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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - O USO DA CARIDADE - PARTE II

Muitas vezes amados (as) amigos (as) de nosso BLOG OLHOS DE OXALÁ, vemos o CANDOMBLÉ ou até mesmo a UMBANDA SAGRADA, se fechando única e exclusivamente aos ORIXÁS ou das ENTIDADES e a coisa não é bem assim. 

Como vimos na postagem anterior com o mesmo tema "O USO DA CARIDADE NO CANDOMBLÉ", que nada mais é que uma das inúmeras coletâneas que estamos trabalhando em cima, para melhor lhes atender no quisito informação. 

Vimos sim que inúmeras pessoas por si só, ou em forma de ASSOCIAÇÕES (vide documentos de estatutos para associações aqui no BLOG), conseguem não meramente atender de forma grandiosa às pessoas que vivem em seu redor. Como também tem conseguido seus objetivos como: ampliação de seus ILÊS ASÉS; criação de novos projetos como: escolas, creches, asilos ou até mesmo locais próprios para restaurar vidas acometidas por entorpeCentes (vugo - drogas). 

Sempre tendo em uso a CARIDADE, ao irmão mais carente. Vamos ver como a CASA DE OXUMARÊ procede nesta questão, bem como postaremos algumas fotos sobre alguns tipos de ações de caridade de outros irmãos em suas casas de Axé.

Fundado no final do século 18, a entidade é considerada uma das casas mais antigas no culto afro baiano. 

Cerca de 150 famílias e 600 crianças e adolescentes do bairro da Federação, em Salvador, participam de ações sociais promovidas pelo Terreiro Ilê Axé Oxumarê. Os beneficiados recebem cestas básicas, colchões e cobertores. Além disso, a entidade oferece cursos profissionalizantes, como dança afro, bordados, capoeira, informática, corte e costura, penteados afro, confecção de atabaques e percussão. 

De acordo com o líder religioso do Terreiro, Babá Sivanilton , Pai PC, a casa de santo luta pelo reconhecimento do trabalho que realizam. “O nosso compromisso ultrapassa a porteira do candomblé. O foco da instituição é a inclusão social dos nossos vizinhos e, para isso, precisamos superar alguns desafios, dentre eles, a ausência dos poderes públicos na assistência aos moradores da localidade”, pontua Sivanilton. 

Podem participar da ação tanto os filhos de santo da casa, como também a população do bairro. Os interessados devem preencher um cadastro com dados pessoais e de renda, que será submetido à análise. “O projeto já existe há 12 anos e já passaram por aqui aproximadamente três mil pessoas”, conta o babalorixá. 

Participação das crianças – Na religião de matrizes africanas, as crianças recebem um tratamento especial, porque elas são consideradas como a perpetuação do legado de uma tradição religiosa. Isso ocorre também nesse projeto, que prioriza meninos e meninas em situação de risco social. Os coordenadores buscam manter sempre viva a beleza da cultura secular nos ensinamentos para essa nova geração, que contará a história das nações do candomblé, a exemplo do Keto, Angola, Jejê etc. 

Dona Odília, mãe Sidney da Mata, um dos adolescentes beneficiados, não esconde a sua satisfação em ver o filho aprender a tocar um instrumento musical. “Fico muito feliz por saber que meu filho está aprendendo uma profissão, porque não tenho recurso para oferecer um curso de qualidade e saber que ele está no caminho certo livre das drogas e das más companhias. Isso para mim é muito gratificante tendo o apoio do terreiro aqui no bairro”, afirma a moradora da Federação. 

Disciplinado, Sidney conta que graças ao projeto já sabe qual profissão seguir. “Quero ser músico, gosto muito do som do atabaque, não falto uma aula e meu professor é meu mestre”, destaca Mata, aluno do curso de percussão. 

A educadora Thaís Carvalho, que fez parte das ações sociais, reconhece a importância do seu crescimento profissional dentro da instituição. “Fui aluna dos projetos aqui do terreiro e hoje sou educadora. Foi aqui que aprendi a ser gente, conquistei o meu espaço e repasso a minha experiência para os meus alunos dizendo que o amanhã pode ser diferente, só depende da nossa vontade de mudar”, destaca Carvalho. 

Atualmente, muitos jovens que participaram do projeto do Terreiro são bolsistas do curso de percussão realizado pela UFBA (Universidade Federal da Bahia). O que é motivo de orgulho para a comunidade. “O programa mostra que podemos mudar a realidade desses jovens e que os projetos sociais contribuem para cidadania, igualdade e acrescenta valores morais e de respeito ao próximo, promovendo assim futuros profissionais na construção de uma sociedade melhor para todos”, finaliza Babá Sivanilton. 

Se você quer conhecer as obras assistenciais do Terreiro Ilê Axé Oxumarê entre no site: www.casadeoxumare.com.brcasadeoxumare.blogspot.com ou ligue (71) 3237-2859. 

Vimos este grande exemplo do Ilê Asé Casa de Oxumarê, mas muito mais pessoas tem feito isso em prol dos mais necessitados, dando um mar de orgulho aos MEMBROS DO CANDOMBLÉ, devido a tantas criticas que outras religiões têm se preocupado em fazer contra nossa fé.

YÁ LURDES MATTOS CALDEIRA




É exatamente assim, com estes exemplos que temos a seguir que vamos de fato não somente encontrar nosso lugar de reconhecimento diante de todas as outras religiões que nos julgam. Como também podemos fazer a cada dia mais nossos ILÊS ASÉS CRESCEREM MAS EM QUALIDADE E NÃO EM QUANTIDADE.

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - O USO DA CARIDADE - PARTE I

Motumbá meus (minhas) irmãos (ãs), bom dia!!! 


Como de costume, só temos a agradecer as visitas, participações, seguidores, mensagens e comentários. Isso mostra que de fato de alguma forma, nosso serviço e preocupação de postar coisas de fato importantes na RELIGIOSIDADE, tanto do CANDOMBLÉ em si como da UMBANDA SAGRADA

Estamos nos adentrando em mais uma semana que se inicia e com ela hoje somos levados a meditar em algumas práticas muito louváveis de algumas CASAS DE SANTO, sejam elas do CANDOMBLÉ como da UMBANDA. Práticas estas que nos dão uma nova abertura de visão e que na realidade são de fato fundamentais para o crescimento de nossas CASAS DE SANTO. Estamos falando do USO DA CARIDADE

Para isto vamos buscar entender o quem a ser isto: 

Caridade é um sentimento ou uma ação altruísta de ajuda a alguém sem busca de qualquer recompensa. A prática da caridade é notável indicador de elevação moral e uma das práticas que mais caracterizam a essência boa do ser humano, sendo, em alguns casos, chamada de ajuda humanitária. Termos afins: Amor ao próximo; bondade; benevolência; indulgência; perdão; compaixão.




Segundo o Protestantismo (Evangélicos) 

Orígem do latim CARITAS = estima; afeto e do latim CARUS = de alto valor; caro, digno de apreço; querido, agradável. 

