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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - APRENDIZADO, UM LONGO CAMINHO


• Longo Caminho do Aprendizado no Candomblé, por Candomblé é para quem tem FÉ

Há muito tempo me questiono sobre a forma como são educados os iniciados da nossa religião, já falei disso em outra oportunidade, mas agora, tenho dedicado mais tempo a desvendar os mecanismos do aprendizado e de apreensão das informações. Sem querer me passar por Antropólogo ou Historiador, somente um filho de santo com questões e dúvidas a esse respeito. 

O processo de aprendizado em uma Casa de Orixá, para mim, é uma troca constante e sempre em duas vias, aprende-se com os mais velhos e com os mais novos. Com os mais velhos da religião se aprende hierarquia, respeito e o modelo de funcionamento da Casa com suas quizilas e seus macetes. Com os mais novos se aprende e se relembra da inquietação dos tempos de noviço, quando queríamos aprender tudo ao mesmo tempo e agora. E vejo como é saudável esta busca, por que foi esta inquietação que nos trouxe até este blog, uns para buscar ajuda ou informação e outros para repassar o que dispomos de informações. 

Ao longo dos anos de aprendizado e observação se percebe que o tempo é o senhor do saber numa Casa de Orixá, é ele quem determina quando uma pessoa está apta a conhecer ou a saber alguma coisa. 

Numa Casa de Orixá não se antecipa o aprendizado, mas deve-se estimulá-lo, não se antecipam as obrigações, nem mesmo uma cantiga ou uma reza pode ser antecipada em sua ordem de entrada no xire, elas têm seu tempo e hora para serem colocadas, tudo em seu tempo certo. Mas é importante ressaltar que o “tempo certo” não pode servir de escudo para o não aprendizado e a sonegação de informações. Neste aprendizado se troca informação por sorriso, informação por ajuda no lavar dos pratos, informação por depenar galinha, informação por lavar as quartinhas, informação por informação. 

Os mais velhos quase sempre escolhem ou apadrinham aqueles eleitos a quem vão dar a informação detalhada, o fundamento, o segredo. Porém sempre fazendo absoluta questão de dizer (por palavras e gestos) que não ensinam e não sabem nada para ensinar. Muitas são as decepções dos mais velhos que investem seus esforços em ensinar e muitas vezes não são recompensados com o desejo tão intenso do mais novo em aprender, quanto o desejo do mais velho em ensinar. 

Os mais jovens normalmente escolhem aqueles mais velhos a quem irão pedir auxílio, é uma troca entre o saber ouvir o saber falar e o saber calar. Os mais novos as vezes se decepcionam com os mais velhos quando não conseguem a informação desejada no momento desejado. Mas é o tempo cumprindo sua função. 

Coió (bronca) deveria ocupar um capítulo a parte nas Casas de Orixá, em tudo e por tudo há um coió, as vezes engraçados, as vezes constrangedores, mas mesmo nos coiós há informação. 

O coió pode ser: Explicativo (“já te falei que só se corta os bichos pelas juntas, nunca se corta o osso, não falei?”). Inclusivo (“por que você não usa roupa estampada? Você já é velho bastante para isso, então use ta?”). Exclusivo ("por que você está usando roupa estampada? Você ainda é muito novo para isso"). E outros. 

O aprendizado é longo e cheio de regras, não se aprende tudo em único dia nem em único Bori, o conhecimento vem com a repetição dos gestos, das cantigas, dos rituais, das danças. Aprender é um eterno fazer e refazer, ordenar e reordenar os pensamentos e os conceitos predeterminados. Para aprender sobre o que não se vê, e Orixá não se vê, sobre o sentimento e sobre emoções, deve-se estar aberto ao inesperado, ao novo e até ao contraditório. 

Aprender numa Casa de Orixá é diferente de uma escola convencional, não há cartilha, nem quadro negro, muito menos professores. Mas há a cozinha…, o melhor lugar para dar e receber informação, lugar sagrado de se falar baixo e pouco, sobre o estritamente necessário. É na cozinha que se aprende de fato. É na sala que se confirma o que foi aprendido. 

Aprender numa Casa de Orixá é essencialmente observar, quando Abian (novato), se permanecer muito tempo abaixado e a visão pode ser comparada a de uma criança por entre as pernas e saias dos mais velhos, neste período há pouca informação, pouco conhecimento e poucas e raras responsabilidades. 

