a impulsionar os homens a desenvolverem suas qualidades e virtudes, e a buscar seu progresso espiritual constantemente, onde através das entidades que atuam através da Esquerda da Umbanda resguardam, protegem a nossa caminhada contra os ataques das sombras.
São verdadeiros e abnegados trabalhadores da Luz, pois atuam como uma polícia especial contra os mercenários das trevas.
Abolir a Esquerda de nossos trabalhos, seja em que período for é o mesmo que dar ferias coletivas a todos os agentes responsáveis pela segurança, pela lei e pela ordem. O que a nosso ver estimularia um caos, pois os agentes do submundo das trevas não respeitam nenhum período e estão sempre pronto a nos armar uma cilada e prejudicar nossas vidas sempre que houver espaço para isso.
E por entender que o trabalho da luz é constante, a Umbanda não para seus trabalhos durante esse período e até entende que a melhor maneira de louvar a vida do mestre é levantar sua bandeira branca em seu nome, dos sagrados Orixás e de nosso divino criador Olorum.