“Caridade” (amor agape), o interesse e a busca do bem maior de outra pessoa sem nada querer em troca, conforme a Bíblia Sagrada, única Regra de Fé dos protestantes evangélicos: 

João 3:16 - "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". 

Marcos 12:30-31 - "Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes". E mais: (Rm 5.5; 1Co 13; Ef 5.2; Cl 3.14).




Segundo o Catolicismo 

A doutrina católica classifica a caridade como uma das virtudes teologais e uma das sete virtudes. Tem o mesmo significado que o Ágape. É um sentimento que pode ter dois sentidos, o sentimento para si mesmo, e ao próximo. 

O Cristianismo afirma que a caridade é o "amar ao próximo como a si mesmo". E afirma que se uma pessoa não se amar adulterando e mentindo a si mesma sobre as coisas que a rodeia, defendendo somente o seu ponto de vista sem pensar no ponto de vista divino, pode estar "amando" o seu próximo, mas da sua maneira, pois quanto mais buscar o esclarecimento divino sobre como amar a si mesma, maior poderá ser o amor desta pessoa pelo seu próximo. 

E afirma que nos dias atuais muitos estão buscando a Cristo, mas da sua "maneira", não procurando arrepender de suas ações, pois em si mesmos não acham culpa alguma, pois defendem os seus próprios pontos de vista. 

Esquecem-se que o salário de pecado é a morte, e quem não se ama (caridade) peca, pois quem exerce a caridade, não peca, pois acaba amando à Deus mais do que a si mesma, ouvindo assim a sua voz e colocando em prática a Verdade que recebe. Dizendo, que quem ama a Cristo, confirma também o Senhorio de Cristo sobre a si mesma, abandonando tudo por Ele, pois um Servo abandona tudo pelo seu Senhor, vivendo somente para ele. 

Aliás, Jesus Cristo ordenou: "Amar a Deus sobre todas as coisas", isto para os cristãos constitui a parte fundamental da caridade. 

Quem tem o amor, prova, não somente com palavras mas sim com ações. Abrindo mão dos costumes dos gentios por amar a Deus sobre todas as coisas, seguindo a sua voz e os seus mandamentos. 

Resumindo e usando as palavras do Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, "a caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus. Jesus faz dela o mandamento novo, a plenitude da lei. A caridade é «o vínculo da perfeição» (Col 3,14) e o fundamento das outras virtudes, que ela anima, inspira e ordena: sem ela «não sou nada» e «nada me aproveita» (1 Cor 13,1-3)"

São Paulo disse que, de todas as virtudes, "o maior destas é o amor" (ou caridade). O Amor é também visto como uma "dádiva de si mesmo" e "o oposto de usar".




Segundo o Espiritismo 

A doutrina espírita entende a caridade como um dever moral de todo homem e que não se resume apenas ao auxílio material. No Livro dos espíritos, item 886, Allan Kardec pergunta aos espíritos superiores: 

"886. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus? Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições dos outros, perdão das ofensas." 

A caridade, portanto, reflete o princípio cristão fundamental de amor mútuo entre todos, independentemente da situação em que se encontrem, tendo aplicação no âmbito moral e material. 

O Espiritismo tenta, pela demonstração ao homem de sua condição de espírito imortal, impulsioná-lo à doação de si próprio ao bem daqueles que dele podem obter auxílio. Quando o homem enxerga a vida como algo que se definha, efêmera, ao passar do tempo, o seu instinto natural de conservação lhe impulsiona ao egoísmo. 

De modo contrário, para o que vislumbra a imortalidade, o tempo deixa de ser algo a temer e o foco da vida passa a ser o presente. A caridade, neste caso, é como um mero trabalho que um trabalhador executa, sabendo que é necessário ao fim pretendido pelo seu senhor, que lhe dará o seu salário. 

Para este, considera Allan Kardec: 

"A importância da vida presente, tão triste, tão curta, tão efêmera, se apaga, para ele, ante o esplendor do futuro infinito que se lhe desdobra às vistas. A conseqüência natural e lógica dessa certeza é sacrificar o homem um presente fugidio a um porvir duradouro, ao passo que antes ele tudo sacrificava ao presente"

O diferencial proposto pelo Espiritismo é conceber a caridade como um dever natural decorrente da própria natureza e da ordem das coisas ao invés de mais um ensino moral. Entendendo o espírito que já passou e passará pelas mais diversas situações em diferentes encarnações no caminho da evolução, qualquer prejuízo que gere a outrem será um prejuízo causado contra si; de forma contrária, qualquer auxílio prestado a outrem será também um auxílio prestado a si. 

Todos estes exemplos mostram que a caridade forma um ciclo virtuoso de progresso geral e traz para o campo científico-filosófico o que era apenas matéria religiosa.

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - AÇÃO SOCIAL NOS TERREIROS

Através de oficinas profissionalizantes, feiras de saúde e intervenções com a participação dos moradores, os terreiros de candomblé têm proporcionado melhorias para as comunidades de baixa renda de Salvador.


Segundo Anselmo Santos, responsável pelo Terreiro Mokambo e mestre em Educação e Contemporaneidade pela Universidade Estadual da Bahia (Uneb), o trabalho desenvolvido nos terreiros atende a todos que precisam, independentemente do credo. 

“Nossas atividades tem minimizado os riscos sociais e elevado o conhecimento cultural nessas comunidades”, afirma. 

De acordo com Anselmo, desde 1993, o Terreiro Mokambo faz intervenções junto à comunidade da Vila Dois de Julho, no bairro do Trobogy, resultando em melhorias como a pavimentação das ruas, canalização de água e parcerias com médicos da comunidade que oferecem atendimento gratuito para a população. 

No espaço, são promovidos cursos profissionalizantes de eletrotécnica, além de uma série de projetos em parceria com órgãos públicos, como oficinas de percussão, de simbologia do candomblé, que capacita jovens para a produção de artesanatos afros, campanha de vacinação, distribuição de cestas básicas e mini fábrica de velas. 

“Trabalhos como esses são importantes para tirar do imaginário popular a ideia de que os terreiros são espaços voltados apenas para a religiosidade. É importante que a comunidade tenha conhecimento da sua ancestralidade para saber se defender e gerar políticas públicas com mudanças concretas”, destaca Anselmo. 

Muito antes da existência da lei 10.639, que regulamenta o ensino da cultura africana e afro-brasileira no pais, os terreiros de candomblé já aplicavam os ensinamentos. Um exemplo disso é a Escola Municipal Eugenia Anna dos Santos, liderada por Mãe Stella de Oxóssi, do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, em São Gonçalo. 

O terreiro se tornou conhecido pela sua contribuição ao culto dos orixás e, principalmente, pela força de suas Iyalorixás, que alcançaram papéis de destaque na história do povo negro na Bahia. Lá são desenvolvidos muitos projetos culturais e educacionais. 

