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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

COLETÂNEA OXUM, NOS CAMINHOS DO YAWÔ - A POSTURA


Para nós do Terreiro de Òsùmàrè é uma grande satisfação poder abordar temas relacionados a uma importante figura dentro do Candomblé que é o Ìyáwó. 

Na primeira postagem dessa série, nós falamos que ainda Ìyáwó, o iniciado na religião dos Òrìsàs terá maior conhecimento da sua religião, entendendo a sua cultura, os dogmas, as danças, cânticos, histórias e, sobretudo, a postura religiosa que será seu alicerce por toda a sua vida. 

É muito triste quando ouvimos uma pessoa antiga referir-se a um iniciado da seguinte forma: “Hoje ela quer que a respeitem, mas quando ela foi Ìyáwó não respeitava ninguém, nem mesmo a sua Ojugbona”; "Ah! Que coisa! Essa Ìyáwó disse que nunca vai pegar uma Adiye para limpar, agora me diga, como ela saberá um dia preparar a comida do santo?" Em suma, esses comentários surgem em razão de uma postura equivocada ou desapropriada da Ìyáwó na Casa de Candomblé. 

Muitas pessoas acham que, por exemplo, limpar uma Adiye é algo de importância menor, que lhes minore. No entanto, conforme mencionado acima, essas atividades escondem grandes ensinamentos. A Ojugbona é, em verdade, os “Olhos que encaminham a Ìyáwó”. 

A Ojugbona transmite o conhecimento de diversas formas, mas quase sempre sem que a Ìyáwó perceba que está aprendendo. No entanto, esse processo só ocorrerá a depender da postura da Ìyáwó. 

Uma Ìyáwó que tem postura religiosa, não sairá conversando à toa sobre aquilo que vê e ouve. Não grita no Terreiro de Candomblé ou responde ao seu Sacerdote e Egbon, respeita as orientações acerca das vestimentas e adereços que deverá usar e, por aí vai. Essa Ìyáwó começa a ser observada pelos antigos com bons olhos que, por sua vez, começam a lhe designar certas funções que muitos acham de menor valia, mas que escondem os ensinamentos do Candomblé. 

Exemplificamos com a limpeza da Adiye: Digamos que uma Ìyáwó que recebeu a confiança dos seus mais velhos em razão da sua postura, ao longo de anos cuidou do trato das Adiye, desde a limpeza até a preparação do Asè. 

Nesse período, nesse processo que muitos acham humilhante, essa Ìyáwó aprendeu que há diferenças significativas nesse preparo a depender do Òrìsà. Ela saberá que um determinado Asè vai Epo Pupá e que em outro não. Saberá que em um vai camarão e em outros não. Que para uma Divindade arruma a Adiye de uma forma e para outra não. 

Muitas vezes esse Ìyáwó só terá compreendido que aprendeu tanto, quando se tornar uma Egbon e um Ìyáwó lhe perguntar: Esse Asè é preparado da mesma forma que aquele que a senhora me ensinou naquele dia? 

No entanto, uma Ìyáwó que, por exemplo, se nega a cuidar de uma Adiye está na verdade, se privando do conhecimento, pois no Candomblé tudo é galgado e as etapas não podem ser negligenciadas. Por isso, infelizmente, observamos alguns sacerdotes que desconhecem as diferenças nas comidas dos Deuses, pelo simples fato de terem “pulado” uma importante fase da iniciação, recusando as atividades que lhe eram dadas. 

Esse foi somente um exemplo, mas todos os ensinamentos ocorrem dessa forma, sem que a pessoa perceba que está aprendendo. Por isso, não tenham dúvidas, para se tornar uma Egbon exemplar é necessário ser uma Ìyáwó exemplar. 

Que Òsùmàrè Aràká continue olhando e abençoando todos!

Casa de Òsùmàrè

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