Quando Iaô, o ângulo de visão melhora e as informações têm mais conteúdo, principalmente os “coiós” e as responsabilidades lhes são atribuídas aos poucos. Quando Ebomis, as informações que foram recebidas e assimiladas ao longo dos sete anos que o separavam dos “segredos guardados” serão finalmente cobradas e exercitadas plenamente, o iniciado já está apto e pronto para…. informação e “coió”

Parece-me que a informação anda junto com “coió”, um depende do outro é uma relação de amor. 

Muitos querem saber hoje o que só poderão saber amanhã, eles buscam de Casa em Casa, vão a todas, mas não se fixam em nenhuma e como costumamos falar eles “catam” a informação desejada, mas o aprendizado fica prejudicado, no Candomblé o que vale é o modo como se faz ou se fez na sua Casa na sua raiz e no seu Axé, foi assim que fomos ensinados. Informação extra Casa deve ser comedida e de fonte segura. 

O aprendizado no Candomblé se faz da seguinte forma: Mais ouvir que falar, mais fazer que perguntar. 

Um detalhe. A iniciação por si só não garante acesso a todas as informações no Candomblé. De fato, podemos dizer que as formas de aprendizagem nessa religião são variadas e complementares. Mas o cumprimento das obrigações “de ano” no tempo devido é que podem credenciar o iniciado ao saber mais profundo. Mas, enquanto algumas das assimilações de conhecimento podem ser substituídas, a hierarquia e tempo de santo, o convívio com a Casa e a observação ainda são imprescindíveis para se aprender candomblé. 

Uma Casa de Orixá está sempre em movimento, sempre ativa, sempre viva, portanto sempre disponível aos que desejam aprender, tanto a colher as folhas no local e horário correto, quanto a depenar e retirar os axés, o modo correto de acender ou apagar o fogo de lenha ou a usar roupa branca ou estampa adequada ao seu Orixá ou ao evento do dia. Em uma Casa de Orixá há sempre necessidade da colaboração de todos, da participação de todos, de todos e qualquer um. 

O aprendizado se dá na mesma velocidade com que você percebe que seus atos e palavras interferem, colaboram ou não para fortalecer a comunidade, vem com o tempo de iniciação? Sim vem, mas também com as boas amizades e com as trocas de bênçãos. 

Aprendizado no candomblé vem com o tempo…e humildade. 

Tomege do Ogum.

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - A ASCENSÃO ESPIRITUAL


Autores de livros de auto-ajuda frequentemente listam coleções de atitudes e sentimentos que resultam em entraves para a trajetória daqueles que se empenham na sua evolução espiritual. Aqui vai a nossa lista de observações para o seu autoexame, com itens que consideramos perigosas armadilhas sempre à espreita do Ego desavisado e que podem conduzir a enganos, resultando em grande perda de tempo na senda: 

1. Não reconhecer a negatividade do seu Ego como fonte primeira de todos os problemas, tudo atribuindo a fatores exteriores. Deixar de vigiar e educar de modo correto o seu Eu Interior, mergulhando intensamente na vida espiritual e tudo ao sobrenatural atribuindo, em desconsideração ao aspecto psicológico da sua personalidade. 

2. "Amar" aos outros, descurando a si mesmo. Utilizar o álibi do "serviço ao próximo", ignorando as responsabilidades para consigo próprio e para com os seus dependentes imediatos. Quem não ama a si mesmo é incapaz de amar a quem quer que seja. Só compartilha quem dispõe de algo a ser compartilhado. A Escola Terra destina-se ao burilamento do Eu Divino que se encontra em estado bruto e revestido por camadas egóicas no interior de cada um. 

3. Comer incorretamente, ignorando a constituição química do seu corpo físico. Acreditar que numa alimentação que restrinja o prazer degustativo, ou no jejum, encontrará as chaves mágicas da ascensão espiritual. Não praticar exercícios físicos para cuidar do corpo físico que, afinal, é o nosso instrumento principal. Tender para o ascetismo e desligar-se demasiadamente das coisas da Terra, vitais para a nossa experiência em matéria. Identificar-se excessivamente com seus corpos mental ou emocional, sem ter ainda atingido o equilíbrio necessário. Considerar-se evoluído demais para estar na Terra, ao invés de tentar contribuir para uma mudança de paradigma aqui e agora. 