Mãe Aninha se mostra muito preocupada com a educação dos seus descendentes. “Quero ver meus filhos aos pés de Xangô com anel de doutor”, afirma. 

Foi com essa finalidade que a escola foi fundada. Hoje ela atende cerca de 350 crianças do bairro de São Gonçalo e adjacências. 

Mãe Stella, seguindo os ensinamentos de Mãe Senhora e Mãe Aninha, fez questão de manter a tradição intelectual dentro do terreiro. Engajada na luta pela preservação da cultura iorubana, ela criou lá mesmo o Museu Ilê Ohum Lailai, que significa a Casa das Coisas Velhas, em português. 

Fonte: Tribuna da Bahia/Portal Povo de Axé

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - COMO ANDA SUA CASA DE UMBANDA OU CANDOMBLÉ?

Motumbá meus (minhas) irmãos (ãs). Muito bom dia. 

Estamos aqui hoje para postar as novidades deste novo dia que se inicia e com ele vamos juntos meditar em alguns pontos que nosso coordenador Pedro de Ogum deixou como recadinho para que fosse falado hoje baseado num sonho que ele teve esta noite. 


São alguns pontos que vamos abordar e que para nosso espanto são temas de fato que chegam na hipótese de virar polêmicos. Mas enfim de fato são situações que acontecem muitas vezes no dia a dia de um terreiro de UMBANDA SAGRADA como também num ILÊ ASÉ dentro da realidade do CANDOMBLÉ

  • O comprometimento de um filho de santo quanto ao seu Ilê Asé ou Terreiro de Umbanda. 
  • A postura dos dirigentes da casa de santo, sejam pais ou mães de santo mediante seus filhos de santo e pessoas que frequentam suas casas. 
  • A postura de todos os ABIÃNS, que muitas vezes começam numa casa de santo, mas nunca são ensinados a como se portar dignamente para ir se posicionando como futuro iniciado da casa que frequenta em questão. 
  • O uso da caridade dentro dos ILÊS ASÉS ou TERREIROS DE UMBANDA
Enfim verdadeiros vespeiros se formos analisar de forma clara estas tristes realidades que não condizem com o que se espera de nossa religiosidade. Bom seguindo então estas metas vamos então explanar cada coisa e esperamos que gostem das postagens sobre estes temas.

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - SAIBA COMO LEGALIZAR SUA CASA DE UMBANDA OU CANDOMBLÉ


Cartilha para legalização de Casas Religiosas de Matriz Africana 

Segue o link da Cartilha para legalização de Casas Religiosas de Matriz Africana, um importante passo para nos defendermos mais da intolerância e sermos reconhecidos pelo Estado como detentores de religiosidade, cultura e fé. A cartilha clara, de fácil entendimento e mostra todos os passos necessários para legalizar a sua Casa de Axé. 

Avante, irmãos! 

Link para a cartilha:

Fonte: Página do axé Casa de Oxumarê (https://www.facebook.com/casadeoxumare)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - A ESTRUTURA - PARTE III


Como todas as religiões, se baseiam na crença de divindades subalternas — Òrìsà, e na fé de um Ser Supremo — Olórun —, na existência e sobrevivência da alma Èmí Kéhìn, na reencarnação — Àtunwa, no mérito — Ìwà —, e no demérito — Enikeni — das ações humanas. São verdades encontradas em qualquer religião. 

O exercício dos atos da religião — Èsin — é determinado pelo culto — Ìborìsà. Para expressar suas convicções criam-se os símbolos e insígnias — Àmi (n) — como objeto de crença, aliados a cânticos — Orin — e danças — Ijó — como forma de demonstrar seus sentimentos. Esses símbolos, por analogia, sintetizam histórias das divindades cultuadas e seus atributos, juntamente com outros elementos extraídos da natureza. Relacionamos alguns deles: 

Òkúta Òrìsà — pedras colhidas e devidamente selecionadas para compor os assentamentos das divindades, mediante banhos de ervas, sacrifícios e cânticos que irão produzir a energia necessária. 

Ìko — é a palha-da-costa, um tipo de ráfia extraída de uma palmeira africana — Igi Ògòrò, que, dentre as diversas finalidades, é utilizada na confecção do capuz que cobre o corpo de Omolu para esconder suas doenças da pele e que é denominado de Fìlà. 

Òfà — é a representação do arco e flecha, feito em metal, indicando funções caçadoras das divindades que o têm como símbolo, como Òsóòsì, Lógun e Iyewa. 

Ìrùkéré — literalmente, cauda pequena, feita dos pêlos do rabo do touro ou do boi, utilizado por Yánsàn, que o agita no sentido de afastar os maus espíritos desencarnados. Um outro modelo denominado Ìrùesin, feito do rabo do cavalo, é mais comprido e utilizado por Òsóòsì, para afastar os maus espíritos das florestas. 

Ìdá ou Adá — alfanje feito de metal, usado pelas divindades com características guerreiras, como Ògún e Yánsán. 

Osé — símbolo de Sàngó, representação de um machado com corte duplo, numa indicação das diferentes e imprevisíveis direções que os raios tomam no espaço. 

Bílala — pequeno chicote feito de tiras de couro com que Ibúalámo(n), bate em seu corpo, mostrando as peles de couro que são de animais selvagens, e não de animais domésticos com que está paramentado. 

Iba — miniaturas de pequenos símbolos, como pente, colher, coração, peixe, facão, ave, etc. presos numa corrente dourada ou de ouro, que faz parte do assentamento de Òsun, como forma de ativar suas energias.

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - TERMOS TÉCNICOS - PARTE III

Motumbá meus (minhas) irmãos (ãs), bom dia. 

Mais uma vez aqui estamos para nos aprofundar nesta nova COLETÂNEA O CANDOMBLÉ, que de fato como estamos vendo, temos muita coisa a aprender ou até mesmo conhecer. 

Como não poderia deixar de ser, nós do BLOG OLHOS DE OXALÁ, preocupados com os termos técnicos, muitas vezes utilizados e que muitos nem sabem o que significam estamos trazendo até você como grande fonte de estudo.


ÒRÌSÀ — pronúncia correta ÔRIXÁ — deuses Iorubás na África e no Novo Mundo — seriam ancestrais míticos encantados e metamorfoseados nas forças da natureza. 

Os deuses do Candomblé. A palavra Orixá vem do sânscrito e é composta de OR ou ORI que significa “luz” e em Iorubá “cabeça”; XA que significa “senhor, chefe, dono”. São pois, as forças criativas da natureza. No Candomblé significa, dono da cabeça. 

A palavra “Orixá” significa, em iorubá “Ministro de Olorum”. Segundo outros autores, Oxalá é considerado o pai de todos os Orixás; e foi ele que os denominou Orixá. Este título de “pai”, neste caso, sugere a sua relação com as outras divindades no caso de muitas delas terem sido emanadas dele. 

A fragmentação de seu corpo, e posterior recolhimento de todos os seus “pedaços” espalhados pela Terra, fez surgir a palavra Òrìsà, uma contração da expressão “OHUN TI A RI SÀ”, o que foi achado e juntado, fazendo, assim, surgir as demais divindades que foram denominadas Òrìsà. deuses Iorubás na África e no Novo Mundo — seriam ancestrais míticos encantados e metamorfoseados nas forças da natureza. 

ÈMÍ KÉHÌN — pronúncia correta ÉMÍ KÉHIN? — existência e sobrevivência da alma. 

ÀTUNWA — pronúncia correta ÁTÚNUÁ? — reencarnação. 

ÍWÀ — pronúncia correta ÍUÁ? — mérito das ações humanas. 

ENIKENI — pronúncia correta ÉNÍKÉNÍ? — demérito das ações humanas. 

ÈSIN — pronúncia correta ÉSSIN? — é o exercício dos atos da religião. 

ÌBORÌSÀ — pronúncia correta ÌBÓRÍXÁ — culto. 

ÀMI (N) — pronúncia correta ÁMIN — símbolos e insígnias. 

ORIN — pronúncia correta ÔRIN — cânticos. 

IJÓ — pronúncia correta IJÔ? — dança. 

ÒKÚTA ÒRÌSÀ — pronúncia correta ÔKUTÁ ÔRIXÁ — são pedras colhidas e devidamente selecionadas para compor os assentamentos das divindades, mediante banhos de ervas, sacrifícios e cânticos que irão produzir a energia necessária.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

COLETÂNEA O CANBOMBLÉ - A ESTRUTURA - PARTE II


Quando Olorun começou a respirar, uma parte do ar transformou-se em massa de água, originando Orixalá — o grande Orixá Funfun do branco. O ar e as águas moveram-se conjuntamente e uma parte deles transformou-se em bolha ou montículo uma matéria dotada de forma — um rochedo avermelhado e lamacento. Olorun soprou vida sobre ele e com seu hálito deu a vida a Exu, o primeiro nascido, o procriado, o primogênito do Universo. 

Olorun abrange todo espaço e detém três poderes que regulam e mantém ativos a existência e o Universo: Iwá, que permite o Universo genérico o ar, a respiração; Axé, que permite a existência advir dinâmica; Abá, que outorga propósito e dá direção. Ou como diz o poeta Moraes Moreira em "Pensamento Iorubá”: 

“Para tudo ser tem que ter IWA 
Para vir a ser tem que ter AXÉ 
Para o sempre ser tem que ter ABÁ”. 

Ao combinar esses três poderes de forma específica, Olorun transmite-os aos Irunmalé, entidades divinas que remontamos primórdios de universo, encarregados de mantê-las nas diferentes esferas de seu domínio. Os Irunmalé seriam em número de seiscentos, quatrocentos da direita (os Orixás, detentores dos poderes masculinos) e duzentos da esquerda (os Eboras), detentores dos poderes femininos). Vimos que quando Olorun começou a respirar, gerou Orixalá e Exu, o procriado. Na qualidade de procriado, Exu não pode ser isolado nem classificado em qualquer categoria. Minha homenagem ao meu BARA! Nestes escritos sobre os 

Orixás, Exu com seu perfil psicológico e o tipo determinante dos seus filhos, abrirão os caminhos sendo o primeiro a ser evocado. 

Os Orixás — deuses Iorubás na África e no Novo Mundo — seriam ancestrais míticos encantados e metamorfoseados nas forças da natureza. Cada Indivíduo tem um principal que é o "dono da cabeça", e outros três que exigem cultuação e que também oferecem proteção. A tradição afirma que cada ser humano, no momento em que é criado, escolhe livremente sua cabeça (Ori) e seu destino (Odu). 

Cada pessoa tem uma origem divina, que a liga a uma divindade específica. Esta parte divina à situada dentro da cabeça. A substância de origem divina (Ipori) torna manifesta a filiação a um deus especifico — o Eledá, por isso chamado o dono da cabeça. 

Conhecer seu Eledá possibilita ao homem ser artífice de seu próprio destino, cumprindo as obrigações ou interdições que seu Eledá determina. Saber manipular tais influências eqüivale ao conhecimento do horóscopo natal com as melhoras de vida, que se pode obter sabendo ouvir os astros. 

O "dono da cabeça" (Eledá) determina o tipo psicológico de seu filho e responde, também, por suas características físicas e seu destino. Tradicionalmente, sabe-se qual o da cabeça, pela leitura de búzios Orixá-forma divinatória na qual se lê o Odu. Para isso, usa-se búzio africano (Cauri) previamente preparado para esse fim. Voltaremos, após uma visão geral da estrutura do Candomblé aos Orixás e tipos psicológicos. 

Os praticantes do Candomblé ainda costumam se definir como praticantes de uma seita e não religião. Os integrantes do Candomblé do grupo yorubá, definem a prática religiosa como um conjunto de crenças — Ìgbàgbó —, obrigações — Orò, e práticas — Ìlò, através das quais se reconhece o mundo divino — Òrun — cumprem-se seus preceitos — Rúbo —, e pedem seus favores — Àse.

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - TERMOS TÉCNICOS - PARTE II


FUNFUN — branco. 

EXU — do original ÈSÙ — pronúncia correta ÊXÚ — o primeiro Orixá a ser cultuado em qualquer ocasião. 

IWÁ — pronúncia? — um dos poderes usados por Olorun para regular e manter ativo a existência e o Universo. O IWÁ permite o Universo genérico o ar, a respiração. 

ABÁ — um dos poderes usados por Olorun para regular e manter ativo a existência e o Universo. O ABÁ que outorga propósito e dá direção. 

IORUBÁ — ou YORUBÁ — do original YORÙBÁ — etnia predominante na região da Nigéria. 

IRUNMALÉ — do original IRÚNMÀLÈ — entidades divinas que remontamos primórdios do universo, encarregados de mantê-las nas diferentes esferas de seu domínio. 

Os Irunmalé seriam em número de seiscentos, quatrocentos da direita (os Orixás, detentores dos poderes masculinos) e duzentos da esquerda (os Eboras, detentores dos poderes femininos). Segundo outro autor, os Irunmalé seriam os quatrocentos deuses da esquerda (e não da direita, como vimos acima, grifo nosso) que, após a destruição do Igbá Imolé foram conduzidos por Ogum. 

Segundo outros autores, ainda, com suas variantes Imalè e Imolè, a denominação dada às divindades nos textos de Ifá. Sua origem está conectada com as divindades ou espíritos específicos da Terra, uma categoria diferente da de Òrìsà. 

EBORA — do original EBORA — pronúncia correta EBORÁ ? — Os Irunmilá são entidades divinas que remontamos primórdios do universo, encarregados de mantê-las nas diferentes esferas de seu domínio. 

Os Irunmalé seriam em número de seiscentos, quatrocentos da direita (os Orixás, detentores dos poderes masculinos) e duzentos da esquerda (os Eboras, detentores dos poderes femininos). 