4. Exercer domínio sobre os outros através de ameaças e manipulações, sufocando as manifestações do seu livre-arbítrio. Deixar-se enredar pelo glamour e ilusão dos próprios poderes, acabando por esquecer o amor incondicional - onde reside o poder espiritual supremo. Ter a pretensão de acreditar e assegurar que está no "final da roda encarnações"

5. Tornar-se um extremista fanático, sem enxergar o equilíbrio do caminho do meio. Buscar argumento e justificativa nos dogmas das religiões formais, sem exercer com lucidez o seu próprio discernimento. Apoiar-se e depender da figura de um sacerdote ou guru como intermediário entre si e o Divino. 

6. Tornar-se sisudo, autoritário e formal, a ponto de privar-se da alegria e da diversão. Mascarar tranquilidade e suavidade, enquanto a presunção interior ferve com irritação e intolerância. 

7. Ser indisciplinado nas suas práticas espirituais, abandonando-as quando se envolve num relacionamento amoroso e conferindo prioridade a ele, em detrimento do seu processo interno. 

8. Esperar que Deus, os Mestres ascensionados - ou seja lá quem for - resolvam todos os seus problemas, intercedam pelas suas dívidas cármicas ou assumam as suas responsabilidades. Acreditar que alguém teve o privilégio de nascer "pronto" e que os Seres e Mestres ascensionados não trilharam o mesmo caminho dos desafios, provas que a evolução requer. 

9. Convencer-se de que o sofrimento e o cultivo da pobreza são méritos que poderão acelerar a sua evolução ou engrandecê-lo espiritualmente. O trabalho eficiente que produz frutos e riqueza que a muitos beneficia é uma bendita missão na Terra. Cada um tem o direito de honrar o seu próprio esforço e reconhecer o seu valor. O manto da humildade costuma servir de disfarce para a arrogância e o orgulho exacerbado. Falsa humildade não deve ser confundida com elevação espiritual. Quem conhece a sua verdadeira e ínfima dimensão perante o Divino, não precisa mascarar humildade, inferiorizando-se perante os seus semelhantes. 

10. Não fechar o seu campo energético, convencido de que "as boas intenções" o tornam imune a todas as influências negativas. Achar que, partindo da premissa de ser merecedor, seus desejos e pedidos devem ser sempre "atendidos". Ser bem-sucedido é muito gratificante, mas o objetivo principal da vida não é a obtenção de tudo o que se deseja. 

11. Viver na zona de conforto relaxando a vigilância sobre suas falhas, acreditando que está imune a quedas e retrocessos. 

12. Ler demais, não meditar o bastante e colocar em prática menos ainda. 

13. Considerar uma grande honraria poder servir como canal para entidades de outros planos, ao invés de expressar a sua própria voz. É preciso estar ciente de que, mesmo o mais evoluído dos Seres - da Terra ou de outro orbe - não detém o conhecimento total ou poderes ilimitados. Esta é uma prerrogativa da Divindade Suprema - que comanda todo(s) o(s) Universo(s) com seus muitos trilhões de galáxias. 

14. Forçar a elevação da sua kundalini e a abertura dos chakras, sem ter ainda o necessário amadurecimento em outros aspectos, como se isso, por si, assegurasse o acesso ao "nirvana". Portanto, o ideal é procurar equilibrar e integrar intuição, intelecto, sentimento e instinto, cada qual na sua devida proporção e valor. 

15. Considerar o seu caminho espiritual - quando não o único-melhor do que o dos outros e aferrar-se a este caminho como Verdade única e definitiva, sem considerar que as vias são inúmeras e que a impermanência é constante no Universo manifestado. É preferível abster-se de discussões ou da pretensão de, no entusiasmo das suas experiências, convidar o outro a experimentar as vivências que são suas. Para cada patamar há afinidades próprias e experiências particulares. 

16. Julgar as pessoas em função da sua antiguidade na senda espiritual ou do nível de iniciação que alcançaram. Gabar-se das próprias façanhas espirituais ou das dos seus mentores e guias. Forçar com ansiedade as próximas etapas, ao invés de concentrar-se na realização do trabalho - e nos dissabores - da etapa atual. 

17. Competir, comparar-se com outras pessoas e acabar invejando o sucesso alheio, ao invés de perceber que somos únicos, com dons e potencialidades próprias, cada qual segundo circunstâncias e vivências específicas. Por fim, jamais esquecer que o Caminho é individual e, portanto, solitário. Não se imbuir da busca infrutífera de uma eventual "alma gêmea", sem perceber que a sua própria Alma - a Mônada - dispõe de ambas as polaridades para se complementar plenamente. 

Por Òya gbémi – Eliane Haas 

Ìyá Ègbé Ilè Àsè Efunlase 

www.aguiadourada.com

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - VAMOS APRENDER A FAZER RICHILLIER?