Segundo outro autor, os Irunmalé seriam os quatrocentos deuses da esquerda (e não da direita, como vimos acima, grifo nosso) que, após a destruição do Igbá Imolé foram conduzidos por Ogum. 

BARA — do original BÁRA — pronúncia correta BÁRÁ? — significa “no corpo”, ou seja, preso a ele. Refere-se a Exu.

ORI — pronúncia ORI — cabeça, manteiga vegetal. 

IPORI — Cada pessoa tem uma origem divina, que a liga a uma divindade específica. Esta parte divina está situada dentro da cabeça e chama-se IPORI

ELEDÁ — do original ELEDÁ — Orixá dono da cabeça, ou seja, “o dono da cabeça”. Segundo Beniste é um título atribuído a Oxalá e que quer dizer “O criador”

CAURI — búzio africano, com o qual se faz “O Jogo de Búzios”

YORUBÁ — ou IORUBÁ — do original YORÙBÁ — etnia predominante na região da Nigéria. 

ÌGBÀGBÒ — pronúncia correta IBÁBÓ? — conjunto de crenças com a qual os integrantes do Candomblé do grupo Yorubá definen a prática religiosa. 

ORÒ — pronúncia correta ÔRÔ — obrigações. Consagração, sacrifício, ritual. 

ÌLÒ — pronúncia correta ÍLÔ? — práticas através das quais se reconhece o mundo divino: o ORUN

ÒRUN — pronúncia ÔRUN — o outro plano do universo, o mundo dos deuses. Além, habitação dos Orixás, mundo paralelo ao mundo real, que coexiste com todos os conteúdos deste. 

RÚBO — pronúncia correta RUBÓ — preceitos do Candomblé. 

ÀSE — pronúncia correta AXÉ — é a força vital e sagrada que está presente em todas as coisas que a natureza produz; grande frente de poder que é mantida, ampliada e renovada por meio dos ritos que se processam nos Candomblés. 

Axé significa “que assim seja”, ou “que Deus permita que isto aconteça”. É uma palavra sagrada tão importante quanto Amém, Assim Seja, Aleluia e tantas outras.

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - A ESTRUTURA - PARTE I



Candomblé é uma estrutura de culto às forças da natureza, à um hino à vida como Eterno Movimento, que se manifesta nas danças, nas cores dos Orixás, nos elementos sacramentais. 

Ritual comunitário de cantos, danças e alimentos sagrados na sua forma pública, o Candomblé é sacramentado pelo Pai ou Mãe de Santo, pelos filhos de Santo, pelos tocadores de atabaque (Ogan), que entoam os cantos sagra dos possibilitando a vinda do , com a participação da comunidade dos mais velhos às criancinhas. 

Todos cantam e saúdam os Orixás, executam a dança sagrada, num hino à Alegria, Amor e Partilha. 

O Candomblé expressa-se nos terreiros ou roças, onde se cultuam os Orixás e os ancestrais ilustres. O terreiro contém dois espaços, com características e funções diferentes: um espaço urbano, construído, onde se dá a dança; um espaço virgem (árvores e uma fonte, equivalentes à floresta africana), que é considerado sagrado. O chefe supremo do terreiro é o Babalorixá ou Iyalorixá (pai ou mãe).

Eles são detentores de um poder sobrenatural — o Axé, a força propulsora de todo Universo. 

O Axé impulsiona a prática sagrada que, por sua vez, realimenta o Axé, pondo todo sistema em movimento. O Axé sendo principio e força é neutro. Transmite-se, aplica-se e combina-se aos elementos naturais, que contém e expressam o Axé do terreiro, que pode ser: (a) o Axé de cada, realimentado através das oferendas e do ritual; (b) o Axé de cada membro do terreiro, somado ao do seu , recebido na iniciação, mais o Axé do seu destino individual (Odu) e o herdado dos próprios ancestrais; (c) o Axé dos antepassados ilustres. O Axé como força pode diminuir ou aumentar dependendo da prática litúrgica e rigorosa observância dos deveres e obrigações. 

 A força do Axé é contida e transmitida através de elementos representativos do reino vegetal, animal e mineral (oferendas) e podem ser agrupados em três categorias: (a) sangue vermelho do reino animal (sangue), vegetal (azeite de dendê) e mineral (cobre); (b) sangue branco do reino animal (sêmem, a saliva), vegetal (seiva), mineral (giz); (c) sangue preto do reino animal (cinzas de animais), vegetal (sumo escuro de certos vegetais) e mineral (carvão, ferro). 

Estes três tipos de sangue, por onde veicula o Axé, com sua coloração, vai determinar a fundamental importância da cor no culto. Resumindo: o Axé é, portanto, um poder que se recebe, partilha-se e distribuí-se através da prática ritual, da experiência mística e iniciática, conceitos e elementos simbólicos servindo de veículo. É a força do Axé que permite que o venha e realize-se. 

A existência transcorre em dois planos: o Aiyé (mundo, habitação do homem) e o Orun(além, habitação dos Orixás, mundo paralelo ao mundo real, que coexiste com todos os conteúdos deste). Cada indivíduo, árvore, animal, cidade, etc, possui um duplo espiritual e abstrato no Orun. Os mitos revelam que em épocas remotas, o Aiyé e o Orun estavam ligados, e os homens podiam ir e vir livremente de um local a outro. 

Houve, porém, a violação de uma interdição e a conseqüente separação e o desdobramento da existência. Um mito da criação nos conta que nos primórdios, nada existia além do ar. Quando Olorun começou a respirar, uma parte do ar transformou-se em massa de água, originando Orixalá — o grande Orixá Funfun.

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - TERMOS TÉCNICOS

Motumbá meus (minhas) irmãos (ãs), Bom dia!!!

Dando continuidade aos nossos estudos sobre a COLETÂNEA O CANDOMBLÉ, em nosso BLOG OLHOS DE OXALÁ, hoje resolvemos passar para vocês alguns dos termos mais utilizados em nossa linguagem para que cada um de nós possa de fato se adentrar neste conhecimento a fim de aprimorar ainda mais nosso aprendizado. 


CANDOMBLÉ — é uma estrutura de culto às forças da natureza, à um hino, à vida como Eterno Movimento, que se manifesta nas danças, nas cores dos ORIXÁS, nos elementos sacramentais. 

Ritual comunitário de cantos, danças e alimentos sagrados na sua forma pública, o Candomblé é sacramentado pelo Pai ou Mãe de Santo, pelos Filhos de Santo, pelos tocadores de atabaque (OGAN), que entoam os cantos sagra dos possibilitando a vinda do, com a participação da comunidade dos mais velhos às criancinhas. 

Todos cantam e saúdam os ORIXÁS, executam a dança sagrada, num hino à Alegria, Amor e Partilha. 

A palavra Candomblé possui dois significados entre os pesquisadores: Candomblé seria uma modificação fonética de "Candonbé", um tipo de atabaque usado pelos negros de Angola; ou ainda, viria de "Candonbidé", que quer dizer "ato de louvar, pedir por alguém ou por alguma coisa".

ORIXÁ — do original ÒRÌSÀ — deuses Iorubás na África e no Novo Mundo — seriam ancestrais míticos encantados e metamorfoseados nas forças da natureza. Os deuses ou divindades do Candomblé. A palavra Orixá vem do sânscrito e é composta de OR ou ORI que significa “luz” e em Iorubá “cabeça”; XA que significa “senhor, chefe, dono”. São pois, as forças criativas da natureza. No Candomblé significa, dono da cabeça. A palavra “Orixá” significa, em iorubá “Ministro de Olorum”

OGAN — do original ÒGÁ — pronúncia correta OGÃ deveria ser OGÁ, grifo nosso) — homem que não entra em transe, iniciado para tocar os atabaques, fazer sacrifícios ou cuidar dos assentamentos rituais dos Orixás; grande autoridade dentro do terreiro. 

O Ogan é uma pessoa escolhida diretamente pelo Òrìsà para exercer a função. Após ser iniciado é denominado Ogan “confirmado”, passando a ter direito à sua cadeira. A palavra vem do yorubá Ògá, significando mestre e senhor. 

BABALORIXÁ — do original BABALORISÁ — sacerdote do Candomblé; pai (no culto de) Orixá; dirigente masculino. Para uns, Babalaô e Babalorixá são diferentes. Para uns, Babalaô é o Senhor predestinado à adivinhação e o Babalorixá é predestinado ao meridilogun, ou seja, Senhor do Segredo dos Orixás; logo, são diferentes (grifo, nosso). 

IYALORIXÁ — ou IALORIXÁ — do original ÌYÁLÓRÌSÀ — sacerdotisa do Candomblé; mãe (no culto de) Orixá. Dirigente Feminina.

AXÉ — do original ÀSE — é a força vital e sagrada que está presente em todas as coisas que a natureza produz; grande frente de poder que é mantida, ampliada e renovada por meio dos ritos que se processam nos Candomblés. Axé significa “que assim seja”, ou “que Deus permita que isto aconteça”. É uma palavra sagrada tão importante quanto Amém, Assim Seja, Aleluia e tantas outras. 

ODU — pronúncia ODÚ — caminho, destino. 

ÀIYÉ — pronúncia correta AIÊ — de acordo com o Candomblé, o universo está dividido em duas dimensões: o aiyé corresponde ao mundo físico, ou seja o mundo dos homens. 

ORUN — do original ÒRUN — pronúncia ÔRUN — o outro plano do universo, o mundo dos deuses. Além, habitação dos Orixás, mundo paralelo ao mundo real, que coexiste com todos os conteúdos deste. 

OLORUN — pronúncia ÓLÓRUN — o Deus Supremo. O mesmo que Olódùmarè. — segundo dizem é um título conferido a Olodumaré e que quer dizer “O Rei do Céu — Sua habitação é o Céu, como majestade única e incomparável”

ORIXALÁ — do original ÒRÌSÀLÁ — o grande Orixá Funfun, Orixá do branco. O mesmo que Oxalá. Segundo dizem é uma qualidade de Oxalá do meio-dia.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - O BOM CARÁTER - PARTE II



Ifá é uma disciplina espiritual enraizada na idéia de que o desenvolvimento de Iwá Pèlé ou Bom Caráter é a chave para entender o destino. 


Há um provérbio iorubá que diz: Ayanmó ni Iwá Pèlé, Iwá Pèlé ni ayanmó. Este provérbio traduzido aproximadamente significa: Destino é bom caráter, bom caráter é destino. 

É a partir da referência mítica que se diz: "... quando o destino é incerto, é o bom caráter que eu escolherei." 

A ingerência metafísica aqui é clara, se você está incerto sobre o seu destino simplesmente faça a coisa certa naquele momento. Nascemos ómó rere, que significa: boas pessoas e bem-aventuradas. O que sugere que fazendo a coisa certa no momento certo não poderemos estar em oposição ao nosso destino. 

A língua litúrgica Iorubá é freqüentemente criada através do uso de elisões. Uma elisão é uma sentença encurtada em língua iorubá para formar uma palavra. 

Por exemplo, a palavra Ifáyabale é uma referência em Ifá ao ritual de resolução de disputas. A palavra é Ifáyabale, elisão Ìyá bàbá ilé. Significando: A sabedoria das mães e pais da terra. 

Isto é tanto uma referência ao processo ritual como uma indicação clara da metodologia da resolução dos problemas. 

É com a orientação dos mais velhos que nós resolvemos nossos conflitos. Vamos usar a metodologia de análise da linguagem para termos outro olhar para a frase: Ayanmó ni Iwá Pèlé, Iwá Pèlé ni ayanmó. Da elisão: Ayanmó ni Iwá ope ile Iwá ope ni ayanmó. 

Temos a tradução do destino inicial sugerindo que o bom caráter é o nosso destino e nós temos uma camada mais profunda que significa olharmos para as palavras originais que formam as elisões da sentença. 

A tradução torna-se então a árvore ancestral. É o caminho para saudar a terra, saudamos a terra através da árvore ancestral. 

Quando olhamos para a fonte das elisões começamos a entender o contexto desta cultura que leva à criação de palavras e frases usadas para expressar idéias espirituais. 

A árvore Ayan é usada na cultura iorubá tradicional como um altar ancestral. A idéia de uma árvore sendo usada como um altar ancestral é baseado no símbolo da árvore da vida, o que significa que vem das raízes, nos torna o motor que da a luz e as mudas. 

Uma árvore é uma manifestação viva dos ciclos de: vida (Ogbè méjì), morte (Òyèkú méjì), transformação (Ìwòrì méjì) e renascimento (Òdí méjì). 

Ayan está servindo como um lar para centenas de grandes e antigas espécies de animais que vivem em harmonia em um espaço muito pequeno. 

Esta harmonia cria o ventre do igbodu (cabaça da existência) que é o significado da floresta. Um igbodu é um portal inter-dimensional que liga o Òrum ao Ayè ou o Céu a Terra. Esses portais criam flashes de luz ao redor da árvore que se parece com lâmpadas se acendendo. Estes flashes de luz são chamados de Espírito do Pássaro Éyèle, significado que o pássaro Éyèle é usado pelas mães mais velhas para se comunicar diretamente com os Imortais no Òrun. A árvore Ayan também é usada para fazer tambores bata que são usados ​​para se comunicar com Egun e alguns Ebora. 

Egun é o espírito coletivo da linhagem ancestral de uma pessoa. Eborá são ancestrais divinizados que funcionam como avatares das Forças da Natureza chamado geralmente de òrìsá. A árvore Ayan é o lugar onde o iorubá tradicional se comunica com seus ancestrais e da árvore Ayan é feito o tambor que é usado para invocar os estados alterados de consciência que melhoraram esta comunicação. 

Então, o que o provérbio, Ayanmó ni Iwá Pèlé, Iwá Pèlé ni ayanmó, está nos dizendo? 