Percebemos que o assunto de hoje, aborda a VESTIMENTA do membro de uma casa de CANDOMBLÉ. Muitos se preocupam claro com o famoso e bélissimo RICHILLIER. Uma fazenda de tecido, que na nossa RELIGIOSIDADE deveria ser usado após os SETE ANOS DE SANTO COMPLETOS


Mas curiosamente falando, hoje vemos o contrário, vemos irmãos(ãs) ainda com sua obrigação de um ou de três anos já usando. Sendo que o certo deveria ser uma LESSY ou algum outro tecido JÁ MEIO QUE BORDADINHO, pois ai eu pergunto: Se já esta usando RICHILLIER antes dos seus SETE ANOS ou que vai usar ao completá-los?

Mas como a proposta é passar a facilidade de fazer, devido aos altos preços que se encontram no mercado. Nada melhor que demonstrar, não é mesmo?! Desta forma, estou aqui apresentando estes vídeos para ensinar a todos como se faz o verdadeiro RICHILLIER bem como apresentar formas de ensinar a fazer o FALSO RICHILLIER e que possui um custo mais barato e com um resultado igual ou bem parecido ao encontrado por ai. 

Vamos lá?




Percebemos que para este serviço a dificuldade é mínima na sua execução. Desta forma, só precisamos de bons instrumentos de trabalho ao qual nos facilitem na sua confecção e quem sabe até fazer disto uma forma de renda para ajudar no rendimento familiar.


Bem me lembro que nos tempos antigos, muitos adeptos da nossa RELIGIOSIDADE, confeccionavam suas próprias roupas e hj em dia ainda existem casos de pessoas que praticam este hábito, muito louvável. Desta forma, pense se você também não pode confeccionar suas próprias roupas seja de função ou até mesmo as dos seus ORIXÁS OU DOS SEUS IRMÃOS DE SANTO

Bem sabemos também, que ainda possuímos uma forma mais prática e barata para fazer boas roupas com aparência de RICHILLIER. Estou falando o mesmo trabalho feito somente com tinta. Uma forma, mais prática onde seguimos a nossa criatividade para fazer de um tecido um belo RICHILLIER, que chame a atenção de todos.

Desta forma, apresento também outras formas de fazermos o FALSO RICHILLIER, que produz a mesma aparencia e que de fato nos ajuda a economizar de fato em nossa vestimentas. 

Aprenda com este curso:



Espero que tenham gostado desta sugestão e que de fato colabora para nossa realidade ESPIRITUAL.

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - A ROUPA NÃO FAZ O HOMEM

A roupa não faz o homem


Em um país colonizado por um outro, de religião católica, é evidente a influência religiosa e cultural, percebemos esses traços a cada minuto. Quando andamos nas ruas sentimos os hábitos dos colonizadores presentes na cozinha, em nossa língua e na cultura, com influência arquitetônica e comportamental, moramos e vivemos como europeus, com raras exceções. 

Até ai estaria tudo correto é a história do vencedor sobre o vencido, natural e em todos lugares podemos sentir isso, porém é natural que com o tempo as pessoas consigam cortar tais influências, e terminem valorizando grande parte da essência original de uma cultura. 

Quando falamos das religiões, podemos citar claramente uma tendência, cada vez maior, dos católicos visitarem Roma na tentativa de se aproximar de sua raiz, o mesmo acontece com os Judaicos, e também com os muçulmanos que constantemente viajam para suas terras de origem buscando informação e aumentando o conhecimento religioso e filosófico. 

Para as pessoas que tem como religião o Orisa,  a própria palavra em língua Yoruba, mostra o caminho a ser seguido, nossas raízes estão na Nigéria nos estados Yorubas que fazem parte desse país. 

O natural seria com o tempo nos aproximarmos cada vez mais desse povo e tentar transformar a religião afro brasileira, em religião Yorubana, se falamos Yoruba nos rituais, e se cultuamos os Orisas divindades Yorubanas, isso é perfeitamente normal.


Em território Yoruba, as mulheres não costumam usar saia de armação, não usam sapatos para dançar para os Orisas; entre tantas outras coisas. Todos rituais são praticados com roupas muito simples e tanto homens como mulheres permanecem de pés descalços nos rituais. 

Isso é só um detalhe, em nossa terra ainda existe quem leva o iyawo na igreja para rezar. A minha pergunta é: será que nossos irmãos ignoram suas raízes ou admiram a origem de outras culturas; ou, seria pior ainda, tem vergonha da real condição de nossa essência? 

A roupa não faz o homem, em muitos casos podemos ver um comportamento padrão como se tudo seguisse a famosa receita de bolo da roupa branca, não sabem nossos irmãos que em muitos rituais o que menos importa é a roupa. 

É comum ver um sacerdote Yoruba praticando um ritual sem camisa, isso é natural. Praticamos uma religião que é muito fácil de entender. O Orisa nos conhece desde antes de nascermos e dele não escondemos nada muito menos nosso corpo, haja visto que em algumas iniciações, o uso da roupa é desnecessário e a divindade se é que podemos chamar assim, o Orisa não reconhece o indivíduo vestido. 

As informações estão a disposição das pessoas, mas a boa vontade em aprender tem que partir delas, e o esforço para retirar de suas vidas o preconceito, vai exigir muito. Temos que estar preparados para o encontro com nossas raízes que certamente não é em Roma, e muito menos em Salvador. 

Não tenho nada contra o povo baiano, bem pelo contrário admiro muito esse povo alegre e lutador, mas nossa raiz não está na Bahia e sim na Nigéria. Na Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, e no Rio Grande do Sul, assim como em outros estados que receberam grande número de escravos, foi e continua sendo vivenciada parte de uma história que começa em território Yoruba.


COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - AS VESTIMENTAS


Vestuário do Candomblé 

Roupa de ração é a roupa usada diariamente em uma casa de Candomblé. São roupas simples feitas de morim ou cretone. 

As roupas de ração podem ser coloridas ou brancas, dependendo da ocasião na roça de candomblé. Compõem o jogo: saia (axó) de pouca roda para facilitar a movimentação, singuê (espécie de faixa amarrada nos seios que substitui o sutian), camisu ou camisa de mulata, geralmente branco e enfeitado com rendas e bordados, calçolão (espécie de bermuda amarrada por cordão na cintura, um pouco larga para facilitar a movimentação e proteger o corpo em casos que se é necessário sentar no chão), pano da costa e o ojá, um pano que se amarra à cabeça. 

O axó tem uma representação muito grande no Jeje. A roupa fala de um simbolismo muito especial, que além de ético e moral, os axós dão para as mulheres posição e postura. É bonito se notar a forma e a reverência que estas roupas expressam em sua aparência e jeito: respeito acima de tudo! As mulheres de jeje, especialmente o mahin, quanto a composição de singuê, de xokotô (espécie de calça, também chamado "cauçulu" ou "calçolão"), saia, e camisu, compoem seu axó. 

O vestuário de uma Iyalorixá é diferente das roupas usadas pelas ekédis e yaôs, é caracterizada pelo uso da "Bata" que é usada por fora da saia com o camisu por baixo, nas casas tradicionais somente a Iyalorixá pode usar, se ela permitir suas filhas egbomis podem usar também, mas nunca permitirá o uso da Bata por uma ekédi, Yaô ou abian. 

A Bata é símbolo de cargo ou posto dentro da hierarquia do candomblé. O pano da costa dobrado sobre o ombro também tem sua representação, é um símbolo de cargo pois as Yaôs o usam amarrado no peito, as egbomis na cintura e Iyalorixás no ombro. 

Normalmente, saias e Batas de bordado richelieu , também só são usadas pelas Iyalorixás, assim como o pano da costa de Alaká africano. 

Os turbantes também chamados de torço ou ojá, usados na cabeça normalmente são maiores e mais ornamentados, assim como determinados fio-de-contas não podem ser usados por pessoas que não tem cargo, o (fio de ouro) por exemplo só pode ser usado por Iyalorixás com mais de 50 anos de Santo, símbolo de senioridade (como o usado por mãe Menininha). 

Além do simbolismo do vestuário, existem muitos objetos que podem ser caracterizados e usados somente por Iyalorixás e Babalorixás, o anél de ouro com um búzio incrustado é um deles. O brinco de ouro com búzio antes também exclusivo das iyalorixás tornou-se de uso comum, sendo usado até por pessoas que não fazem parte da religião. 

Na nação Jeje o uso do Humgebê só é permitido a quem já fez a obrigação de sete anos, ou melhor, é quando a pessoa recebe o hungebê que passa a ser um vodunsi. 

Outra característica do vestuário é o uso do Ojá na cabeça, no Candomblé Jeje quem é de santo aboró usa o ojá com uma aba, e quem é de santa Iyabá ou Aiabá usa duas abas.