Ele está dizendo que devemos usar a sabedoria dos antepassados ​​para saudar a Terra. Aos nossos olhos pode nos parecer uma expressão estranha, especialmente no que se refere à idéia de Bom Caráter (Iwá Pèlé). 

Na cultura iorubá tradicional você deve cumprimentar uma pessoa idosa. É o trabalho dos mais velhos que nos guiará no caminho do desenvolvimento espiritual. Dizemos que os anciãos guiam-nos para saudar a Terra e chamar a Terra de ancião e dar a entender que devemos viver em harmonia com a Terra, pois esta é a chave para o crescimento espiritual. Ifá está enraizado na idéia de atunwá (reencarnação). 

A crença da cultura iorubá tradicional é a de que estamos renascendo dentro de nossa linhagem biológica e que o nosso nascimento traz consigo a responsabilidade moral de corrigir o que está quebrado na história de nossa família. Para que essa evolução espiritual ocorra os seres humanos precisam de um lugar para viver a experiência com atunwá e o lugar que escolhemos é chamado Onilé ou Terra. 

Se Onilé morre a experiência com atunwá morre com ele. Isso significa que nossa primeira obrigação espiritual e disciplinar é desenvolver o Bom Caráter e cuidar da Terra. Em termos simples, nós temos a obrigação moral de deixar a Terra como um lugar melhor de se viver. A Terra é a plataforma através da qual nós escolhemos para abraçar o processo de crescimento espiritual. Na minha humilde opinião os humanos não estão fazendo um trabalho tão bom em deixar a Terra em melhor forma do que a encontramos. 

Ifá pode consertar um mundo quebrado. Esta frase faz parte das escrituras sagradas. Eu acredito que seja verdade. 

Oração coletiva é entendida na cultura iorubá tradicional como a capacidade de abrir portais na Terra. Esses portais são chamados ventre do igbodu, que significa ‘a floresta’. Para uma cultura que define o Bom Caráter por meio da elisão Iwá Pèlé, a idéia de portais abertos por meio do uso da oração não é difícil de entender. 

Recentemente eu terminei uma questão sobre a visão de uma cidade americana. Esta área foi utilizada por antigas culturas indígenas nos Estados Unidos como um centro de ritual e centro de treinamento para o sacerdócio. O canyon contém kivas numerosas. 

A kiva é um círculo de pedras enterradas no solo e utilizadas para realizar o ritual. Os kivas em Chaco Canyon são o seu igbodu. Eles são portais para os reinos invisíveis da Criação que Ifá chama de Òrum. Fui abençoado em Chaco Canyon ao receber instruções sobre a Terra. No mesmo momento em que eu recebi uma mensagem no Canyon uma tempestade de vento soprou e se abriram as portas da minha casa que ficava a 600 milhas de distância. Cada vez que eu piso em uma kiva sou imediatamente saudado com uma visão nova e diferente. 

Era uma espécie de mudar os canais na TV. Consciência? Talvez. Eu prefiro acreditar que quando chegamos para saudar a Terra, a Terra irá responder, dando-nos orientação. 

Isso é o que fazem os anciãos, pois a Terra é a Mãe de todos. Vivemos em um universo holográfico. Isso significa que sempre haverá manifestação da Criação, isto está contido dentro de cada átomo da Criação. As informações que precisamos para corrigir o que está quebrado estão ao nosso redor e em toda parte. A pergunta é: 

Como podemos acessar essa informação? Temos acesso à informação para a saudação da Terra, significando, sabermos humildemente usar a sabedoria dos antepassados ​​para nos ensinar como nos comunicar com Ayan, a árvore da sabedoria ancestral. 

Esta idéia foi muito bem expressa no filme Avatar quando a árvore, no centro da comunidade indígena, reunia os recursos do planeta para defender-se contra uma invasão militar. Sim, eu sei que era um filme, porém está enraizado na verdade. 

Ire o. 

Por: Áwo Fatunmbi 

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - O BOM CARÁTER - PARTE I



Ègbé, 

Costumo sempre que possível perguntar aos abians e os mais novos o que eles sabem a respeito de nossa religião. O que realmente vieram colher, o que realmente irão cultuar e o que eles objetivam. 

Para minha surpresa, ninguém conhece o cerne da questão. 

Por que cultuamos òrìsá? 

Qual a finalidade de tudo isto? 

Onde fica o fim da estrada? 

Pecado, absolvição, punição, Èsú, o que será que tudo isto quer dizer? 

O que devemos fazer dentro de um Ilè àse? 

Lavar, passar, cozinhar, arrumar, guardar, olhar, falar, fofocar, concertar, desentupir, capinar, varrer, ajudar, comer, aprender, osé, acender vela, rezar, òfò e etc... 

Quem poderia levantar o braço e dizer que a canção mais importante, é a que você está compondo? 

Sua canção tem que ser linda e ela não pode ser dividida e nem ter parceria, letra e musica devem ter inspiração própria, você tem compromissos seríssimos com sua evolução 

O sentido de caridade e ajuda ao semelhante é magnífico, porém, devemos olhar nossa estrada, devemos objetivar evoluir, devemos ascender, devemos buscar a superação. 

Dentro deste conceito, se analisarmos friamente, o grupo será beneficiado, se há evolução pessoal dentro do grupo, então existe um objetivo a ser alcançado pelos demais. Devemos servir de inspiração e não ajudantes de entrega ou meros ajudantes de estiva, ajudar o outro a carregar um peso que ele se desobriga a carregar, visto que chegou um auxilio luxuoso. Neste caso, você. 

O conceito de evolução espiritual está na base de nosso culto, é a atividade fim de nosso sacrificio, o objetivo maior do ser humano. E esta base chama-se caráter. Caráter é muito importante dentro desta cadeia espiritual, uma pessoa desprovida de caráter sempre terá obstáculos a ser ultrapassados, sua vida sempre terá um plus nos problemas, sempre ouviremos aquelas famosas frases: 

Mas como? 

Eu dei comida, dei até bicho de quatro pés calçado e nada aconteceu. E começa a transferência de responsabilidades, a mão do Ogan é ruim, o sacerdote não tem àse, me disseram que não foi feito direito, pelo que eu sei ficou faltando algo, enfim... 

Uma gama de subterfúgios para poder mascarar o erro individual, o desvio de caráter. Não podemos em hipótese alguma fugir de nossas responsabilidades, não estamos aqui para simplesmente vestir, bailar e ralar dentro de uma casa de àse. 

Nossas atitudes dentro e fora contaram muito, não se embriagar, a não promiscuidade, os maus costumes, os desvios de conduta, a falta de cuidado com o que não lhe pertence e muito mais exemplos que não são necessários exemplificar aqui, pois o conceito de certo e errado nasce com você, ele nós é ofertado na hora do sopro divino de Òlódúmarè (Emi), sabemos muito bem onde está o fiel da balança e para que lado ela pende conforme nossas atitudes no dia-a-dia. 

Dito isto, espero que fique menos confuso a forma de se relacionar com os objetivos de nossa religião. Orí é o ponto a ser alcançado e o caráter é a base para se conseguir atingir a meta. 

Lembrem: Se o ebo não fez efeito é por que faltou “folha” e esta folha muitas vezes pode ser o nosso caráter. 

Ire gbogbo. 

COLETÂNEA O CANDOMBLÉ - COBRANÇA DE VALORES


Motumbá, meus (minhas) irmãos(ãs) de nosso BLOG OLHOS DE OXALÁ. Bom Dia!!! 

Como é de costume, aqui estamos nós para adentrarmos um pouco mais em nossa fé, seja por conceitos, por interpretações, seja como for. E uma das coisas que sempre nos afrontam dentro de nossa religiosidade é a questão famosa de VALORES (financeiros). 

Para explanar melhor este assunto, achamos conveniente este texto enviado por um de nossos colaboradores do BLOG O CANDOMBLÉ. Um texto muito bom que através de uma Mitologia pode se falar muito para nossa melhor compreensão. 

Ogbe Meji / Eji Ogbe / Eji Onilé. 


A questão da cobrança de valores sempre foi um caso sério. Onde vemos tudo de ruim em torno disso. Existe também uma pressão devido à prática de outras religiões que abominam a cobrança, assim não cobrarem é ético e cobrar não é ético. 

São religiões diferentes e o que não é ético é se comportar apenas motivado por dinheiro, lembrando que um Babalawo nunca será rico, é assim que os encontramos nas histórias, é assim que o babalawo diz. Não que eu esteja dizendo que Òlodumare recrimina os que assim não se comportam ou que nosso òrìsá nos virará as costas, não, estou dizendo isso apenas pelo aspecto ético. Mas o pior de tudo é ouvir que a pessoa só cobra porque “o anjo da guarda dela exige”

No odù Ofun’ogbe Òrunmila usa seus próprios materiais e dinheiro para fazer o sacrifício para Òrìsán’la (Osalá) e depois é compensado em 200x vezes o que gastou. Mas no odu Ogbe meji existe uma história muito direta sobre o assunto que é usado como explicação porque um babalawo cobra por seus serviços. 

Ogbe meji veio para a terra para trazer o bem e fazer o bem a todo mundo. Ele incansavelmente dia e noite ajudava a todas as pessoas que encontrava e que o procurava e nada exigia delas para isso. A benevolência do jovem Eji Ogbe o fez muito popular e sua casa tinha um fluxo imenso de pessoas que o procuravam pedindo sua ajuda, dia e noite. 

Ele curou os doentes, fez sacrifícios para os pobres, ajudou mulheres estéreis a terem filhos e garantiu o nascimento seguro de crianças de todas as mulheres grávidas que o procuravam. 

Com essas atividades ele ganhou muita admiração dos beneficiados, mas também ganhou inimizades dos sacerdotes mais antigos que ele que não se uniam a ele em seu altruísmo e benevolência. 

Um dia cansado ele dormiu e seu Ori veio em seu sono o advertindo que esses sacerdotes estavam conspirando contra ele. Ele acordou de manhã e logo foi para o oráculo. Ele procurou os sacerdotes Osigi sigi le epo, Usee mi ookagba igba e abu kele kon lo obe ide que juntos consultarem Ifá para ele, então eles o aconselharam a outros sacerdotes que se sentiram atingidos e prejudicados em seu modo de vida porque Ogbe meji fazia milagres sem cobrar nada foram para o Òrun um depois do outro para relatar a Ólodumarè acusando Eji Ogbe de prejudicá-los ao introduzir um novo código de comportamento o qual era totalmente estranho à ética no ayè. 

Ogbe meji por sua parte não tinha vida própria porque gastava todo o seu tempo a serviço de outros. Quando as crianças tinham convulsão ele era chamado, quando grávidas precisavam de ajuda ele era chamado, etc.. 

Òlodumare ouvindo esses relatos enviou Esù a terra para trazer Eji Ogbe de volta. Esù usou de discrição como uma estratégia para trazer Eji Ogbe de volta ao Òrun. Ele se transformou em uma pessoa sem emprego, procurando por um trabalho e foi bem cedo à casa de Eji Ogbe. Chegando lá ele implorou a ele para lhe dar um trabalho que o permitisse a viver. Eji Ogbe disse que não tinha como dar um trabalho a ele porque ele trabalhava de graça para as pessoas do mundo. 

Como ele ia comer o seu desjejum ele chamou o visitante para comer com ele, mas esse disse que não se qualificava para comer no mesmo prato de Ogbe meji assim iria comer após Ogbe meji ter comido. Contudo enquanto essa discussão se dava uma nova pessoa aparecia pedindo ajuda, ela disse que o seu único filho estava em convulsão e ela queria que Eji Ogbe viesse reviver o garoto. 

E assim se foi o dia todo resolvendo duvidas, brigas e disputas. O sol já se punha quando ele se sentou para comer seu desjejum matinal. Ele insistiu para o visitante comer com ele, mas esse disse que somente depois iria comer. Quando ele começou a comer Esù se transformou em Esù e Eji Ogbe viu que o seu visitante era um enviado de Òlodumare. 

Ele parou de comer e perguntou que mensagem teria para ele, e Esù disse que Òlodumare queria vê-lo no Òrun. Esù o abraçou e eles foram transportados para o Òrun. Tão logo chegando lá ele ouviu a voz de Òlodumare perguntado a ele, Eji Ogbe, por que estava criando tanta confusão no mundo! 

Eji Ogbe se pôs de joelhos para dar a sua explicação, mas, Esù, se pôs a frente e se ofereceu para explicar. Esù explicou que Òlodumare em pessoa não poderia estar fazendo tanto quanto Eji Ogbe no ayè. Ele disse que desde cedo e sem tempo até para comer, Eji Ogbe estava a serviço da humanidade sem receber nenhuma recompensa por isso. 

Esù disse que Eji Ogbe fazia no ayè a mesma coisa que fazia no Òrun e que por isso ela estava apenas aborrecendo os sacerdotes que eram amantes de dinheiro. 

Òlodumare disse que Eji Ogbe se levantasse dos seus joelhos e que voltasse para o ayè e continuasse o seu bom trabalho, mas, que cobrasse um valor razoável por seus serviços, mas continuasse a ajudar a quem necessita e que receberia por isso as bençãos dele Òlodumare. 

A interpretação de uma história depende sempre do interlocutor, não existe uma interpretação única ou mesmo sentido literal. Essa história justifica o fato de os babalawo cobrarem por seus serviços. Também mostra que fazer o bem é o que se espera de uma boa pessoa e não trocar benfeitorias por dinheiro é o que de melhor se poder esperar de uma pessoa; mostra também que as pessoas se incomodam com o bem que você faz e não com o mal as traz. 

Enfim, muitas interpretações podem ser feitas por cada pessoa. 

Texto compilado da Net sem autoria e sem fonte.